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Abstract(s)
A superordem dos Notothenioidei inclui o maior número de representantes the peixes ósseos
na plataforma continental da Antártida. As condicões abióticas e bióticas que dominam nesta
região do mundo levaram à radiação e à especiação desta ordem. As baixas temperaturas que
se deram durante o período do Eoceno Tardio levaram à flutuação da superfície ocupada pela
calota glaciar no Oceano Antártico o que levou a uma redução do habitat disponível na
plataforma continental. Por sua vez, a falta de habitat foi seguida por um declínio nas espécies
de peixes ósseos e a uma alteração na relação predador-presa o que permitiu dispersão e
diversificação das espécies que se adaptaram ao novo meio ambiente. Há 25 milhões de anos
as condições ambientais tornaram-se mais estáveis criando um ambiente dominado por águas
frias, ricas em oxygénio e nutrientes o que promoveu a adaptação radiativa dos Notothenoids.
Os novos nichos ecológicos associados a condições ambientais estáveis providenciaram aos
Notothenoids os requisitos para se tornarem a ordem de peixes ósseos domiante na plataforma
continental da Antártida. Um dos pontos de interesse por esta ordem de peixes ósseos deve-se
ao facto de ainda não se perceber qual será o impacto do aquecimento global nestas espécies.
As diversas adaptações presentes nas várias espécies desta ordem também representam um
fator de peso no que leva ao seu interesse científico. Estas vão desde elevada densidade de
mitocôndrias e maior dimensão do miocárdio, à perda de resposta das proteínas de choque
térmico, perda de hemoglobina, à evolução de proteínas anticongelantes - as adaptações
observadas indicam quão bem se deu a adpatação desta ordem a um ambiente extremo.
Entretanto, já foram desenvolvidos trabalhos que evidenciam que o sistema imune destas
espécies também foi sujeito a adaptações promovidas pelo meio ambiente da Antártida. De
modo geral, o sistema imune permite aos organismos superar perturbações que vão ao encontro
da sua homeostase. O estudo do sistema imune em vertebrados, como os peixes, pode revelar
aspetos importantes para o entendimento da evolução do sistema imune em vertebrados mais
complexos. O objetivo deste trabalho é de estudar a evolução de genes que se enquadram no
sistema imune de três espécies de peixes ósseos da região Antártida, Eleginops maclovinus que
reside na região sub-polar da Antártida e duas espécies cuja a distribuição é limitada ao oceano
da Antártida pela corrente circumpolar, Notothenia coriiceps e Dissostichus mawsoni. Para tal,
foram escolhidas cinco famílias de genes que se relacionam com o sistema imune, estas foram
os toll-like receptors (TLR), immunoglobulin superfamily (IgSf), phosphoinositide-3-kinase
(PIK3), AKT/protein kinase B (AKT3) e as semaphorins (Sema). Os genomas e transcriptomas
de 8 espécies de peixes foram obtidos de bases de dados de livre acesso enquanto os genomas
e transcriptomas das espécies da Antártida foram proporcionados pelo laboratório do Professor LiangBiao Chen da Shanghai Ocean University. Depois de identificadas as sequências
proteícas destas famílias no peixe modelo Danio rerio, procedeu-se a uma pesquisa de
similaridade por BLAST entre estas últimas e os transcriptomas das restantes espécies de forma
a identificar as sequências potencialmente homólogas. Estas sequências por sua vez foram
filtradas de modo a somente reter, para cada família, as sequências que apresentavam um rácio
de identidade desejado. Após um alinhamento múltiplo de sequências (MSA), foram
escolhidos para cada uma das famílias o melhor modelo evolutivo. Com os MSA de amino
ácidos foi possível construir para cada família uma árvore filogenética na qual foi possível
identificar genes ortólogos. Com os genes ortólogos foi possível construir uma árvore
filogenética de espécies. De seguida, os MSA de amino ácidos foram convertidos para
alinhamentos de codões para permitir a estimação da taxa de substituição de nucleótidos nas
árvores filogenéticas das espécies, que é dada por v= dN/dS onde dN equivale à taxa de
substituição não-sinónima e dS a taxa de substituição sinónima. Com o valor de dS foi então
possível resolver a equação T=Ks/2r, em que T representa o tempo de divergência a ser
calculado, Ks é taxa de substituição sinónima e r é a taxa de substituição estimada obtida da
bibliografia. Os resultados relativos ao número de sequências e a análise filogenética
permitiram identificar variabilidade no número de genes encontrados em cada espécie tal como
também foi possível observar que, quando presentes, os ortólogos das 11 espécies formavam
