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- Unveiling evidence of natural and anthropogenic skin marks on baleen whales (Northwestern Iberian Peninsula coast)Publication . Neves, Joyce Gabriela Azenha; Marçalo, Ana; Methion, SéverineOs Mysticeti enfrentaram um declínio drástico no passado, principalmente devido à caça à baleia na costa noroeste da Península Ibérica, levando quase à sua extinção na zona. No entanto, 40 anos mais tarde, as baleias estão a regressar à zona, utilizando-a principalmente como um local de alimentação. Mesmo com a proibição da caça à baleia nas águas da Galiza, ainda existem algumas ameaças que comprometem a saúde destes enormes viajantes. Para avaliar o estado de saúde de cetáceos em estado selvagem, são poucas as ferramentas que se pode utilizar sem se ser invasivo. A avaliação do estado da pele dos mamíferos marinhos tem sido utilizada para identificar indivíduos (foto-identificação) em todo o mundo e também pode fornecer informação sobre a saúde individual e populacional de uma espécie. As marcas cutâneas nos cetáceos podem ser diferenciadas em 2 tipos de causa: naturais (vírus, bactérias, fungos, ectoparasitas, tentativa de predação) e antropogénicas (interação com artes de pesca e colisões de embarcações), sendo utilizadas como uma base importante para monitorizar as alterações ao longo do tempo. Os dados de captura acessória, arrojamentos (encalhes na costa), ou captura-libertação são normalmente utilizados para avaliar o estado da pele em mamíferos marinhos, porém a foto-identificação aparece como uma ferramenta relativamente barata e não invasiva para avaliar o estado de saúde da pele, evolução, recorrência, prevalência de lesões ou identificar potenciais impactos sobre as espécies. Para explorar potenciais impactos sobre as baleias que se alimentam na costa noroeste de Espanha, foram realizadas saídas ao mar numa embarcação de 12 metros de cumprimento, entre os anos de 2017 a 2021 sempre com condições meteorológicas favoráveis. Quando avistadas as baleias, procedeu-se á aproximação das mesmas sempre com uma velocidade constante e lenta. Várias fotografias foram tiradas por dois investigadores experientes a um angulo perpendicular ao animal de forma a capturar cada uma das secções do corpo do animal (cabeça, corpo intermédio, barbatana dorsal e pedúnculo) de ambos os lados (direito e esquerdo). Mais tarde, todas as fotografias foram revistas e as de melhor qualidade (foco, luz, tamanho) foram selecionadas para representar cada secção do corpo de cada individuo de ambos os lados de maneira a reconstruir o corpo inteiro. Após uma análise detalhada, lesões epidérmicas visíveis, anomalias de coloração e ectoparasitas foram detetadas nas baleias azuis (Balaenoptera musculus), baleias-comum (Balaenoptera physalus) e baleias anãs (Balaenoptera acutorostrata). No total, foram documentados 36 tipos de marcas de pele incluindo lesões no contorno de barbatana, anomalias de pigmentação, manchas, dentadas, marcas lineares, lesões, elevação cutânea, infeções e ectoparasitas associados. A lesão cutânea mais prevalecente foram as marcas negras em baleias azuis (95,2%), bolhas e marcas brancas em baleias-comum (74,2%) e bolhas em baleias-anãs (76,2%). As marcas brancas e marcas pretas englobam diferentes tamanhos e formas que não têm uma etiologia definida. Já as bolhas podem ter origem no aumento de exposição da pele a altos níveis de radiação UV. As lesões tipo herpes foram a marca cutânea mais severa e abundante encontrada nas baleias estudadas, caracterizadas por lesões punctiformes espalhadas geralmente por todo o corpo. Os resultados deste estudo mostraram que as espécies de baleias estudadas, que se alimentam na costa noroeste de Espanha, exibiram indicações de impactos causados por alterações climáticas e impactos antropogénicos. Em geral, as marcas cutâneas foram mais abundantes e prevalecentes nas baleias azuis, no entanto, mais severas nas baleias-comum. Já as baleias-anãs parecem ser a espécies mais vulnerável a enfrentar ameaças antropogénicas. Indentações e marcas lineares no pedúnculo podem estar fortemente associadas a emaranhamento em redes de pesca afetando 23.8% dos espécimes de baleia anã amostrados. Para além disto uma baleia-comum foi encontrada com uma rede de pesca presa ao redor do seu pescoço e espiráculo. Este indivíduo mostrou claras evidências corporais de marcas causadas por redes de pesca (possivelmente pesca fantasma) com uma possível infeção viral com origem nas mesmas. Marcas naturais como as causadas por dentes, não são tão frequentes em baleias como são em odontocetos, porém foram registadas provas de tentativas de predação por parte de orcas em baleias azuis e baleias-comum. Para