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Entre Fevereiro e Março de 1808, um destacamento francês a mando do general Maurin ocupou o Algarve. Para o pequeno “Reino” – epíteto honorífico, a que nunca correspondeu qualquer realidade institucional – era uma invasão sem precedentes, pois, consoante notava pelo último quartel do século XVIII um escritor local, “nas guerras com Castela ordinariamente a barreira dos montes e do Guadiana o faz ser lugar de descanso”1.
As ameaças vinham antes do mar, sobretudo da crónica pirataria magrebina; e ainda se recordava o terrível ataque dos ingleses do conde de Essex, que em 25 de Julho de 1596 desembarcaram perto de Faro, a cidade episcopal que assaltaram, saquearam e incendiaram.
Em Faro se intalou Maurin, obsequiosamente acolhido pela aristocracia local, quer civil quer eclesiástica. Recepções e banquetes oferecidos pelos magnates e, da parte do bispo D. Francisco Gomes de Avelar, uma pastoral emitida a 21 de Maio exortava os diocesanos “a que vos lembreis que a nossa Santa Lei e Religião nos manda que procuremos sempre viver em paz com todos, e sujeitar-nos a quem governa com uma perfeita
sujeição e obediência”2. Legítimo ou intruso – questão que se não punha, porquanto era sempre de instituição divina –, o poder soberano, assim caucionado pela doutrina do absolutismo jusdivinista, requeria submissão incondicionada.