Browsing by Author "Kosenko, Oleksii"
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- The Odyssey of Homer in the portuguese children´ s literature: the perception of the image of womanPublication . Kosenko, Oleksii; Ferré, Pedro; Nogueira, AdrianaDe acordo com o tema, esta investigação está focada na perceção da imagem da mulher em duas adaptações da Odisseia de Homero para crianças em Portugal, estabelecendo o contraste com a imagem da mulher em Homero. As formas como as mulheres são percebidas nas adaptações do Frederico Lourenço e de Maria Alberta Menéres são analisadas e colocadas lado a lado, bem como comparadas ao original homérico. A obra A Odisseia de Homero adaptada para jovens (2005), de Frederico Lourenço, foi escolhida para a investigação, por ser a adaptação mais recente da Odisseia do Homero; Ulisses (1970), de Maria Alberta Menéres, foi selecionada por ser a adaptação mais popular da Odisseia para crianças, em Portugal, e porquefoi escrita por uma mulher, o que também sugeria ser um dado relevante para esta investigação. O texto da Odisseia (Ὀδύσσεια) de Homero foi consultado a partir de materiais on-line the Chicago Homer (http://homer.library.northwestern.edu/html/application.html). A tradução do texto homérico do grego antigo para o inglês foi feita por mim. O interesse da percepção da mulher na literatura começou na década de 1970; no entanto, fontes públicas só chegaram a mesma na década de 2000. Além disso, a primeira tradução da Odisseia de Homero feita por uma mulher – Emily Wilson, foi publicada recentemente, apenas em 2017. Isso pode sugerir que este tem sido um processo social lento, que ainda se está a desenvolver. Provavelmente, sob o mesmo progresso social, está a questão de desafiar a Literatura Infantil e os críticos que apareceram na década de 1970, bem como os estudos académicos. A Literatura Infantil (ou Literatura para Crianças) apresenta um complexo de aspetos influentes inter-relacionados como período histórico, país e cultura. Existem dois grupos de estudiosos: definidores e antidefinidores, que caracterizam a possibilidade ou a impossibilidade de determinar o seu termo. A Literatura Infantil não pode ser categorizada como apenas produzida para crianças; ela sempre foi escrita para crianças e adultos, mas o destinatário é uma criança. A Literatura Infantil não tem um poder real atribuído na educação intelectual, moral ou emocional das crianças, mas o didatismo parece ser considerado como um dos aspetos; significados culturais, cognitivos e linguísticos também são geralmente reconhecidos como características suas. Na história da Odisseia de Homero, nas suas adaptações para crianças, na literatura portuguesa, destacam-se ter dois aspetos principais da investigação: uma parte autêntica – base homérica, e parte alterada – traduzida, modernizada e repensada. As interacções entre o texto de origem e o texto de destino dependem de particularidades da cultura de destino e da individualidade do autor-tradutor / adaptador. Traduções e adaptações mantêm a história homérica numa cultura-alvo: embora as versões infantis portuguesas modificadas da Odisseia contribuam para a compreensão da base homérica, ela realmente fornece o aprimoramento da literatura onde é produzida, consequentemente, é sua parte integrante. O Homero é ajustado para direcionar o texto "paráfrase" e "imitação", que podem incluir potencialmente uma adaptação a um significado comum. Os problemas de género da Literatura Infantil atual parecem distintos. A questão da percepção das personagens femininas tornou-se mais importante por causa das alterações dentro da sociedade. A cultura-alvo parece ser a principal consideração do conceito de mulher na história das crianças. A linguagem é uma área importante de estudo para perceber o significado cultural da imagem da mulher no livro infantil. A Literatura Infantil revela-se como uma parte importante da literatura;apesar de ser escrita para crianças, é escrita por adultos e, portanto, apresenta uma combinação essencial em que dois mundos – o mundo dos adultos e o mundo das crianças – se chocam. A questão da percepção da mulher parece ser substancial e real para o público adulto e, por isso, é igualmente importante para o público infantil. É uma responsabilidade essencial da atual Literatura Infantil ajustar, de acordo com os padrões sociais contemporâneos, a imagem da mulher, porque ela influencia profundamente a construção da personalidade no contexto das pessoas nos seus primeiros