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- Loulé do mar à terra. Estudo dos animais invertebrados da Casa das Bicas: uma visão diacrónica dos sécs. XIII ao XIXPublication . Pinto, Maria Beatriz Bota; Valente, Maria JoãoO sítio arqueológico da Casa das Bicas, localizado no centro histórico de Loulé, abrange vasta cronologia que se estende desde o período almóada até ao pós-moderno, destacando-se duas estruturas preservadas: os banhos islâmicos (ou hammam) e a Casa Senhorial Barreto. Com uma história que percorre as fases medieval, tardo-medieval, moderno (pré-Barreto), remodelação da Casa Barreto, ocupação da Casa Barreto, pós-Barreto (séculos XVII-XVIII) e pós-Barreto (séculos XVIII-XIX), este sítio é crucial para a história de Loulé e da região algarvia. Esta dissertação foca-se na análise da fauna de invertebrados da Casa das Bicas, utilizando material recolhido durante escavações entre 2006 e 2019. Dado que esta fauna está presente em todas as fases de ocupação, o estudo visa caracterizar esses materiais e observar variações na sua utilização pelas comunidades humanas, incluindo aspetos alimentares e outras funções. Para a realização deste objetivo, foram observados, em particular, os dados taxonómicos, bioecológicos, quantitativos e tafonómicos. A coleção analisada compreende mais de 16 mil restos, correspondendo a mais de 4 mil indivíduos distribuídos por seis grupos taxonómicos: bivalves, gastrópodes, crustáceos, cefalópodes, escafópodes e antozoários. A classe mais abundante é a dos bivalves, onde predominam as Ostrea edulis (ostra), Cerastoderma edule (berbigão) e Ruditapes decussatus (amêijoa-boa), variando principalmente a ordem de abundância ao longo das fases de ocupação. Os gastrópodes, divididos entre marinhos e terrestres, desempenham também papel significativo na coleção. Não obstante as limitações impostas pela variação nas formas de recolha arqueológica, a coleção permitiu observar uma importante diversidade de táxones. Colmatando a raridade de fontes documentais históricas sobre o assunto, foi possível perceber o uso alimentar da maioria dos invertebrados marinhos e de alguns dos terrestres. Algumas espécies podem ter tido as suas partes duras, usadas como utensílios ou matéria-prima para adornos ou artefactos simbólicos. Outras ainda terão sido capturadas sem intenção ou serão intrusivas. Os vários invertebrados marinhos identificados são, na sua grande maioria, comuns na Ria Formosa ou na costa arenosa situada a sul de Loulé, e devem ter chegado à então vila pelas mesmas vias usadas para o comércio de pescado.