Browsing by Author "Franco, Carla Maria da Costa"
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- Frequência e intensidade de intrusões de tipo obsessivo na população não clínicaPublication . Franco, Carla Maria da Costa; Jiménez-Ros, Antonia MaríaOs modelos cognitivo-comportamentais explicativos da Perturbação Obsessivo-Compulsiva (POC) assumem que a grande maioria das pessoas experimenta, pelo menos uma vez na vida, intrusões muito semelhantes às obsessões clínicas (recorrentes, causadoras de mal-estar, com conteúdos semelhantes e difíceis de controlar). Identificam a existência de um contínuo entre a intrusão e a obsessão. De acordo com estes modelos, a avaliação atribuída à intrusão, bem como as estratégias de controlo da mesma seriam as responsáveis pela origem e desenvolvimento da POC. A grande maioria das investigações realizadas acerca das intrusões na população geral, centraram-se nas avaliações e estratégias utilizadas pelos sujeitos para avaliar e combater a intrusão mais desagradável. Embora o incómodo causado pelo pensamento seja uma das caraterísticas distintivas da intrusão, até à data, não se encontraram estudos acerca da intrusão selecionada como a mais frequente. Assim, o objetivo geral deste estudo é comparar avaliações e estratégias utilizadas na intrusão mais desagradável e na mais frequente. A amostra foi constituída por 160 indivíduos sem POC, 38,1% do sexo masculino e com idades compreendidas entre os 18 e os 65 anos (M=38; DP=10,5), que preencheram uma versão portuguesa do Inventário Revisto de Intrusões Obsessivas (ROII) adaptada para este estudo. A maioria dos indivíduos (97,5%) relataram já ter tido pensamentos intrusivos pelo menos uma vez na vida, e selecionaram o pensamento que causa mais desagrado diferente do pensamento que têm com maior frequência (n=124; 77,5%). Ao nível da avaliação esta difere estatisticamente entre os dois pensamentos em alguns parâmetros, nomeadamente no incómodo, culpa, inaceitabilidade e sentimento de responsabilidade pelo dano. As estratégias de controlo utilizadas não apresentam diferenças significativas entre ambas as intrusões. Confirma-se, assim, a universalidade das intrusões, e a existência de algumas diferenças ao nível da avaliação da intrusão mais frequente e mais desagradável. A intrusão mais desagradável parece ser mais incómoda, culpabilizante, inaceitável, contribuindo para uma maior autorresponsabilização do que a mais frequente. Deste modo, conclui-se que o desagrado pode ser um fator de maior vulnerabilidade no desenvolvimento da POC do que a frequência.