Name: | Description: | Size: | Format: | |
---|---|---|---|---|
1.79 MB | Adobe PDF |
Authors
Advisor(s)
Abstract(s)
Hoje, como nunca antes, as ciências humanas e sociais consubstanciam um
corpo consistente e unificado de dados rigorosos que sublinham as descrições do
“florescimento humano” (flourishing) de quem, surpreendentemente, optou por perdoar,
não obstante a complexidade das condições, circunstancias e situações profundamente
devastadoras fizessem supor o contrário, e de quem aceitou deixar-se “tocar” pelo acto
sublime de ser perdoado. Intacta na densidade do pensamento filosófico e teológico, que
irrompeu ao longo da história, a extraordinária arte de perdoar deixou-se escapar dos
seus manuais para, também, encontrar o seu devido lugar no sistema de pensamento
científico, dentro de um quadro rigoroso e metodológico que configura o actual rumo
tomado pelas ciências do funcionamento humano óptimo que consubstancia o
emergente movimento da Psicologia Positiva (McCullough, 2000; Peterson & Seligman,
2004; Seligman, 2006).
A centralidade deste trabalho inscreve a intencionalidade de analisar a relação
entre o fenómeno psicológico do perdão interpessoal e as suas implicações na
reconstrução da felicidade daquele cuja praticabilidade dessa “força” positiva se afigura
como uma realidade possível, partindo da analise das relações entre variáveis
psicológicas (traços de personalidade) e factores sociodemograficos (e.g., a idade, o
género, a religiosidade e o envolvimento religioso na práxis da catequese) tanto no
perdão disposicional quanto na felicidade ou bem-estar subjectivo e, ainda, na influência
que estes dois constructos exercem entre si.
Justamente porque uma Psicologia do Perdão encontra não somente a sua raiz
no horizonte da Psicologia das Relações Interpessoais mas, na sua inevitabilidade, apela
a uma dimensão tanto teológica e espiritual quanto psicossocial (McCullough, 2000,
2001; McCullough et al., 1997, 1998, 2001; McCullough & Worthington, 1999),posicionamos o estudo numa amostra que, por um lado, consubstancia uma forte
componente interpessoal na sua profissionalidade (um contexto educativo, um contexto
de profissões de ajuda do domínio da saúde e um contexto administrativo) e, por outro
lado, inscreve participantes portadores de uma religiosidade que se exprime por um
forte envolvimento religioso na práxis da catequese.
Foram inquiridos 158 participantes dos três contextos que consubstanciam a
amostra global. Para a avaliação das variáveis em estudo que influem na relação entre a
“força” do perdão e a felicidade, utilizamos a Escala unifactorial sobre a disposição
para o perdão interpessoal (Barros, 2002, 2004), a Escala sobre a propensão para o
perdão (Mullet, et al., 2003), o Inventário de Personalidade – NEO-FFI (Costa &
McCrae, 1992; Lima & Simões, 2002; Simões et al., 2001), a Escala de satisfação com a
Vida (Diener et al., 1985; Simões, 1992) e as Escalas da Afectividade Positiva e da
Afectividade Negativa (Watson, Clark, & Tellegen, 1988; Simões, 1993).
Se, por um lado, os resultados obtidos sugerem que a “força” do perdão está não
apenas positivamente associada com a religiosidade e o envolvimento religioso dos
sujeitos mas que, encontra uma maior dependência com os traços de personalidade
comparativamente aos factores sociodemográficos, por outro lado, apontam que o
perdão disposicional é uma variável preditora na felicidade ou bem-estar subjectivo dos
participantes.
Estes resultados remetem para importantes implicações. A investigação sobre a
temática do perdão interpessoal contribui, de forma significativa, não somente para a
construção de uma Psicologia do Perdão no quadro global da Psicologia das Relações
Interpessoais e, por extensão, da Psicologia da Educação mas, contemporaneamente,
configura um processo psicológico sustentável ao florescimento humano e à felicidade
autêntica.
Description
Keywords
Necessidades educativas especiais Felicidade Bem-estar subjetivo Personalidade - traços Psicologia positiva