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Sei whale feeding and transiting behaviour in the Azores

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Abstract(s)

Sei whales (Balaenoptera borealis) of the North Atlantic were brought to near extinction by twentieth-century industrial whaling. Currently, this species is classified as Endangered, and it is one the baleen whales more poorly understood. This baleen whale uses the Azores region during their annual latitudinal migrations towards the northern areas, but little is known yet to know the importance of this region to their migration success. Therefore, the present study is a contribution to update the information about the species’ habitat use and social ecology in the Azores, including its seasonality, bathymetry, group size, population structure and behaviour, using data from 2009 to 2022. Additionally, feeding behaviour is described in detail based on the large feeding aggregation, registered from August to November of 2022, near Faial and Pico Islands. For the analysis, opportunistic data, collected during whale-watching surveys is used and photo-identification of the individuals observed in the aggregation event too. In total, four islands’ data is analysed and compared, with support of statistical tests. The results show that sei whales are changing the time of their passage in the Azores to late summer/autumn and using this area to feed and not only to pass and rest, as previous reported. The feeding aggregation gives a new idea about the importance of the Azores to Balaenoptera borealis, as it might be becoming an important feeding ground during its migration to northern areas. With this new insight on the species ecology, local conservation measures are revised and proposed, so the navigation of vessels and whale-watching in the feeding zones do not have major impacts on the behaviour and feeding of the animals.
A baleia sardinheira, Balaenoptera borealis, é uma espécie da ordem Cetacea, subordem Mysticeti e família Balaenopteridae. Pertence ao grupo chamado rorquais ou baleias de barbas e tem uma distribuição muito pouco conhecida, uma vez que é muitas vezes confundida com a baleia de Bryde e pelo facto de que o seu padrão é imprevisível, pois estes animais podem ficar por algo tempo numa área e desaparecerem sem previsão. Sabe-se que as baleias sardinheiras tendem a estar mais presentes em zonas de latitude média que as outras baleias de barbas, mas a espécie é considerada cosmopolita, podendo estar presente no mar aberto, em zonas temperadas, subtropicais e subpolares, em ambos os hemisférios e em todos os oceanos. As baleias de barbas são conhecidas por realizarem migrações sazonais de zonas de alta latitude no verão, com elevada produtividade onde se alimentam, para zonas de baixa latitude no inverno, para a reprodução. Relativamente à alimentação, esta espécie destaca-se pela sua adaptação morfológica que a permite alternar entre estratégias de alimentação, principalmente entre os chamados “lunging”, comum no grupo das baleias de barbas e o “skimming”, que é a estratégia alimentar mais comum dos Balenídeos. Esta última é mais usada para a captura de copépodes e pequenas presas e o lunging para outras presas tais como, peixe, cefalópodes e krill. Relativamente às suas populações, esta espécie sofreu um declínio durante a caça à baleia nos séculos 19 e 20, principalmente no hemisfério sul, mas também no Atlântico e Pacífico Norte, nos anos 50, 60 e 70, para a extração de óleo e carne. Desde 1985, a baleia sardinheira é protegida pela Comissão Baleeira Internacional, o que sessou a sua caça intensiva e levou a uma recuperação gradual das populações. No entanto, esta espécie é também afetada pelas alterações climáticas, pelo ruído antropogénico, colisões de navios e emaranhamento em artes de pesca, estando listada como Ameaçada, na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. De acordo com a Comissão Baleeira Internacional, a baleia sardinheira é uma espécie politípica, sendo distinguida em duas subespécies: Balaenoptera borealis borealis Lesson, 1828, considerada a baleia sardinheira do Hemisfério Norte e Balaenoptera borealis schlegellii Flower, 1865, a baleia sardinheira do Hemisfério Sul. No Atlântico Norte, a baleia sardinheira é observada por toda a área, tendo a tendência de seguir o padrão de migração em que passa por Cabo Verde e Madeira, atravessa os Açores e segue para o Mar do Labrador, perto da Gronelândia, onde fica a maior parte dos meses do verão. Relativamente ao arquipélago dos Açores, tem sido considerado uma paragem nesta rota migratória, onde as baleias são observadas, na maioria de abril a junho, a descansar e algumas vezes a alimentarem-se. Esta zona destaca-se pelas suas características a nível de batimetria, temperatura da superfície da água e produtividade, que tornam os Açores uma das áreas do mundo com maior biodiversidade. No entanto, ainda pouco se sabe acerca da importância deste arquipélago no sucesso migratório das baleias de barbas, incluindo a baleia sardinheira. Para além disto, esta espécie é uma das baleias de barbas de que temos menos conhecimento, nomeadamente em relação à sua migração e distribuição, sendo importante rever e perceber os seus padrões e os fatores que mais influenciam o seu movimento, para ser possível criar medidas de conservação adequadas à sua proteção. Sendo assim, neste projeto, pretendeu-se atualizar a informação da ocorrência da baleia sardinheira nos Açores, nomeadamente do uso do habitat e ecologia social. Foi