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O início do século XX assistiu ao irromper de um novo espírito que suscitou toda uma série de questionamentos ao nível da sustentabilidade dos sistemas que até aí haviam presidido a constituição das estruturas pessoais e sociais na cultura ocidental. A esfera artística assumiu-se como um dos principais agentes neste campo, partindo do quadro de uma reflexão marxista sobre os elementos estruturais que originaram as elaborações sociais próprias às sociedades marcadas pela massificação e pelo capitalismo. Formulando a proposta da criação de uma nova ordem, a ser realizada pela invasão da experiência da arte na vida quotidiana, a vanguarda artística procurou a profunda alteração dos meios de conhecimento, em prol de uma refundação dos alicerces sociais, contestando as estruturas estabelecidas ao nível dos regimes políticos, das elaborações sociais e dos sistemas ideológicos.
Esta influência percorreu de lés a lés o território europeu, desmultiplicandose em diversas estéticas, das quais se destaca, pela precocidade, o futurismo. O acolhimento deste, em Portugal, marca indelevelmente o horizonte da produção literária, simultaneamente desviando e entronizando-se no percurso que o universo
simbolista-decadentista definira a partir de uma vivência de crise finissecular.
O período que dista entre as revistas literárias Orpheu e Portugal Futurista baliza o espaço de tempo em que o futurismo se fez sentir com maior intensidade na arte portuguesa. Entre 1915 e 1917, as principais manifestações futuristas, inspiradas nos focos de irradiação transpirenaicos, evoluem enquanto projecto, pela
mão do grupo que iniciara Orpheu.