uma árvore filogenética distincta. Estas observações levaram a estipular, tanto para os
Notothenoids como para os restantes taxa analisados, que estas famílias de genes se enquadram
num processo evolutivo denomiado de processo de nascimento e morte. As estimações dos
tempos de divergência, obtidos nos nós para cada família de genes que representada num maior
número de espécies resultaram em tempos de divergência similares ou superiores às estimativas
dadas pelos registos fósseis. Por sua vez, os nós que apresentavam um menor número de
epécies, indicaram tempos de divergência mais recentes do que os registos fósseis. As cinco
famílias de genes nos Nototheniidae indicaram tempos de divergência recentes desde 7.1
milhões de anos (m.y.a) para Sema, 6.2 m.y.a para AKT3, 4.3 m.y.a para IgSf, 4 m.y.a para
PIK3 e 2.5 m.y.a para TLR. As diferenças obtidas entre os tempos de divergência das cinco
famílias de genes revelam uma possível relevância perante a adaptação dos Nototheniidae ao
ambiente antártico, pois as famílias de genes que apresentam funções mais diversas também
apresentam tempos de divergência mais antigos (Sema, AKT3, PIK3, IgSf) do que as famílias
de genes com funções somente immunologicas (TLR). Finalmente, foi possível observar que
estes tempos de divergência incluem-se dentro das estimativas cronológicas dadas para um
fenómeno climatérico conhecido como transição climatérica do mioceno médio (MMCT) que LiangBiao Chen da Shanghai Ocean University. Depois de identificadas as sequências
proteícas destas famílias no peixe modelo Danio rerio, procedeu-se a uma pesquisa de
similaridade por BLAST entre estas últimas e os transcriptomas das restantes espécies de forma
a identificar as sequências potencialmente homólogas. Estas sequências por sua vez foram
filtradas de modo a somente reter, para cada família, as sequências que apresentavam um rácio
de identidade desejado. Após um alinhamento múltiplo de sequências (MSA), foram
escolhidos para cada uma das famílias o melhor modelo evolutivo. Com os MSA de amino
ácidos foi possível construir para cada família uma árvore filogenética na qual foi possível
identificar genes ortólogos. Com os genes ortólogos foi possível construir uma árvore
filogenética de espécies. De seguida, os MSA de amino ácidos foram convertidos para
alinhamentos de codões para permitir a estimação da taxa de substituição de nucleótidos nas
árvores filogenéticas das espécies, que é dada por v= dN/dS onde dN equivale à taxa de
substituição não-sinónima e dS a taxa de substituição sinónima. Com o valor de dS foi então
possível resolver a equação T=Ks/2r, em que T representa o tempo de divergência a ser
calculado, Ks é taxa de substituição sinónima e r é a taxa de substituição estimada obtida da
bibliografia. Os resultados relativos ao número de sequências e a análise filogenética
permitiram identificar variabilidade no número de genes encontrados em cada espécie tal como
também foi possível observar que, quando presentes, os ortólogos das 11 espécies formavam
uma árvore filogenética distincta. Estas observações levaram a estipular, tanto para os
Notothenoids como para os restantes taxa analisados, que estas famílias de genes se enquadram
num processo evolutivo denomiado de processo de nascimento e morte. As estimações dos
tempos de divergência, obtidos nos nós para cada família de genes que representada num maior
número de espécies resultaram em tempos de divergência similares ou superiores às estimativas
dadas pelos registos fósseis. Por sua vez, os nós que apresentavam um menor número de
espécies, indicaram tempos de divergência mais recentes do que os registos fósseis. As cinco
famílias de genes nos Nototheniidae indicaram tempos de divergência recentes desde 7.1
milhões de anos (m.y.a) para Sema, 6.2 m.y.a para AKT3, 4.3 m.y.a para IgSf, 4 m.y.a para
PIK3 e 2.5 m.y.a para TLR. As diferenças obtidas entre os tempos de divergência das cinco
famílias de genes revelam uma possível relevância perante a adaptação dos Nototheniidae ao
ambiente antártico, pois as famílias de genes que apresentam funções mais diversas também
apresentam tempos de divergência mais antigos (Sema, AKT3, PIK3, IgSf) do que as famílias
de genes com funções somente imunológicas (TLR). Finalmente, foi possível observar que
estes tempos de divergência incluem-se dentro das estimativas cronológicas dadas para um
fenómeno climatérico conhecido como transição climatérica do mioceno médio (MMCT) que ocorreu entre os 25-5 m.y.a. Esta correlação levou a considerar que as adaptações do sistema
imune dos nototheniidae sejam subsequentes ao MMCT.