anos. A razão pela qual a Odisseia foi escolhida para esta pesquisa foi por este poema épico ter um enorme significado formativo e informativo. A Odisseia apresenta uma descrição da realidade homérica em toda a extensão de sua narração. Homero prestou a principal atenção à vida das pessoas de todas as areas possíveis de sua existência, apresentando os principais eventos da vida dos seres humanos, além dos pequenos detalhes das suas atividades peculiares. A Odisseia contém um material impressionante sobre a vida cotidiana da antiguidade e, ao mesmo tempo, ocorrências sérias que tiveram grande significado influente na história do mundo clássico, além de um forte cariz psicológico. Seguindo esta lógica, a Odisseia representa um exemplo adequado para a investigação da imagem da mulher e, portanto, é possível relacionar esta imagem às suas adaptações para as crianças. Cada autor revela sua própria imagem de uma mulher. Ulisses está escrito para um grupo mais jovem das crianças, em comparação com A Odisseia adaptada para jovens. Provavelmente, por isso cenas de carácter sexual, assassinatos brutais, também agressão a mulheres e elementos de nudez não estão presentes naquele livro. É importante sublinhar que Ulisses é explicitamente apresentado como uma adaptação, em que a autora toma a iniciativa de alterar a sequência dos eventos da estrutura do seu modelo, eliminando partes e personagens e adicionando as suas próprias noções. A Odisseia adaptada para jovens parece ser um exemplo valioso da Literatura Infantil em Portugal, por ter sido feita por Frederico Lourenço, com base no texto homérico, de maneira a atender aos critérios da Literatura Infantil, como adaptação, e, ao mesmo tempo, mantendo a essência homerica. As adaptações comparadas são diferentes, não apenas porque são obras de autores diferentes, mas porque os seus objetivos são diferentes. Neste sentido, a imagem da mulher também é diferente nestes dois livros. Estas diferenças são vitais para a educação e o desenvolvimento social das crianças. Maria Alberta Menéres e Frederico Lourenço atraem a atenção do leitor para aspetos particulares da vida da mulher e, ao mesmo tempo, revelam um exemplo dos problemas das mulheres na época homérica, provavelmente baseando muitos deles na conexão com a vida atual. Isto também mostra onde está nossa sociedade agora, o que já foi resolvido e o que ainda é persistente na realidade de hoje.
- The perception of woman on the example of the Odyssey of Homer and its english translation by James Huddleston and portuguese translation by Frederico LourençoPublication . Kosenko, Oleksii; Nogueira, AdrianaEsta investigação parte de uma comparação entre as características da Odisseia (Ὀδύσσεια), de Homero (Ὅμηρος, cerca 850 a.C.), e das suas traduções inglesa (Odyssey, 2006), por James Huddleston (consultável aqui – http://digital.library.northwestern.edu/homer/), e a mais recente tradução portuguesa (Odisseia, 2003), de Frederico Lourenço. A ideia principal é comparar a perceção do mundo das mulheres em Homero, quer através da Odisseia, na sua versão original, em grego, quer através destas duas versões referidas. A Odisseia é uma grande fonte sobre os tipos de vida de mulheres de vários estratos sociais, de diferentes partes da Grécia, e até mesmo de mundos muito diferentes, como sejam o mundo dos deuses e o mundo dos mortais. Apresenta-nos, ainda, a descrição da realidade homérica ao longo da narrativa, pois Homero presta especial atenção à vida das pessoas em todas as esferas da sua existência, destacando quer acontecimentos da vida dos povos quer as suas atividades particulares (e peculiares). Contém ainda bastante material sobre a vida quotidiana e, ao mesmo tempo, informações importantes para a história do mundo clássico. O mundo homérico recria a vida da Grécia antiga, sendo, por isso, uma importante fonte de informação sobre os antigos gregos. Como referido, a área de investigação do presente trabalho é a perceção da vida das mulheres na época homérica, pelos olhos dos tradutores. É um tema algo ambíguo, pois há muitos factos controversos sobre o mundo das mulheres na Grécia antiga, devido a diversos tipos de provas históricas. Mais ainda, vários estudiosos, de diferentes épocas, manifestaram opiniões diversas e duvidosos pontos de vista sobre este assunto. É por isso que nos pareceu sensato integrar as suas opiniões, para formar conclusões. Também é importante realçar que deve ser tido em consideração «the particular reality of the