Pires, Pedro2022-09-272022-09-2720211645-8052http://hdl.handle.net/10400.1/18308Vem de longe o tempo em que sal era sinónimo de conservação, seja do peixe dos mares e rios navegados pelos homens, ou das carnes dos animais criados ao longo do ano para consumo familiar. Este bem precioso era, em épocas recuadas, essencial para a economia familiar e local. Na raia algarvia, entre as marinhas de Castro Marim e os ricos mares de Monte Gordo, a relação intemporal e umbilical que se estabeleceu entre estes dois recursos marinhos marcou indelevelmente a economia local. Datar a produção de sal e a pesca na foz do rio Guadiana revela-se tarefa difícil, face à míngua de vestígios arqueológicos e à necessidade de melhor análise das fontes escritas que nos ajudem a compreender os primórdios destas atividades na região. No entanto, é plausível considerar que o sal, pela sua importância como meio de conservação de matérias orgânicas, sobretudo do peixe e da carne, é um produto económico valorizado desde a Antiguidade1. A produção de sal nesta região poderá remontar ao período entre o final da Idade do Bronze (século IX a.C.) e o início da Idade do Ferro (século VIII a.C.), com o estabelecimento fenício no cerro do Castelo de Castro Marim, então Baesuris. Todavia, a deteção de antigas salinas neste período é extremamente difícil, dada a sua mutabilidade natural ou por ação humana. Em sítios de ocupação coeva no Vale do Tejo e na foz do Sado, como Abul (Alcácer do Sal), há testemunhos da exploração de recursos naturais em áreas onde é possível afirmar que teria conhecido salinas desde o período fenício2, pelo que, seguindo o mesmo raciocínio, seria natural encontrar um contexto idêntico na foz do rio Guadiana3. Do período romano, não se conhecem no Algarve, ou até no resto do país, vestígios de salinas.porO sal e as pescas na economia da raia algarviajournal article