Browsing by Author "Rodrigues, Ângela Susana Santos"
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- Operação Bangkok o processo curatorial e o processo artístico na concepção de uma exposiçãoPublication . Rodrigues, Ângela Susana Santos; Santo, Pedro Cabral; Salles, Cecília AlmeidaAs duas exposições pensadas e materializadas no âmbito do presente trabalho de mestrado serviram de mote para podermos realizar uma reflexão sobre o processo curatorial como ato criativo e eventuais ligações e implicações do processo curatorial na comunicação do fazer e entender artístico e no próprio processo artístico. Procurou-se, assim, nas histórias das exposições de arte, sobretudo a partir dos anos de 1960, quando a profissão de curador/comissário se emancipou, estudar os processos que estavam em causa, nomeadamente aqueles que “trabalhavam” fora de espaços institucionais e que foram capazes de “desconstruir” o objeto artístico, visando um interesse mais apoiado nos processos do que propriamente na materialização destes num objeto. Foi o caso dos curadores Harald Szeemann, Seth Siegelaub, Lucy Lippard, ou mesmo Ernesto de Sousa. Atualmente curadores como Jens Hoffmann, Maria Lind, Catherine David, perseguem, justamente, a ideia de exposição como uma criação de experiências para uma audiência, em vez de situar os objetos em narrativas de história de arte. Defendem a ideia de exposição como elemento discursivo tendo como base o formato de conversas, filmes, discussões, leituras, que servem, deste modo, como meios de questionamento de questões políticas e sociais. A análise realizada aos processos criativos dos curadores Harald Szeemann e Ernesto de Sousa, através dos arquivos deixados por estes, permite traçar uma série de eventos e de processos que facilmente identificamos com as teorias de redes de criação de Cecília Salles. A criação das exposições por estes dois curadores, à luz do que se estabelece para a criação da obra de arte, não resulta de um gesto autónomo, mas é uma manifestação de disputadas redes de processos intersubjetivos que resultam de comunicações entre consciências individuais com artistas, historiadores, críticos, ou outros sujeitos com quem estes curadores se relacionaram e que de certa forma tiveram uma influência nos seus processos criativos. Ao mesmo tempo fez-se um exercício de autorreflexão. Através do projeto expositivo Operação Bangkok, testar a capacidade de o curador intervir no trabalho do artista, quer participando ativamente na dinâmica de produção da obra, quer propondo formas de apresentação das obras, criando assim valor no trabalho do artista. Por fim, a exposição como obra depende de vários outros aspetos como a arquitetura do espaço, condições lumínicas e de acessibilidade do mesmo, de uma equipa sincronizada, de processos claros ao nível da comunicação, entre outros. O curador independente deverá ter sempre presente os limites de atuação criativa em cada um deles e a sua capacidade negocial.
