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Biological diversity and community structure of the lchthyofauna on vessel reefs in the Coast of Recife (PE) - Brazil

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Abstract(s)

As a consequence of the degradation of coastal areas, the use of artificial reefs has become an important tool for the enhancement of habitats and biological resources. In the northeastern coast of Brazil, artificial reefs in the form of vessels have been deployed for recreational diving, with fishing activities being prohibited. The present study aimed at reporting the structure and changes in the fish community present in three recently deployed vessel reefs (Mercurius, Saveiros and Taurus) as well as the colonization process on the first two, including a comparison of these three reefs with other artificial and natural reefs, at shallow, intermediate and deeper areas, in the northeastern coast. For this purpose, monthly dives using visual census were made in all the three vessels, from July 2006 to July 2007. Species were categorized according to their trophic and spatial category and analyses were made regarding their frequency, abundance, diversity and similarity. A total of 87 species were identified in this study. The two structurally identical and deeper vessels, Mercurius and Saveiros, showed a greater resemblance in their community structures, regarding family composition, diversity indices and number of species and individuals, in each trophic guild, than with the shallower and smaller vessel, Taurus. Both the trophic and species composition of Mercurius and Saveiros became more similar over time through the colonization process. Although the three vessel reefs point to a possible stability of the fish community, Taurus presents more evidence of regulating interactions amongst species. A high similarity, >50%, was found amongst all reefs compared in this study. The results obtained showed that the vessel reefs have complete and complex fish communities. Because these artificial reefs are creating new habitats and communities, with local economic benefits, their use should be encouraged, with the employment of some reefs only for diving and others, in a future context, for artisanal fisheries management.
A degradação dos ecossistemas costeiros por pressões antropogénicas tem tornado o uso de recifes artificiais numa ferramenta importante para o aumento de habitats marinhos e de recursos biológicos. No nordeste brasileiro os recifes artificiais, especialmente em forma de naufrágios, têm sido utilizados para o mergulho recreativo devido às boas condições de temperatura e visibilidade da área. Nesses locais, segundo uma lei estadual existente desde 2001, a actividade de pesca é completamente proibida. Os principais objectivos deste estudo são observar a estrutura da comunidade ictiofaunística, e suas possíveis mudanças, presente em três naufrágios afundados em Maio de 2006 (Mercurius, Saveiros e Taurus), bem como o processo de colonização, para os dois deles, e ainda comparar estes três recifes com outros recifes naturais e artificiais, a diferentes profundidades, na costa nordeste do Brasil. Com esse intuito, foram realizados mergulhos mensais utilizando censos visuais, de Julho de 2006 a Julho de 2007. Devido à estrutura complexa dos naufrágios e ao reduzido tempo de mergulho foi utilizada uma combinação de metodologias, incluindo transectos e busca intensiva, de forma a observar e contabilizar todas as espécies presentes nos mesmos. As espécies foram separadas em categorias com base no seu comportamento trófico (carnívoros, omnívoros, piscívoros, planctívoros, herbívoros territoriais, herbívoros móveis, predadores de invertebrados sésseis e predadores de invertebrados móveis) e espacial (tipo A - espécies que preferem o contacto físico com o recife; B - espécies que nadam à volta do recife, estando associados a este por visão e som; C - espécies que se mantêm na coluna de água; e D - espécies que utilizam a área ao redor dos recifes), analisandose a sua frequência, abundância, diversidade e similaridade. Foi identificado um total de 87 espécies neste estudo, com 82 para o Mercurius, 68 para o Saveiros e 69 para o Taurus. Os dois naufrágios com características mais semelhantes em termos de tamanho e profundidade, o Mercurius e o Saveiros, apresentaram uma maior semelhança entre si relativamente à composição das famílias de peixes, índices biológicos e número de espécies e peixes encontrados em cada categoria trófica, do que em relação ao Taurus, naufrágio com um tamanho menor e situado a uma menor profundidade. O Mercurius e o Saveiros também mostraram, através de uma ordenação MDS (MultiDimensional