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Authors
Advisor(s)
Abstract(s)
lido nada de Milton Hatoum.
Mas, emprestado por uma
amiga, li Dois Irmãos e perguntei-
me por que razão não tinha
ouvido falar dele antes. Às vezes
ando distraída e deixo passar
várias informações literárias em
revistas, jornais e rádio (televisão
não tenho). Deve ter sido numa
dessas alturas que o seu nome
foi falado, até porque as notícias
das suas vitórias de prémios
literários foram difundidas no
nosso país.
Tendo passado por diversas
profissões (arquiteto, professor
de literatura, cronista), Milton
Hatoum não é um desconhecido
em Portugal e muito menos no
Brasil. Por cá, a sua obra (quatro
romances e um livro de contos)
está publicada na Cotovia (Relato
de um certo Oriente – 1999; Dois
irmãos – 2000; Cinzas do norte –
2005 e os contos A cidade ilhada
– 2009) e na Teorema (Órfãos do
El Dourado – 2009). No Brasil, todos
os romances foram premiados:
três deles com o prestigiado
prémio Jabuti de Literatura e um,
Cinzas do norte, com o importante
Prémio Portugal Telecom de
Literatura.
Dois irmãos é um livro pequeno,
mas muito intenso. Depois
de terminarmos a leitura ainda
ficamos com as personagens e
os seus dramas de vida na nossa
memória. Passado em Manaus,
acompanha a história da família
de Zana e Halim, um casal de
libaneses emigrados no Brasil.
A ação acompanha décadas da
família (os gémeos teriam nascido
em 1925), principalmente
do período que medeia a Segunda
Guerra até à ditadura militar,
pelo olhar de uma personagem
secundária, que sabe de muitas
destas histórias em segunda
mão, através das conversas com
diversas personagens, principalmente
Halim e a índia Domingas
que, vimos a saber, é sua mãe.
Tudo nos é revelado aos poucos,
como se o narrador (cujo nome,
Nael, só sabemos quase no fim)
nos fosse contando à medida
que se vai lembrando, recuando
e avançando no relato.