Name: | Description: | Size: | Format: | |
---|---|---|---|---|
513.65 KB | Adobe PDF |
Authors
Advisor(s)
Abstract(s)
Em meados de Maio de 2002, os jornais e a televisão foram dando conta dum fenómeno de estranhas características acontecido na Argentina, na região das pampas: a aparição de uma centena de vacas mutiladas. As primeiras notícias, chegadas através dos proprietários das fazendas, sublinhavam a ausência de indícios que revelassem a intervenção de predadores, a falta de resistência das vacas ao ataque e a ausência de pegadas à volta do animal morto. Por outro lado, os cortes realizados no corpo dos animais eram tão perfeitos que os factos foram classificados como "misteriosos" pelos meios de comunicação, os quais implicitamente aludiam a uma personagem lendária, o Chupacabras, como sendo o causador de tais mutilações.
Os folcloristas têm demonstrado que as lendas contemporâneas surgem a partir de situações que reflectem uma preocupação social existente na consciência do grupo, e, além disso, que a transmissão oral e a transmissão pelos meios de comunicação se influenciam mutuamente. A informação que usámos como base deste artigo foi extraída de jornais locais e de grupos de discussão existentes na Internet. A análise dos dados segue as linhas traçadas por Richard Bauman no seu trabalho sobre a performance mediacional, o que nos permitiu determinar os papéis dos diferentes transmissores intervenientes no processo mediacional da lenda do Chupacabras.
O artigo termina com uma série de hipóteses explicativas, segundo as quais o motivo pelo qual esta lenda adquiriu tanta força na Argentina pode estar no seu poder para evocar, de forma sintética, as situações conflituosas que o nosso país neste momento atravessa.