Browsing by Author "Mainieri, Matthew Robert"
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- Novel microdiets for the early developmental stages of purple sea urchin (Paracentrotus Lividus)Publication . Mainieri, Matthew Robert; Engrola, SofiaParalela ao constante crescimento da população mundial, é a crescente pressão exercida nos setores de produção de alimentos à escala global. A indústria alimentar deve responder a este problema com um esforço combinado das indústrias agrícola e pecuária, por exemplo. O papel da aquacultura neste empreendimento é da maior importância uma vez que o interesse em espécies novas e emergentes pode melhorar o mercado e diversificar o leque de espécies que está disponível aos consumidores. Uma espécie em particular pertence à classe Echinoidea e conhece-se como ouriço-do-mar. As civilizações na história do mundo têm utilizado as suas gónadas como um alimento gourmet. Relatórios recentes têm mostrado que as populações de ouriço-do-mar estão esgotadas devido a sobrepesca e exploração. Apesar da dizimação da população de ouriços, existem esforços para restabelecer estas populações com a aquacultura. As primeiras tentativas de produção de ouriços-do-mar em aquacultura, focaram-se maioritariamente nos primeiros estádios de desenvolvimento, até ao estádio de juvenil. Os ouriços deste estádio foram libertados para aumentar a população selvagem. Estudos recentes mostram que há uma procura para ouriços no mercado de frutos do mar e que o seu valor comercial por quilograma é relativamente alto e estável. O interesse na aquacultura de todo o ciclo de vida deste organismo tem vindo a crescer e a necessidade de um protocolo bem definido para o seu cultivo, é cada vez mais evidente. Tradicionalmente, as dietas larvares são constituídas por uma mistura de microalgas. A produção de microalgas pode ser bastante dispendiosa e exaustiva. Depois de muito tempo, o foco foi mudado, dando prioridade ao uso de dietas inertes em larvicultura, eliminando a necessidade de cultivar microalgas. Até à data, as tentativas de formalizar e estabelecer protocolos de produção viáveis das dietas inertes são escassas. A testagem das várias dietas e a comparação destas a dietas com um base de microalgas para provar a sua eficiência é a meta da nutrição de larvicultura de ouriços-do-mar. Uma substituição de dietas de microalgas pelas dietas inertes será um importante avanço neste campo da aquacultura. O objetivo principal deste trabalho pode ser divido em dois focos: primeiro, a formulação de uma microdieta inerte para as larvas de Paracentrotus lividus em aquacultura, e segundo, a promoção do crescimento e sobrevivência durante os estádios larvares. Muitas dificuldades existem para os produtores de ouriços-do-mar. O reduzido crescimento e baixas taxas de sobrevivência são problemas comuns nos estádios iniciais de vida deste organismo. Se uma dieta inerte bem equilibrada e com boa aceitação promover o crescimento e melhorar a sobrevivência, então o principal objetivo deste trabalho será cumprido. O ensaio desenvolvido no âmbito desta tese foi realizado na estação de investigação do Ramalhete em Faro, Portugal. Os reprodutores foram injetados com 1 mL de cloreto de potássio (KCl (0,5M)) para induzir a libertação de gâmetas. Os ovos fertilizados foram distribuídos entre nove tanques de 100 L e foram observados para determinar a taxa de eclosão. Três tratamentos foram usados (A, B e C), cada um correspondendo a uma dieta: uma mistura de microalgas congeladas (A: CTRL), uma dieta inerte à base de algas (B: ALGAE), e uma dieta inerte de origem marinha (C: MARINE). A alimentação foi completada uma vez ao dia, duma maneira cuidadosa. Os parâmetros da água (i.e., temperatura, oxigénio, salinidade, amónia, etc.) foram medidos e registados diariamente e anomalias relacionadas com a qualidade da água foram resolvidas de imediato. As amostragens ocorreram no dia de eclosão e nos dias 4, 8, 12, 16, e 21 depois da mesma. No final do estádio larvar, a metamorfose ocorreu em alguns tratamentos e os dados foram recolhidos para calcular as taxas de competência e assentamento. Foram feitas observações 21 dias depois da eclosão por 96 horas adicionais para calcular a taxa de assentamento das pós-larvas. Os parâmetros medidos no ensaio para determinar a eficácia das dietas inertes foram comparados aos parâmetros medidos da mistura de microalgas, utilizada como dieta controlo. O comprimento total (TL) foi medido no momento da eclosão e a cada amostragem até ao 16º dia depois da eclosão. A largura (W), o comprimento do estômago (ST), a largura do estômago (SW), o número de braços (AN), e o comprimento do braço pós-oral (POAL) foram medidos durante a amostragem das larvas ao dia 4 após a eclosão até ao dia 16. O comprimento do rudimento (RL) e a largura do mesmo (RW) foram medidos apenas ao 21º dia após a eclosão. Medições das proporções corporais foram consideradas para determinar a eficiência de cada dieta. Outros parâmetros tais como as taxas de sobrevivência (SR), competência (CR), e assentamento (STR) foram determinados para cada tratamento de modo a determinar qual a que promoveu um melhor desenvolvimento larvar e metamorfose. As dietas inertes promoveram um maior crescimento e desenvolvimento das larvas, comparativamente à dieta controlo. As dietas não tiveram um impacto significativo em termos da taxa de sobrevivência em cada tratamento. Os resultados dos tratamentos usando dietas inertes foram semelhantes durante o ensaio, porém, a dieta inerte formulada com ingredientes marinhos possibilitou uma taxa mais elevada de competência e de assentamento. Os resultados mostram que dietas inertes podem substituir as dietas tradicionalmente feitas com uma mistura de microalgas frequentemente utilizadas em aquacultura de ouriços-do-mar. O uso de dietas inertes pode também reduzir os custos altos de produção de microalgas e reduzir a necessidade de trabalho manual para o seu cultivo. Da mesma forma, estudos semelhantes concluem que dietas inertes usadas nos estádios larvares do ouriço-do-mar podem ser uma boa alternativa para produzir larvas com bom crescimento, promovendo também a sua metamorfose e assentamento. Estas conclusões dão promessa à possibilidade de produzir ouriços-do-mar em cada estádio de vida e, por sua vez, aliviar as pressões de sobre-exploração das populações selvagens e também fornecer um produto comercializável ao mercado alimentar. O campo de nutrição de larvas de equinóides é pouco estudado e incerto, porém, os resultados deste ensaio e de outros análogos podem ser uma guia para formular dietas nutricionalmente adequadas. Porém, são necessários mais estudos no campo de nutrição de larvas de ouriço-do-mar que assim como esta tese, ajudem a colmatar a lacuna de conhecimento que ainda existe nesta área.