Marques, João Filipe2014-06-112014-06-112007-051257-0273AUT: JFM01235http://hdl.handle.net/10400.1/4274"Existe na sociedade portuguesa « o preconceito de não ter preconceitos ». De onde vem, então, este mito tão resistente do « não racismo » dos portugueses ? Poderá ele desempenhar o papel de « hipocrisia criadora » imunizando os portugueses relativamente às formas mais virulentas de racismo relativamente às populações originadas pela imigração africana ? Foi na sequência dos ataques internacionais à situação colonial que, nos anos sessenta do Séculoxx, a doutrina lusotropicalista de Gilberto Freyre vai ser apropriada pelo regime de Salazar. Tornou-se necessário convencer o mundo e os portugueses da ausência de racismo na « essência » do ser português. O « não-racismo » tornou-se num mito fundador da expansão portuguesa no mundo. Mas procurando justificar uma situação inequivocamente racista - a dominação colonial - transformouse, de certa forma, numa « hipocrisia criadora » : acabou por contribuir para condicionar a realidade social e cultural contemporânea. Através de uma espécie de « efeito perverso », tendo querido justificar e prolongar a situação colonial, o Estado Novo inoculou nos portugueses uma espécie de vacina que tem impedido, até agora, as manifestações de « racismo diferencialista » e a passagem do racismo para o terreno do político."fraColonialismoRacismoAntiracismoLusotropicalismoGilberto FreyreEstado novoLes racistes c’est les autres. Les origines du mythe du «non-racisme» des Portugaisjournal article