Carmo, Carina Infante do2015-04-132015-04-1320111646-5989Aut: CCA01243;http://hdl.handle.net/10400.1/5899A concisão e intensidade da linguagem reforçam um traço incomum de Manuel da Fonseca: a escrita da violência. Não está só em causa a violência social que submete os camponeses à miséria e ao desespero cego ou os pequenos burgueses (mais ainda, as mulheres) à vida medíocre e sufocada. Refiro essencialmente a capacidade notável de dar corpo verbal à violência física mais sangrenta e carnal. Fonseca tem, nesse aspecto, pouco paralelo na literatura portuguesa. Vários são os exemplos. A exasperação do Doninha de cabeça exangue contra as grades da prisão (Cerromaior); o corpo agonizante do Palma que tomba cravejado de balas no assalto policial ao terreiro (Seara de Vento); a violência alucinada do último senhor de Albarrã que, no remate do conto, cai «de borco» sobre cacos de garrafa, «até ficar a esvair-se em sangue, uivando de dor como um animal bravio» (O Fogo e as Cinzas).porManuel da FonsecaViolênciaManuel da Fonseca e a escrita da violênciajournal article