The Notothenioidei suborder has the largest representation of teleost fish in the Antarctic continental shelf. Their speciation and adaptive radiation was the result of particular abiotic and biotic conditions in the Southern Ocean. During the Late Eocene the cooler temperatures enlarged the ice cover leading to the loss of shelf habitat. This loss of natural environment resulted in a decline of fish diversity followed by the radiation and diversification of those who could adapt to the new conditions. Since then, the stable environment that has governed the Southern Ocean for the last 25 million years promoted the adaption of Notothenoids to cold, oxygen rich waters, allowing them to become the main teleost suborder in the Antarctic shelf habitats. Furthermore, previous work has shown that in Notothenoids immune related genes have undergone adaptations due to their exposure to the environmental conditions of the Antarctic Ocean. Their immune related adaptations give us the opportunity to study the phylogenetic diversification among Notothenioids and other teleosts that adapted to different environments. We studied the evolution of five immune related gene families in eight non- Antarctic vertebrates and three notothenoids, Eleginops maclovinus, Notothenia coriiceps and Dissostichus mawsoni, through phylogenetic analysis and divergence times estimation using nucleic and protein sequences. Genes for five different gene families were obtained from the genome and transcriptome of the investigated species. A possible birth-and-death process may have been identified for the five immune gene families. Furthermore, the divergence times estimated for the nototheniidae indicate that after the Middle Miocene climatic transition, those species relied on the gene families that presented a broader range of functions for their adaption to the Antarctic environment.
The Notothenioidei suborder has the largest representation of teleost fish in the Antarctic continental shelf. Their speciation and adaptive radiation was the result of particular abiotic and biotic conditions in the Southern Ocean. During the Late Eocene the cooler temperatures enlarged the ice cover leading to the loss of shelf habitat. This loss of natural environment resulted in a decline of fish diversity followed by the radiation and diversification of those who could adapt to the new conditions. Since then, the stable environment that has governed the Southern Ocean for the last 25 million years promoted the adaption of Notothenoids to cold, oxygen rich waters, allowing them to become the main teleost suborder in the Antarctic shelf habitats. Furthermore, previous work has shown that in Notothenoids immune related genes have undergone adaptations due to their exposure to the environmental conditions of the Antarctic Ocean. Their immune related adaptations give us the opportunity to study the phylogenetic diversification among Notothenioids and other teleosts that adapted to different environments. We studied the evolution of five immune related gene families in eight non- Antarctic vertebrates and three notothenoids, Eleginops maclovinus, Notothenia coriiceps and Dissostichus mawsoni, through phylogenetic analysis and divergence times estimation using nucleic and protein sequences. Genes for five different gene families were obtained from the genome and transcriptome of the investigated species. A possible birth-and-death process may have been identified for the five immune gene families. Furthermore, the divergence times estimated for the nototheniidae indicate that after the Middle Miocene climatic transition, those species relied on the gene families that presented a broader range of functions for their adaption to the Antarctic environment.
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Keywords
Peixes da Antártida Adaptação Genes da imunidade Famílias de genes Fiolgenia