investigating female character», como afirma Elaine Fantham no seu livro Women in the Classical World (1995: 56). Para identificar a perceção de uma mulher é necessário analisar o seu lugar específico no mundo antigo. Portanto, deve ser vista a classe social a que pertence, a sua família de origem (antes de casar) e a posição social e política do marido (sempre que houver um). A vida em diferentes estratos sociais era bastante desigual, fosse a personagem feminina uma escrava, uma mulher livre (do equivalente a ser) da classe média ou uma mulher nobre. Contudo, há algumas características comuns entre as mulheres de diferentes camadas sociais. A vida nas mulheres no mundo antigo era bastante limitada. De um modo geral, estavam sob a autoridade de um homem. Assim, a maior instituição, no aspeto organizacional, da sociedade homérica era o οἶκος e eram os homens que estavam encarregues dele. Era ele que decidia quais os deveres que tinham de ser cumpridos em casa e que controlava a vida lá dentro, apesar do cumprimento destas funções, dentro de casa, fosse da responsabilidade das mulheres: cozinhar, limpar, costurar, lavar ou, caso fossem da nobreza, fazer coordenar a sua execução. As mulheres, no οἶκος, tinham de obedecer às ordens. O pai era a figura principal na vida de uma rapariga, pois era ele que tinha a autoridade para lhe escolher um marido, que continuaria o seu papel e ficaria com ela a cargo. É claro que as mulheres tinham a sua forma própria de exercer influência na família: podiam influenciar a decisão do homem, mas não assumir elas próprias uma decisão. David Cohen no seu artigo «Seclusion, Separation, and the Status of Women in Classical Athens», apresenta um ponto de vista interessante, quando realça que [a] wide range of activities which regularly took them out of their houses: working in the fields, selling produce in the market, acting as a nurse and midwife and many other economic activities. Women’s activities which took them out of house were not only economic, of course. They might include going to their favorite soothsayer, participating in a sacrifice or in religious festivals…and the historians tend to underestimate the fact that the organization of the major festival was solely carried out by women – Thesmophoria - the most widespread Greek Festival (139). Aqui vemos que as mulheres ainda tinham algumas atividades e algumas liberdades que lhe concediam um papel importante na sociedade grega. Tudo o que foi mencionado tem um significado importante, mas não destaca a função de maior relevância da mulher na família: ter filhos, tomar conta deles, cuidar deles e educá-los. Deste modo, as mulheres tinham um contacto direto e privilegiado com as gerações seguintes e podiam influenciá-las; era o seu modo de contribuir para o progresso da civilização. A principal obrigação de uma mulher era dar à luz um rapaz – o herdeiro, o futuro chefe de família. Dar à luz um rapaz fazia dela uma mulher de sucesso, mais respeitada pela sociedade e, especialmente, pelo marido. De algum modo, é muito difícil ter uma perceção exata da vida e do papel das mulheres na sociedade da Grécia antiga, apesar de ser possível distinguir algumas características mais comuns, através dos factos históricos e das opiniões que os mais importantes historiadores formularam a partir deles. A Odisseia é uma fonte de estilos de mulheres diferentes, de diversos estratos sociais, de variadas partes da Grécia, e até de mundos diferentes, como seja o dos deuses e o dos mortais: Homero apresenta Penélope como exemplo da mulher de família; Calipso como símbolo da mulher de poder, que tem uma ilha sob o seu comando e apenas obedece a Zeus, o deus supremo; Nausicaa é a jovem casadoira. As suas ações são prudentes e cuidadosas, de modo a não destruírem a sua reputação de mulher solteira, decente e leal. Estes são alguns exemplos da perceção das mulheres em Homero. No entanto, não só o exemplo das personagens femininas da Odisseia podem ser úteis para se formar um conceito sobre as mulheres na Grécia antiga. A linguagem usada por Homero também o é, assim como o modo como o texto foi recebido nas línguas modernas. No caso em apreço, nas traduções mais recentes em língua inglesa e portuguesa. Esperamos ter alcançado o nosso propósito de examinar o mundo das mulheres na Grécia antiga e a sua perceção na atualidade, através da análise de vários exemplos retirados do texto, das traduções indicadas, bem como dos estudos que tivemos em consideração para este trabalho.