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A temperatura da superfície do mar está a aumentar a nível global, e ao mesmo tempo os ecossistemas marinhos estão em mudança para se adaptarem à situação ambiental em curso. Nos últimos anos, a maioria dos estudos sobre as mudanças dos ecossistemas a longo prazo, mostraram uma migração em direcção aos pólos, um aumento das espécies características de regiões mais quentes, um aumento de espécies não indígenas e/ou um efeito negativo sobre os ecossistemas.
A temperatura é o factor mais importante que determina a distribuição das espécies marinhas e portanto, a biogeografia global das comunidades. Muitos autores têm definido as eco-regiões com base na descontinuidade de comunidades marinhas, com base na temperatura da superfície do mar ou utilizando as descontinuidades das ocorrências das espécies. O litoral Português está situado na região temperada-quente do Atlântico Norte e faz parte da região biogeográfica da Lusitânia. Três quartas partes da costa têm uma orientação norte-sul, com um gradiente latitudinário de cerca de 5º desde Sagres no Sul (36,91ºN) até Caminha no Norte (41,88ºN). Este gradiente provoca um gradiente de temperatura acentuada ao longo da costa estando os organismos no norte influenciados pelas águas frias do Atlântico norte e ao sul pelas águas subtropicais e mediterrâneas.
O estudo mais reconhecido sobre a flora marinha da costa portuguesa foi realizado pela ficóloga F. Ardré. Ardré, como resultado de umas amostragens feitas no final dos anos 50 e início dos 60, descreveu a flora marinha do intertidal da costa portuguesa, utilizando como base as recolhas realizadas em 23 localidades da costa. Neste trabalho Ardré apontou à costa Portuguesa como uma área de transição e também o carácter subtropical da costa sul portuguesa. A maioria dos estudos sobre as algas marinhas bentônicas do litoral Português permaneceram limitadas à zona intertidal e relativamente poucos estudos têm sido estendidos à região subtidal.
Neste estudo, foram amostradas a zona intertidal e subtidal superior ao longo do litoral Português, incluindo os locais previamente amostrados por Ardré durante o final dos anos 50 e início dos 60. A lista actualizada das espécies de macroalgas marinhas da costa Portuguesa inclui 548 táxons (527 espécies, 19 variedades e 2 formas), onde 21 delas são espécies não-indígenas. Das 139 espécies que foram adicionadas à lista anterior, 118 foram encontradas durante o presente estudo. A nova distribuição das espécies do litoral português só pode ser explicada pela combinação de várias rotas de introdução. As espécies que são
características de águas frias muito provavelmente vieram do norte ajudadas pelas correntes costeiras, no entanto as espécies características de águas quentes podem ter sido introduzidas desde o sul, desde a zona mais próxima do Atlântico subtropical através da contracorrente costeira sazonal e também desde o Mar Mediterrâneo. A maioria das espécies encontradas que são características da região subtropical do Atlântico, são também do Mar Mediterrâneo. Algumas das espécies características de águas quentes, eram consideradas endémicas do mar Mediterrâneo o que nos obrigou a considerar a hipótese da introdução das espécies via água mediterrânea, através do Estreito de Gibraltar. A introdução de espécies não indígenas pela actividade humana também tem sido provada. As localidades da costa sul de Portugal e também o Ilhas das Berlengas representam pontos importantes para as espécies de água quente no litoral Português.
Em quatro décadas a flora marinha do litoral Português adquiriu características da flora das águas mais quentes. Como a temperatura mínima da superfície do mar durante o inverno e a primavera aumentaram ao longo de quatro décadas, o limite norte da distribuição das espécies características de águas quentes migrou para o norte. Por outro lado, durante os meses de Verão não se registou um constante aumento da temperatura da superfície do mar, e consequentemente, também não foi registado a migração para o norte do limite sul das espécies características de águas frias.
A província biogeografica “Lusitânia “ do Atlântico Norte é dividida em seis sub-regiões biogeográficas de acordo com a composição de algas marinhas: três sub-províncias continentais com disposição norte-sul, a sub-província Mediterrânea, a sub-província do Norte da Macaronésia e Canárias. Portugal representa uma das zonas de grande dissimilaridade na província biogeografica do Atlântico Norte “Lusitânia”. Na costa sudoeste de Portugal situa-se o ecótono que divide a flora marinha da costa Atlântica do norte da Europa, da flora marinha do sul do Atlântico Europeu e a costa Norte Africana. Os limites latitudinais das espécies, além de ser condicionada pela temperatura, também são definidos pela presença de barreiras geográficas.