além destas marcas de mordida, algumas espécies de ectoparasitas foram identificadas fixas ao hospedeiro como é o caso das diatomáceas, pequenos crustáceos comensais da família Cyamidae (Isocyamus sp.), copépodes parasitas (Pennella balaenopterae), cirrípedes (Xenobalanus globicipitis), possivelmente remoras (Remora remora) e lampreias (Petromyzon sp.). Outra espécie identificada como causadora de marcas ovais esbranquiçadas nas baleias amostradas é uma espécie de tubarão (Isistius brasiliensis), frequentemente encontrado em águas tropicais (destino final da rota de migração das baleias azuis e baleias-comum). Estas marcas de dentada de tubarão foram apenas encontras num estágio de cura avançado (cor esbranquiçada). Marcas recentes de dentada de tubarão (com sangue, rosadas com tecidos subcutâneos visíveis ou amareladas) nunca foram encontradas nas 3 espécies amostradas. Isto permitiu inferir que o processo de cura de feridas em baleias é possivelmente menor que 38 meses. No caso das baleias anãs, que são vistas durante todo o ano na área, também apresentaram este tipo de marcas afetando 47.6% dos indivíduos, sugerindo que esta espécie possa estar a realizar migrações ou as marcas podem ser causadas pela espécie Isistius plutodus. Algumas novas marcas de pele foram documentadas pela primeira vez em todo o mundo nas baleias amostradas, como é o caso do: possível primeiro tumor encontrado numa baleia azul representado por uma aglomeração de elevações cutâneas na área do pedúnculo (diferente das bolhas encontradas na maioria das baleias possivelmente causadas por raios UV); primeiro caso de hypopigmentação com distribuição corporal anormal (diferente de vitiligo e albinismo parcial encontrado na literatura); e primeiro registo de possíveis cicatrizes provocadas por medusas que estão a proliferar cada vez mais nos oceanos, tirando vantagem do impacto das alteações climáticas. Herpes, marcas pretas e marcas brancas foram as lesões que mais contribuíram para a variabilidade das marcas de pele nas baleias, contudo nenhuma delas está particularmente relacionada com uma espécie (p=0.520, df=2, F=0.288) ou condição corporal específica (p=0.951, df=1, F=0.0293). Em suma, as nossas descobertas fornecem o catálogo mais completo de foto-identificação de marcas de pele para comparar entre espécies de baleias, explora ligações casuais entre a condição de pele e a saúde dos animais e também enumera as possíveis causas (naturais ou antropogénicas) associadas a cada lesão justificadas por revisão bibliográfica.
- Topoisomerases do tipo II como alvos terapêuticos para a terapêutica anticancerígenaPublication . Santos, Daniela Felício dos; Cristiano, Maria Lurdes SantosAs neoplasias estão entre as principais causas de morte do século XXI e caracterizam-se pelo aparecimento de células que crescem de forma descontrolada e indefinida. O risco de desenvolvimento de neoplasia, seja qual for a sua localização, aumenta na presença de fatores tais como a imunosupressão, que pode estar relacionada com o stress, com a idade e/ou com a administração de determinados fármacos, sendo exemplo disso os corticosteroides, antibacterianos, entre outros. O desenvolvimento de fármacos antineoplásicos seletivos e seguros permanece um dos maiores desafios da Química Farmacêutica. As topoisomerases de ADN são enzimas nucleares ubíquas envolvidas nos processos de regulação do estado topológico do ADN, que apresentam um aumento da sua atividade em vários tipos de cancro, podendo mesmo funcionar como biomarcadores. Desta forma, as topoisomerases são consideradas alvos terapêuticos para a terapia anticancerígena, sendo de especial interesse o desenvolvimento de inibidores de topoisomerases que possam ser utilizados. Os inibidores das topoisomerases, nomeadamente os do tipo II, são utilizados para o tratamento de vários tipos de cancro e podem ser divididos, de acordo com o seu mecanismo de ação, em venenos de topoisomerases, como a doxorrubicina e o etopósido, e em inibidores catalíticos, como a merbarona. Contudo, apesar de serem amplamente prescritos, estes fármacos estão associados à possibilidade de desenvolvimento de efeitos colaterais graves, como cardiotoxicidade e neoplasia secundária iatrogénica, levando ainda ao desenvolvimento de resistências. Estas limitações suscitam a necessidade de desenvolver novas estratégias que permitam uma melhor eficácia terapêutica, sendo exemplos a terapia combinada, a síntese de fármacos com mais do que um alvo terapêutico e ainda a utilização de moléculas orgânicas como modeladores enzimáticos. Ao longo desta dissertação será apresentada uma revisão crítica do estado da arte no desenvolvimento e otimização de inibidores de topoisomerases.