Browsing by Author "Lopes, Ana Laura Ferreira"
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- Effects of in situ Incubation Environment on Hatchling Morphology and Fitness in the Northern Gulf of Mexico on Loggerhead Sea Turtles (Caretta caretta)Publication . Lopes, Ana Laura Ferreira; Fuentes, Mariana; Castilho, RitaA tartaruga-comum (Caretta caretta), pertencente à família Cheloniidae, é uma espécie de tartaruga marinha com uma distribuição global ampla, predominando em regiões subtropicais e temperadas dos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico. O seu ciclo de vida é composto por quatro fases: recém-nascido, juvenil, subadulto e adulto, com diferenças visíveis na coloração e tamanho, atingindo a maturidade sexual entre 22 e 50 anos, reproduzindo-se a cada dois a três anos. A tartaruga-comum alimenta-se de uma variedade de espécies, incluindo decápodes, bivalves, gastrópodes, alforrecas, esponjas e, ocasionalmente, algas. Habitando ambientes distintos ao longo da vida, as tartarugas-comum iniciam sua vida em praias arenosas, migram para o oceano aberto e, eventualmente, retornam a habitats costeiros para a reprodução. Apesar de serem essenciais para os ecossistemas, as tartarugas-comum enfrentam várias ameaças naturais e antropogénicas. Na fase de desova, ovos e recém-nascidos são alvo de predadores como guaxinins, raposas e aves marinhas, enquanto no ambiente marinho, juvenis e adultos enfrentam predadores como tubarões. Doenças como a fibropapilomatose também ameaçam a sua sobrevivência. As alterações climáticas aumentam a temperatura da areia, podendo desequilibrar a proporção de sexos dos recém-nascidos e piorar as condições das praias de desova. A ação humana intensifica essas ameaças, com o desenvolvimento costeiro, poluição luminosa e resíduos plásticos, prejudicando o ciclo de vida das tartarugas. A captura acidental em redes de pesca e as colisões com embarcações representam graves riscos, levando à morte ou ferimentos severos de muitos indivíduos. Devido a essas ameaças, a tartaruga-comum, inicialmente classificada como ameaçada, está atualmente listada como vulnerável na Lista Vermelha da IUCN. As condições ideais para a nidificação envolvem uma combinação de características de praia e fatores ambientais adequados. Dois fatores que afetam vários aspetos do desenvolvimento embrionário, incluindo o crescimento dos embriões, sexo e sucesso de eclosão, são a temperatura e a humidade do ninho. Temperaturas baixas (26–28 °C) produzem principalmente machos e abrandam o metabolismo, resultando em recém-nascidos maiores; a temperaturas intermédias (28–30 °C), ambos os sexos são produzidos em proporções aproximadamente iguais; e a temperaturas altas (30–34 °C) predominam as fêmeas e aceleram o metabolismo, levando a recém-nascidos menores, desenvolvimento mais rápido e maior risco de anomalias. Com as alterações climáticas, o aumento da temperatura pode criar um desequilíbrio da proporção de sexos, eclodindo mais fêmeas. O nível de humidade atua sobre a regulação dastroca gasosas e do equilíbrio hídrico. O aumento da humidade, está associado a incubações mais longas, mais machos e a humidade excessiva pode mesmo levar à hipóxia e a desenvolvimentos anómalos. A temperatura e humidade também afetam características morfológicas e a aptidão física, podendo influenciar a coordenação muscular, flutuabilidade, agilidade e resistência física dos recém-nascidos, prejudicando sua capacidade de navegar com sucesso em direção ao oceano. O tamanho, o peso e as reservas de energia, regulados por diversos fatores ambientais e genéticos, influenciam a capacidade dos indivíduos se endireitarem (quando estão de costas, com a carapaça na areia, e precisam de se virar para seguir em direção ao mar) e de locomoção (tanto em ambiente terrestre como aquático) dos recém-nascidos. A literatura existente revela lacunas na compreensão específica de como os fatores ambientais afetam os recém-nascidos de tartarugas marinhas. Grande parte da investigação concentra-se em variáveis isoladas, sem estudar os efeitos combinados de múltiplos fatores, como temperatura, humidade, tipo de areia e níveis de oxigênio, que podem influenciar simultaneamente a aptidão física e a morfologia dos recém-nascidos. Além disso, a maioria dos estudos existentes foca-se principalmente em duas espécies, como a tartaruga-comum e a tartaruga-verde, descurando o estudo das restantes. Como cada espécie pode responder de maneira diferente às variáveis ambientais, é essencial realizar estudos mais inclusivos para entender essas respostas específicas e melhorar os esforços de conservação. Outro ponto