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- Fear of socializing in the post covid-19 period: a systematic review of associated behaviorsPublication . Ali, Maiream Mohammed; Ferreira, Lara NoronhaContexto geral: A interação social e a conectividade são essenciais para o bem-estar humano. A pandemia de COVID causou perturbações socioeconómicas globais, tendo sido impostas medidas severas de contenção que restringiram a participação e a interação social. Somos levados a acreditar que o consenso predominante na visão social e no sentido da experiência foi de aplicação de restrições, distanciamento social e isolamento - uma prolongada e indesejável dificuldade que teve de ser suportada até que o perigo diminuísse, tendo como objetivo o bem individual e coletivo. Durante a pandemia, surgiram evidências de um aumento drástico nos problemas de saúde mental, no isolamento social, no medo e nos indicadores comportamentais associados a uma potencial disfunção, incluindo abuso de drogas, privação de exercício físico, alimentação e atividade na internet. Especificamente, havia algumas evidências de que, após essas várias e persistentes interrupções ao longo de anos sucessivos, muitas pessoas estavam a viver uma apreensão generalizada, medo e ansiedade relacionados com o retorno ao trabalho e ao retorno à vida social em geral – um medo ou ansiedade geral de socialização, participação social e interação em muitos níveis. Este medo ou ansiedade parecia ser aparentemente partilhado por muitos estratos da sociedade e em muitas áreas geográficas. Neste estudo, foram formulados dois objetivos e duas hipóteses com base nesses objetivos. A primeira hipótese afirmava que um aumento do medo e da ansiedade entre a população em geral levou à interrupção da interação social, tendo estes sentimentos persistido. A segunda hipótese afirmava que essa rutura da interação social também se manifestava em comportamentos de saúde associados à rutura. Metodologia: Foi realizada uma revisão sistemática da literatura para investigar o impacto da pandemia de COVID-19 na ansiedade, medo e saúde mental. Após uma revisão da literatura de fundo, foram definidas metodologias de revisão que permitiram pesquisar a literatura relevante em quatro bases de dados: a PubMed, o Scopus, a Web of Science e o Google Scholar. Resultados: As pesquisas produziram um total de 4.346 referências que foram importadas para o instrumento de avaliação “Covidence”. Após a aplicação dos critérios de inclusão e de exclusão, foram selecionados 50 artigos para revisão completa, extração de dados e avaliação da qualidade, como base para a síntese e conclusões da dissertação. Destes, 27 estavam relacionados com a interrupção da interação social e 23 estavam relacionados com comportamentos associados específicos, como a atividade física, a alimentação, os comportamentos sedentários, o consumo de álcool e/ou tabaco e a utilização das redes sociais. Os resultados permitiram confirmar ambas as hipóteses. O surgimento e aumento da ansiedade social e outros problemas de saúde mental, também levaram a um aumento na interrupção da interação social e afastamento social que persistiu e ainda é evidente. O afastamento social e a redução ou perda da interação social e dos relacionamentos estão altamente correlacionados com a ansiedade. Confirmámos ainda diferenças de género, demográficas e socioeconómicas. As mulheres, os jovens e as pessoas com menores recursos financeiros apresentaram maior vulnerabilidade. É importante realçar que vários artigos apresentam novas aplicações de técnicas existentes para da enfase a essa hipótese de disrupção da interação social. Um estudo em particular relatou a medição da redução de ação social pós-pandemia e o desenvolvimento de uma escala e de uma ferramenta específicas para o estudo da mesma. O estudo concluiu que a ansiedade social foi correlacionada com o afastamento social muitas vezes não relatado quando medido com precisão. Este resultado está diretamente relacionado com a falta de relatórios sobre este tema específico da dissertação. Confirmámos ainda que indivíduos com maior resiliência e maior interação social, redes sociais e conectividade estavam mais protegidos contra distúrbios mentais e que, em alguns grupos da população, essa proteção levou a um desenvolvimento positivo do crescimento pós-traumático. Em vários estudos, a ansiedade social e outros problemas de saúde mental foram correlacionados com eventuais resultados positivos, como o crescimento pós-traumático e a qualidade de vida enriquecida através de atividades de vida mais variada e em maior escala, como a atividade física, as artes e o relacionamento social mais seletivo. Em muitos casos, este resultado positivo e de desenvolvimento, tal como acontece com o desenvolvimento de ansiedade e problemas de saúde mental em geral, foi mediado através de variáveis individuais e psicológicas, incluindo a resiliência e a presença e acesso a capital social. Os resultados de vários estudos mostraram que a atividade física, a alimentação, o comportamento sedentário, a falta de exercício físico, as comunicações digitais e o uso das redes sociais foram particularmente problemáticos, aumentaram e levaram a distúrbios da saúde mental e a mais ou menos graus de desconexão social e diminuição das relações sociais. Conclusão: O surgimento e o aumento da ansiedade social e de outros problemas de saúde mental durante e após a pandemia, levaram à interrupção da interação social, tendo essa interrupção persistido, sendo ainda evidente atualmente. Este fenómeno de ansiedade social, associado à perturbação da interação social é pouco compreendido, estudado e relatado na literatura. Embora existam e comecem a surgir artigos dispersos relacionados com vários aspetos do tema, estes resultados díspares exigiram agregação e coordenação intelectual. Esta dissertação procura agregar esses resultados díspares e provar as hipóteses e o seu mérito para futuras investigações. Este trabalho apresenta algumas limitações, como o desenho do estudo, a recolha de dados, a qualidade dos estudos analisados, o período de publicações abrangido, o âmbito limitado do estudo e a heterogeneidade e o tamanho da amostra. Os resultados preliminares desta dissertação, quando colocados no contexto da riqueza existente de estudos sobre o aumento alarmante e a persistência da ansiedade social e outros problemas de saúde mental relacionados durante e pós-pandemia, apontam para a necessidade urgente de estudos futuros nesta área. Os resultados deste estudo indicam ainda que o capital social, o apoio social e a formação de redes sociais impactam positivamente a qualidade de vida durante crises como esta e chamam à atenção para a importância de fatores individuais e comunitários na esfera social. As pessoas de todas as idades e níveis económicos devem ser incentivadas a participar em atividades cívicas, proporcionando assim uma distração positiva e uma ligação social e comunitária significativa. Esses resultados podem ser úteis para intervenção clínica direcionada, desenvolvimento de políticas sociais e de saúde pública e alocação de recursos governamentais.