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Authors
Advisor(s)
Abstract(s)
Pode a literatura mudar a
vida dos leitores?
É esse o desafio final de
Troika-me, primeiro romance
de Maria João Neves.
A autora vive em Tavira,
onde, no seu consultório filosófico,
aplica um método que
criou e registou, partindo da
Fenomenologia do Sonho, da
filósofa e escritora espanhola
María Zambrano (1904-
1991), ao qual chamou Raciovitalismo
Poético. Doutorada
em Filosofia e a terminar um
pós-doutoramento em Estética
Musical, esta investigadora
universitária partiu destes
seus conhecimentos para,
através da literatura, fazer
uma proposta de mudança
para Portugal.
Utopia?
Não será, certamente, por
acaso que Thomas More é citado
na epígrafe inicial, nem
que uma das personagens
da Utopia tenha dado nome
a uma outra deste romance:
Rafael Hitlodeu (indicação
dada pela autora na Nota Final,
p.303). O livro de Thomas
More baseia-se, precisamente,
na conversa que manteve com
este português que teria encontrado
uma sociedade ideal,
não destruída pelos interesses
particulares e egoístas.
É precisamente esta situação
que é colocada no Troika-
-me, sintetizada num diagnóstico
que identifica as causas da
doença de que o nosso país
padece («ineficiência crónica e
melancolia psicótica» - p.121)
que, a serem sanadas, resolveriam
o problema da nação
(apresento a lista em forma resumida):
1 – Nepotismo, pois
não são os melhores a ocupar
os cargos; 2 – Assédio sexual,
como resquício do feudalismo
na atitude dos dirigentes
de empresas e instituições; 3
– Titulitis – «Portugal sofre de
inflação de títulos» (p.123);
4 – Prolixidade – «Portugal é
um país perdulário. Desbarata
não apenas os recursos
económicos mas, sobretudo,
esbanja palavras» (p.124); 5 –
Pessimismo – «Os portugueses
têm uma disposição natural
para atender ao lado mau das
coisas. Cultivam a auto-depreciação
» (p.124).