Browsing by Author "Schwergold, Jacqueline"
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- Growth study of Enhydra lutris kenyoni at Oceanário de LisboaPublication . Schwergold, Jacqueline; Andrade, José PedroA lontra-marinha-do-Norte (Enhydra lutris lutris e Enhydra lutris kenyoni) é um mamífero marinho que habita em águas frias do Oceano Pacifico desde a Rússia até ao Alasca e a costa de Washington. Pode-se diferenciar da lontra-marinha-do-Sul (Enhydra lutris nereis) devido à cor da pelagem, forma do crânio e na área de distribuição, já que estas vivem unicamente na costa da Califórnia. Contrariamente a outros mamíferos marinhos presentes em habitats similares, as lontras marinhas não apresentam uma camada de gordura, mas uma muito densa pelagem que as protegem da perda de calor corporal. Adicionalmente, as lontras desenvolveram um metabolismo que pode ser até três vezes superior ao de mamíferos terrestres de tamanho semelhante. Para poderem manter o seu calor corporal, as lontras marinhas precisam de ingerir cerca de 25% do seu peso corporal em alimentos, em cada dia. Para isso, estes animais alimentam-se de presas com alto valor calórico, entre as quais estão o caranguejo, o polvo, as estrelas-do-mar, o ouriço-do-mar e pequenos peixes. Estes mamíferos marinhos habitam perto das costas, em lugares protegidos dos temporais e com acesso a alimento ou então em florestas de Kelp, algas marinhas presentes no Oceano Pacifico que servem de refúgio para as lontras e para as suas presas. Neste ecossistema, as lontras são a espécie-chave que mantém o equilíbrio nestas florestas. As lontras foram caçadas durante muitos anos até quase à sua extinção devido ao valor da sua pelagem durante os séculos XVIII e XIX. Também foram sujeitas a eventos de “bottleneck”, captura com redes de pesca e intoxicações que reduziram o número de indivíduos e a diversidade genética das populações. Por esta razão, promoveram-se estudos sobre estes animais sociais para assim se poder conhecer a sua biologia e desenvolver projetos de recolonização em distintos lugares. Com estes estudos, os investigadores chegaram à conclusão que é muito importante estudar lontras em aquários para a sua conservação. No presente trabalho, que foi desenvolvido no Oceanário de Lisboa, estudámos lontras de distintas instituições concentrando-nos na sua alimentação, nos padrões de crescimento e no metabolismo. O estudo foi desenvolvido para os primeiros 2500 dias de vida (aproximadamente, sete anos) já que depois deste período, as lontras são consideradas adultas e terminam a fase de crescimento. O crescimento neste período foi dividido em três etapas distintas. A primeira contém os primeiros 500 dias de vida; a segunda entre os 500 e 1500 dias e a terceira entre os 1500 e 2500 dias. Na primeira fase, o crescimento linear é muito parecido para todos os indivíduos durante os primeiros três meses. Os machos apresentam um crescimento de cerca de 37,4 gramas por dia e as fêmeas crescem 39,4 gramas por dia. Na segunda fase, o crescimento é muito menos pronunciado e quase se estabiliza para as fêmeas (4,5 gramas por dia), enquanto que os machos apresentam um crescimento que se ajusta mais a uma curva logarítmica. Na última fase, as fêmeas alcançaram a assimptota e apresentam uma taxa de crescimento inferior comparativamente à fase anterior (3,5 gramas por dia) e os machos continuam a crescer até alcançar a sua assimptota. As fêmeas podem alcançar um peso médio máximo de 25 Kg, com cerca de 1000 dias de vida. Depois disto, o crescimento ponderal estabiliza-se, pois foi alcançada a assimptota de crescimento. Os machos alcançam um máximo superior e que pode chegar até os 35 Kg, mas isto acontece mais lentamente e mais tarde do que nas fêmeas. A assimptota é alcançada cerca dos 1800 dias de vida, mais de dois anos mais tarde do que as fêmeas. Um segundo estudo foi efeituado para analisar as diferenças no metabolismo entre dois lontras fêmeas do OdL. Assim, encontramos que os animais que apresentam uma taxa metabólica alta podem precisam de ingerir uma maior quantidade de alimento para manter um peso inferior entanto que as lontras com uma taxa metabólica inferior apresentam um peso inferior, mas comem uma maior quantidade de alimento, o que foi observado nas fêmeas Maré e Micas do Oceanário de Lisboa (OdL). A primeira precisa de ingerir uma maior percentagem de comida (14,33%) para manter um peso inferior (21,02 Kg de média no ano 2020) do que a Micas ingeriu um 11,58% de comida para manter uma média de peso no ano 2020 de 27,26 Kg. A análise estatística demostrou que existe uma diferencia significativa entre o crescimento dos machos e das fêmeas e entre Maré e Micas no estudo do metabolismo pois nos dois casos, as barras de erro nos gráficos de caixas não se sobrepõem. O presente projeto devia constar de cinco meses de atividade prática nas instalações do Oceanário de Lisboa, de modo a desenvolver aprendizagem sobre preparação das refeições, participação nos treinos diários, nas tarefas de alimentação das lontras e na obtenção informação sobre lontras de outras instituições. No entanto, devido à situação sanitária atual, apenas foi possível desenvolver trabalho no OdL durante o mês de fevereiro 2020. Por esta razão, demorou mais tempo do que o previsto a terminar o trabalho pois o Oceanário ficou fechado algum tempo e foi mais complicado tratar os dados. Ainda assim, com a ajuda do pessoal do OdL foi possível ter acesso aos dados das outras lontras que foram estudadas e fomos capazes de obter os dados apresentados nesta tese. Com este trabalho, estabelecemos as primeiras diretrizes para a criação e manutenção da lontra-marinha-do-Norte em condições controladas de modo a manter as condições adequadas de bem-estar animal e que se deverão aproximar, o mais parecido possível, das condições observadas em meio natural. No entanto, importa promover estudos adicionais sobre este tópico. Por exemplo, será importante estudar os efeitos que tem a lactação nas fêmeas e da castração dos machos no crescimento das lontras-marinhas-do-Norte assim como os padrões de crescimento em lontras de idades mais avançadas. Este trabalho poderá ser útil tendo em vista a sua utilização noutras instituições que acolham lontras-marinhas-do-Norte nos seus aquários, já que terão acesso a toda a informação sobre condições para o seu bem-estar, entre os quais estão a alimentação, os treinos, os padrões de crescimento e a temperatura da água.