Belo, Duarte2022-10-102022-10-1020151645-8052http://hdl.handle.net/10400.1/18350Éramos quatro e estávamos na Primavera de 1991 quando chegámos a Almodôvar, sede de concelho limite-sul do distrito de Beja. O objetivo era caminharmos na direção da serra do Caldeirão. No primeiro dia o tempo manteve-se carregado. Choveu ocasionalmente. Mais tarde as condições meteorológicas haveriam de melhorar, não deixando o céu, no entanto, de permanecer pontuado por nuvens. O objetivo da caminhada era o atravessamento, e registo fotográfico, daquela montanha pouco elevada do Sul de Portugal. Foi assim que pela primeira vez pisei o solo algarvio. No passado, mesmo nas férias de verão, o destino da família eram as praias do Norte, da Consolação, perto de Peniche, ou Vila do Conde. Naquela viagem de 1991 não chegaria à orla marítima. A caminhada tinha terminado em Loulé, cidade a partir da qual regressaria a Lisboa, e, depois, ao Porto, onde então estudava. Levava agora comigo um conjunto de imagens, ainda latentes, em película a preto e branco, de uma realidade espacial substancialmente diferente daquelas de outras serranias do Norte de Portugal, que já havia percorrido. A serra do Caldeirão parecia apresentar uma paisagem relativamente monótona, enrugada em cabeços erodidos de solos de xisto pobres, vales, por vezes, relativamente cavados, sempre com pouca água. O coberto vegetal era escasso, fundamentalmente arbustivo e o povoamento humano muito rarefeito. Esta é uma das paisagens menos povoadas de todo o território português.porAlgarve como viagemjournal article