Browsing by Author "Barradas, Filipa Isabel Coelho da Luz"
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- Biomarcadores farmacogenómicos como fonte de evidência para a efetividade e segurança dos anticoagulantes orais diretosPublication . Barradas, Filipa Isabel Coelho da Luz; Advinha, Ana Margarida Molhinho; Marques, Vera Linda RibeiroA trombose é uma condição frequentemente evitável, subjacente a várias doenças cardiovasculares graves, como o enfarte agudo do miocárdio, o acidente vascular cerebral tromboembólico e o tromboembolismo venoso (TEV). Assim, a prevenção efetiva e o tratamento adequado da trombose são essenciais para reduzir a mortalidade e a morbilidade cardiovascular. Nos últimos anos, os anticoagulantes orais diretos (DOAC) surgiram como uma alternativa promissora aos anticoagulantes convencionais, como os antagonistas da vitamina K e as heparinas, apresentando uma eficácia comparável e um perfil de segurança mais favorável. No entanto, o uso desses medicamentos não está isento de riscos. De facto, estudos recentes têm documentado uma variabilidade interindividual significativa nos níveis plasmáticos dos DOAC, o que pode levar a efeitos adversos graves, como hemorragias, ou à redução da efetividade terapêutica. A farmacogenómica desempenha um papel crucial na compreensão dessa variabilidade, constituindo uma ferramenta essencial na personalização da terapêutica com DOAC. Método: O estudo desenvolveu-se em duas fases: i) pesquisa dos biomarcadores farmacogenómicos presentes nos resumos das características dos medicamentos (RCM) dos DOAC com autorização de introdução no mercado (AIM) em Portugal; e ii) revisão sistemática da literatura (RSL), com o objetivo de descrever e caracterizar os biomarcadores farmacogenómicos encontrados tanto nos RCM, como na literatura internacional. No final, os estudos incluídos na RSL foram classificados de acordo com o seu nível de evidência e grau de recomendação. Resultados: Dos 5 DOAC com RCM em Portugal, 4 continham informação farmacogenómica. O biomarcador farmacogenómico mais frequentemente identificado foi o ABCB1/P-gp (glicoproteína-P), seguido do CYP3A4. A RSL confirmou parcialmente esses resultados, destacando também o ABCB1/P-gp como o biomarcador mais comum, seguido do CYP3A5. Além disso, a RSL identificou outros biomarcadores relevantes, especialmente para o dabigatrano e o apixabano. Relativamente, à base de dados criada com a informação farmacogenómica extraída dos RCM, os resultados foram meramente informativos e não geraram recomendações específicas. A maioria dos estudos incluídos foi classificada com um elevado nível de evidência, assegurando a confiabilidade dos resultados e um bom grau de recomendação. Conclusão: As variantes farmacogenómicas estudadas ainda não foram validadas nem incorporadas nos testes genéticos de rotina. Assim, são necessários estudos adicionais, incluindo estudos de coortes independentes, para confirmar a validade e a utilidade clínica dessas variantes. Além disso, é fundamental considerar as diferenças interpopulacionais na distribuição das variantes genéticas de modo a garantir a aplicabilidade e a efetividade dos testes genéticos e das recomendações farmacogenómicas em diferentes populações. A integração da farmacogenómica na prática clínica é essencial para otimizar a terapêutica com DOAC e reduzir os riscos de hemorragia e de eventos tromboembólicos.