também analisado o evento de agregação desta espécie, que ocorreu entre agosto e novembro de 2022, em redor das ilhas do Faial e Pico, onde se analisa com mais detalhe o comportamento alimentar da espécie. Para tal, foram usados dados oportunísticos recolhidos durante as viagens de observação de cetáceos, para o estudo de vários parâmetros: sazonalidade, preferência de batimetria, tamanho dos grupos, estrutura da população e comportamento. Para tornar a análise mais robusta, foram também usados dados do projeto POPA, recolhidos através de transetos numa embarcação de pesca comercial. Posteriormente, foi feita uma comparação entre quatro ilhas dos Açores: Faial, Pico, São Miguel e Terceira, e toda a análise foi acompanhada por testes estatísticos. Para se poder comparar o evento de agregação com o os restantes períodos, em que baleias sardinheiras foram observadas, os dados foram divididos em dois períodos: de 1998 a julho de 2022 e de agosto a novembro de 2022. Para o último período, foi também realizada a foto-identificação dos indivíduos e criado o catálogo com os mesmos. Entre 1998 e 2022, as baleias sardinheiras tenderam a ser observadas cada vez mais tarde, estendendo a sua passagem pelos Açores para o verão e início do outono, principalmente nas ilhas do Faial e do Pico. Em termos de batimetria, esta espécie apresentou um padrão oportunístico, não mostrando preferência por profundidades específicas. Relativamente ao tamanho de grupos, em concordância com estudos anteriores, esta espécie é maioritariamente observada ou sozinha ou em pares e a presença de crias ou juvenis não parece variar muito entre ilhas nem apresentar um padrão, mesmo considerando algumas falhas de precisão no registo destes dados. Quanto ao comportamento, foi criada uma sugestão de etograma para o estudo deste parâmetro da baleia sardinheira e, mais uma vez, de acordo com estudos anteriores, estas baleias de barbas passaram pelos Açores, sobretudo em trânsito. Relativamente ao evento de agregação, de agosto a novembro de 2022, estes animais foram observados a profundidades muito inferiores, com já alguns avistamentos com grupos maiores (mais de 10 animais próximos do barco), comum nas zonas de agregação para alimentação já estudadas. Foi também observada uma maior percentagem de crias e juvenis durante este período, o que vai de encontro ao facto de a sua passagem nos Açores estar a ser cada vez mais tardia e prolongada, antes de seguirem para o Mar do Labrador. Adicionalmente, foram identificados 79 indivíduos e um deles foi avistado durante algumas semanas na mesma zona, comprovando também o possível prolongamento de passagem no arquipélago. Ainda neste evento, contrariamente ao observado antes, o comportamento mais frequente foi alimentação, com a observação de diferentes estratégias alimentares, incluindo o lunging e skimming. Nos mesmos avistamentos, foi também possível identificar três espécies de presas, o carapau, Trachurus trachurus, o trombeteiro, Macroramphosus scolopax, e o mini-saia, Capros aper. Visto que o comportamento mais observado foi a alimentação, crê-se que esta agregação se deveu então a uma aglomeração de presas na zona, o que atraiu os animais durante o seu percurso migratório para o norte. De acordo com estudos anteriores, estas aglomerações devem-se a processos oceanográficos, nomeadamente mistura de correntes no grupo central do arquipélago, que pode levar a uma subida da nutriclina e confinamento do sistema de remoinhos e frentes, rico biologicamente. A maior abundância de presas pode dever-se também à influência da temperatura na abundância do fitoplâncton, o que pode tornar-se mais frequente no futuro. Sendo assim, é importante continuar a monitorizar esta espécie de baleia de barbas e a sua passagem nos Açores e permanecer com a recolha de dados durante as expedições de observação de cetáceos. Este estudo é uma primeira abordagem e junta diferentes métodos para se poder perceber melhor se o ideal é o seu uso em simultâneo ou se cada um deverá ser melhorado. Os resultados indicam que um método eficaz é a recolha sistemática de dados por parte da equipa de biólogos das marítimo-turísticas, recolhendo campos previamente definidos, como é o caso do iNaturalist e MONICET e, se se garantir a formação da equipa para que a qualidade da recolha de dados seja melhorada, pode ser possível unir a ciência com estas plataformas com dados mais fiáveis e a custo zero. De qualquer das formas, os resultados do presente estudo contribuem para uma visão atualizada da importância dos Açores para a baleia sardinheira e indicam que esta espécie está a mudar a sua passagem pelos Açores, sendo mais observada pelo fim do verão e início do outono. Com esta nova perspetiva sobre a baleia sardinheira nos Açores, criou-se um código de conduta para a circulação de embarcações em zonas de alimentação, de modo a contribuir para a conservação da espécie e destes eventos de agregação Para futuros estudos, sugere-se o uso de métodos aéreos para uma melhor observação e análise do comportamento dos animais, uma análise de um período maior na foto-identificação, uso de tags para uma melhor compreensão dos padrões migratórios da espécie e análise de variáveis ambientais, tais como a temperatura e clorofila, a fim de perceber quais as principais causas da acumulação de presas na zona da agregação.

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Balaenoptera borealis Faial Evento de agregação alimentar Uso do habitat Ecologia social

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