Browsing by Author "Martins, Samir Lopes Tavares"
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- The endangered loggerhead (Caretta caretta) sea turtle on the Boavista Island, Cape Verde: Distribution, Abundance, Ecology and Conservation of Nesting Females and NestsPublication . Martins, Samir Lopes Tavares; Marco, Adolfo; Loureiro, Nuno de SantosAs tartarugas marinhas são répteis que habitam na Terra há mais de 100 milhões de anos, desde os tempos dos dinossauros. Atualmente apenas sete espécies de tartarugas marinhas sobrevivem, com poucas diferenças relativamente à grande diversidade que se considera ter existido entre os quelónios marinhos. Essas espécies são: tartaruga verde (Chelonia mydas), tartaruga comum ou tartaruga cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga de casco levantado (Eretmochelys imbricata), tartaruga olivácea (Lepidochelys olivacea), tartaruga parda (Dermochelis coriacea) tartaruga de kempi (Lepidochelys kempi), e tartaruga plana da Austrália (Natator depressus). As cinco primeiras podem ser encontradas nas águas costeiras de Cabo Verde, mas a tartaruga comum é a única a reproduzir-se com regularidade nas praias do Arquipélago. A tartaruga comum tem uma ampla zona de distribuição geográfica. As maiores zonas de posturas localizam-se nas costas dos oceanos Atlântico e Índico, com maior abundância na costa sudeste dos Estados Unidos e em Omã. São animais que manifestam um elevado grau de filopatria e, por isso, estruturam-se em populações geneticamente bastante isoladas. A presença das tartarugas marinhas em Cabo Verde tem sido referenciada desde a sua descoberta, há mais de cinco séculos. O seu estudo científico e as preocupações com a sua proteção iniciaram-se, apenas, no final do século XX. São consideradas um recurso de elevado valor natural e eco-turístico, sendo a “espécie-bandeira” da Ilha da Boavista. As fêmeas de tartaruga comum que nidificam em Cabo Verde têm em média um comprimento curvo da carapaça de 75,8 cm, intervalos de migração de 2,4 anos, entre posturas de 14,5 dias, depositam em média 83,2 ovos, os quais têm um período de incubação entre de 54,2 e 60,9 dias. Segundo a primeira Lista Vermelha de Répteis de Cabo Verde (Schleich, 1996), todas as espécies de tartarugas marinhas identificadas em Cabo Verde estão em perigo de extinção e são protegidas por leis nacionais e internacionais. A população de C. caretta de Cabo Verde foi recentemente incluída na lista das onze populações de tartarugas marinhas mais ameaçadas do mundo. Mais de 80% da nidificação ocorre na Boavista, a Ilha mais oriental do Arquipélago. mais limitados em termos de cobertura espacial. Consequentemente, admite-se que a Ilha da Boavista alberga hoje mais de 80% de toda a população nidificante no Arquipélago. Simultaneamente, a magnitude doa valores estabelecidos permite afirmar que o Arquipélago de Cabo Verde alberga a terceira maior população nidificante de C. caretta, a nível mundial, a seguir às populações do sudeste dos Estados Unidos da América e de Omã, e que é o único local relevante em toda região do Atlântico este. A época de postura começa no início de junho e estende-se até meados de outubro, com o pico em agosto e início de setembro. A densidade de ninhos varia bastante, entre 0,05 a 25,9 ninhos diários por km de extensão de praia, existindo também grandes diferenças no sucesso de nidificação entre as diversas praias e entre os diversos anos de estudo, com taxas de sucesso entre 13,56% a 71,52%, com uma média de 39,62%. Os resultados indicam que as praias mais distantes dos aglomerados humanos apresentam maior atividade de nidificação. A fase lunar e o ciclo das marés têm um efeito significativo sobre a emergência das fêmeas e sobre o sucesso da nidificação. A emergência é menor durante as fases da lua cheia e lua nova e é mais elevada quando os picos de maré ocorrem entre as 23:00 e 02:00 horas. Recentemente foi projetado um mapa das principais áreas de Unidades de Gestão Regionais (versão inglês RMU – Regional Management Units) para as tartarugas marinhas, e inclui a população reprodutora em Cabo Verde na lista das 11 espécies de tartarugas marinhas mais ameaçadas do mundo e a mais vulnerável desta espécie no Atlântico. A nível genético e demográfico esta população encontra-se mais isolada das restantes populações no Oceano Atlântico e necessita ser tratado como uma unidade de gestão independente com os seus planos de conservação particular, e o arquipélago hospeda um importante número de indivíduos de tartaruga de casco levantado proveniente de São Tomé e Príncipe que é considerada uma das populações mais crítico a nível mundial. O consumo de carne de tartaruga é uma prática tradicional em Cabo Verde, que ainda persiste apesar da proibição imposta pela legislação nacional. A proteção das praias com maior actividade de nidificação e as persistentes atividades de sensibilização reduziram a captura ilegal de fêmeas, nas praias, de 45% para 5%, durante os quatros anos de estudo. Estes resultados levam-nos a considerar que os programas educacionais e os projetos levados a cabo com as comunidades locais estão a trazer efetivas mudanças, devendo ser assegurada a continuação destes planos de atividades.