Browsing by Author "Liberato, Marco António Antunes"
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- Entre Tejo e Mondego, nos séculos VI-XIV: povoamento e cultura material num espaço disputadoPublication . Liberato, Marco António Antunes; Bernardes, João Pedro Pereira da Costa; Gómez Martínez, SusanaAs cerâmicas constituíram a principal fonte deste projeto, interpretando-se as suas mutações entre os séculos VI e XIV, como significantes da evolução das lógicas de organização social que se sucederam entre Tejo e Mondego. Verificou-se que após a desagregação do mundo romano se afirmou o que denominamos como horizonte manual, fácies material da acentuada periferização da região no contexto peninsular. A conquista muçulmana de 711 constituiu-se como catalisador da rutura com essa realidade social. O ressurgimento das modelações com torno rápido, nos séculos VIII-IX, denuncia uma estabilização dos mercados, inseparável de um processo de concentração populacional dinâmica que, no entanto, não se refletiu no plano militar. Essa evolução facilitou a progressão asturiana até aos limites da diocese de Coimbra, em torno de 878, determinando uma oposição com o Baixo Tejo onde a matriz mediterrânea se reimplantou durante o século X. Já no vale do Mondego, a evolução da produção cerâmica traduziu-se na hegemonia do designado fundo autóctone-setentrional, dada a sua estanquidade a influxos culturais exógenos. As conquistas de Almansor não alteraram esses ambientes produtivos dissemelhantes. Ter-se-iam organizado sociedades extremamente compartimentadas e o controlo político nominal não significou a aculturação do vale do Mondego. O avanço cristão do século XI determinou mesmo a expansão territorial do fundo autóctone, à medida que a região foi sendo integrada administrativamente pela promoção de vilas-concelho. No entanto, essas soluções artefactuais não se sedimentaram no Baixo Tejo, onde a estrutura produtiva herdada do período islâmico perdeu vitalidade, mas as suas expressões materiais, como a estandardização morfológica ou a frequência de pintura, continuaram presentes. De facto, à medida que o mundo cristão se afastou do modo de produção iminentemente rural, a capacidade instalada em Balata ganhou vantagem definitiva, como demonstram os contextos de síntese que comprovam a frequência crescente, ao longo da Baixa Idade Média, de formas abertas ou de jarras “mudéjares” em latitudes cada vez mais setentrionais.