importante é a cobertura geográfica, já que a maioria dos estudos são realizados em regiões específicas, como Queensland, na Austrália, e Flórida, nos EUA, que são zonas de nidificação muito importantes. Para compreender a influência dos fatores ambientais em diferentes contextos geográficos, é fundamental expandir a pesquisa para incluir uma maior diversidade de locais. Além disso, muitos estudos têm sido de curto prazo, limitando-se a uma única época de desova, o que dificulta a compreensão do impacto da variabilidade sazonal e das mudanças ambientais a longo prazo no desenvolvimento dos recém-nascidos. Vários estudos investigaram os efeitos da temperatura e da humidade na aptidão física e morfologia dos recém-nascidos, predominantemente em condições laboratoriais ou por meio de perturbações dos ninhos/ovos. No entanto, compreender estes impactos em incubação natural é essencial. O presente trabalho visa preencher essa lacuna, avaliando os efeitos combinados de temperatura, humidade e morfologia na aptidão dos recém-nascidos da tartaruga-comum no seu ambiente natural. Os principais objetivos são: (1) aprofundar a compreensão de como as condições de incubação in situ influenciam a aptidão física e morfologia das tartarugas-comum (Caretta caretta) e (2) investigar o impacto das características morfológicas na sua aptidão física. Para alcançar estes objetivos, foram recolhidos dados na Ilha de St. George, Florida, Estados Unidos da América, durante a temporada de 2022. A Ilha de St. George alberga a maior agregação de tartarugas-comuns na Unidade de Recuperação do Norte do Golfo do México. Os dados recolhidos incluíram variáveis ambientais como a temperatura — temperatura média durante a incubação, e as temperaturas médias para cada terço do período de incubação — e parâmetros de inundação — intensidade da inundação, frequência de inundação e duração total da inundação — bem como aptidão física e medições morfológicas detalhadas dos recém-nascidos. As variáveis morfológicas medidas foram o peso, o comprimento e a largura da carapaça, o comprimento do plastrão, a largura da cabeça, o comprimento e a largura da cicatriz umbilical e o comprimento da barbatana. Estas variáveis foram usadas para entender como as condições ambientais e a morfologia afetam a aptidão física dos recém-nascidos de tartaruga-comum — tempo de endireitamento e velocidade de locomoção terrestre. As hipóteses a testar foram que temperaturas mais altas de incubação e inundação periódica reduziriam a aptidão física dos recém-nascidos, enquanto características morfológicas como o peso, o comprimento da carapaça e das barbatanas teriam uma influência significativa na aptidão física. Os resultados mostraram que o peso dos recém-nascidos é proporcional ao tempo de endireitamento, com recém-nascidos mais pesados a demorarem mais tempo a endireitar-se. O comprimento da carapaça influenciou significativamente a velocidade de locomoção terrestre, sendo que carapaças mais longas resultaram em deslocações mais rápidas. Contudo, a inundação e o comprimento das barbatanas não tiveram impacto significativo na aptidão física. Apesar de a temperatura não ser estatisticamente significativa relativamente ao endireitamento, temperaturas médias mais altas foram associadas a um tempo de endireitamento mais demorado. Em termos morfológicos, temperaturas mais elevadas de incubação resultaram em recém-nascidos menores e mais leves, em alinhamento com os resultados de estudos anteriores. A inundação não afetou a morfologia nem a aptidão física, o que poderá ser explicado pelas limitações deste estudo, como o tamanho reduzido da amostra. O presente trabalho tem reconhecidas limitações, entre as quais se destacam o tamanho da amostra — somente 80 indivíduos em quatro ninhos —, a restrita cobertura geográfica e temporal — estudo numa única temporada e localização —, e a ausência de consideração de outros fatores ambientais e genéticos. Este estudo contribui para o conhecimento existente sobre os impactos regionais da temperatura e inundação nas características morfológicas e na aptidão física, corroborando investigações anteriores quanto à influência da temperatura, mas sem encontrar efeitos significativos da inundação. Estudos futuros deverão considerar estas limitações e realizar investigações mais abrangentes, incluindo outros fatores, para aprofundar a compreensão do desenvolvimento e aptidão física dos recém-nascidos. É fundamental para o desenvolvimento de estratégias de conservação eficazes e para garantir a sobrevivência a longo prazo das populações de tartarugas marinhas que se continue a desenrolar este tipo de investigação.