Scaling), que a sua composição específica e trófica se tornava cada vez mais semelhante ao longo do processo de colonização. Os valores mais elevados de diversidade biológica foram encontrados nestes dois naufrágios, com igual valor para a diversidade de Shannon (2.83) e reduzida diferença para a equitabilidade de Pielou (entre 0.83 e 0.82). O Taurus apresentou os menores valores para os índices biológicos, com uma diversidade de 2.61 e equitabilidade de 0.76. Estes valores, juntamente com a análise do log da abundância e percentagem de frequência, e do número de espécies e peixes observados ao longo dos mergulhos, mostram que apesar das comunidades já se apresentarem ricas e tenderem a uma estabilidade, o Taurus mostra evidências de processos mais intensos de interacção entre as espécies, encontrando-se a sua comunidade ictiofaunística ainda em estruturação. Para as análises da colonização foram também utilizadas categorias de distribuição espacial das espécies relativamente ao naufrágio, verficando-se diferenças no potencial de caracterização e evolução da comunidade entre as diversas categorias e especialmente em relação à presença ou não de mergulhadores, uma vez que um dos naufrágios comparados estava fechado para mergulho recreativo, servindo como controle. Foi encontrada uma forte semelhança (> 50%) entre todos os recifes comparados neste estudo pela análise de clusters, utilizando-se a lista de ausência/ presença das espécies. Com esses dados, foi feita uma Análise de Correspondência que separou os locais de acordo com a sua profundidade, agrupando os rasos num grupo, todos os intermédios, incluindo um natural, num segundo grupo e, por último, o recife profundo mais afastado. Ainda em relação às análises de cluster, observaram-se diferentes resultados de agregação entre os recifes consoante o tipo de dados utilizados (e. g. todas as famílias ou só aquelas que mostram certo grau de dependência do recife – Acanthuridae, Chaetodontidae, Labridae, Pomacanthidae, Pomacentridae e Scaridae), nas quais o recife intermédio natural se encontrava agrupado aos restantes recifes intermédios mas artificiais ou aos recifes naturais mas rasos. Os resultados obtidos neste estudo mostram que as comunidades presentes nos naufrágios são características da costa nordeste do Brasil, tendo presentes todas as famílias mais encontradas em outros recifes costeiros. Nesta última comparação, as diferenças observadas relativamente aos índices de diversidade foram provavelmente influenciadas pelas características estruturais das áreas comparadas e pelas diferenças de metodologia utilizada (e.g. o uso de transecto versus censo estacionário, a utilização de ictiotóxico como óleo de cravo). Com a falta de estruturas ou relevos mais complexos na plataforma continental de Pernambuco, uma vez que esta é essencialmente plana com poucas irregularidades até aos 40-50 m, o afundamento de estruturas artificiais funciona como um oásis, para o qual são atraídos peixes de áreas adjacentes. Foi observado um aumento no número de espécies do local para mais 20 espécies em menos de três meses. Pelas análises realizadas com a ausência/presença de espécies foi possível obter um cenário temporal das alterações inerentes ao desenvolvimento das comunidades de peixes recifais, atribuindo uma maior importância à ecologia das espécies do que à dinâmica da comunidade como um todo. Como consequência das limitações intrínsecas à comparação de diferentes recifes neste trabalho, resultantes da escassez de bibliografia e utilização de recifes artificiais no nordeste brasileiro, foi impossível distiguir o verdadeiro factor limitante para a distribuição de algumas espécies, i.e., a profundidade ou o tipo de recife. No entanto, apesar da importância atribuída à configuração de um recife na estruturação da sua comunidade ictiofaunística, este estudo sugere a profundidade como um factor chave neste processo, pois as comunidades observadas nos recifes intermédios mostraram-se mais semelhantes entre si independentemente da localização geográfica e do tipo de recife. Uma vez que os naufrágios criaram novos habitats e comunidades de organismos, trazendo benefícios ecológicos e económicos locais, o seu uso na costa pernambucana deverá ser encorajado tanto para a criação de locais de mergulho como, num futuro próximo, para a gestão de pescas artesanais.

Description

Dissertação de mestrado, Biologia Marinha (Ecologia e Conservação Marinha), Faculdade de Ciências do Mar e do Ambiente, Universidade do Algarve, 2008

Keywords

Ecologia marinha Conservação da natureza Recifes artificiais Naufrágios Ictiofauna Comunidade Colonização Mergulho Brasil

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