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Authors
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Abstract(s)
Climate change, as well as polluted and degraded environments have been the focus of concern for a long time. The degradation caused by human activities has been noted to cause various problems in various ecosystems. In this study, the degradation in the environment is suggested to be noted in necropsy findings performed to two marine bird species. The Algarve area in Southern Portugal has witnessed more and more cases of paretic syndrome (PS) within wild animals; debilitated, unable to move and in worst cases barely breathing. The animals have been received by the RIAS Wildlife Rehabilitation and Research Centre. The preliminary results obtained by RIAS suggest the ingestion of Clostridium botulinum -bacteria being behind the syndrome. Here, abnormalities found in necropsies (n=446) performed to Yellow-legged gulls (Larus michahellis) and Lesser black-backed gulls (Larus fuscus), who died due to PS, demonstrate the damage the birds have experienced. The majority of the birds were found to be emaciated, third of the gulls were suffering from renal damage and ceased excretory system that manifested as abnormalities in cloaca occurred in 10 % of the gulls. Other, less common findings (<10 %) were pancreatic damage and aspergillosis. The voluntary movement of the gulls and processes of autonomic nervous system were obstructed and the birds went through a gradual death. In those cases, where the bird had supposedly digested a large amount of the causative agent, the condition worsened rapidly, leading to suffocation due to paralysed muscular and autonomic nervous sys-tem. Various anthropogenic activities have been shown to favour the growth of C. botulinum bacteria, which naturally exists in soils, aquatic sediments as well as low-acid, warm and anaerobic conditions. Favourable conditions may cause high concen-trations of the bacteria, resulting in deaths and altered structure of food webs. This in turn threatens the biodiversity we highly depend on.
As mudanças climáticas, ambientes poluídos e degradados são há muito alvo de preo-cupação. Vários estudos têm sido realizados para apontar os fatores por trás da degra-dação, como práticas agrícolas, produção de energia, destruição de zonas úmidas cos-teiras, urbanização em expansão, bem como práticas de processamento de resíduos urbanos. Várias melhorias foram implementadas para melhorar a situação e mais es-forço tem sido feito ultimamente na proteção do meio ambiente. No entanto, o ritmo das mudanças climáticas, assim como a degradação, é rápido, e as consequências da degradação causada pelas atividades antropogénicas, na maioria das vezes representa-das em números, têm sido muito amplas para que possamos assimilar e o bem-estar económico dos humanos superou o interesse pela manutenção de ambientes intocados. O valor da própria natureza é desconsiderado e o interesse global visa práticas que exploram a natureza ao invés de valorizá-la. A justificativa para o comportamento des-trutivo está disfarçada em operações que melhoram o bem-estar da espécie humana e, portanto, a nossa atenção é canalizada para sentir empatia com nossa espécie, em vez de ecossistemas inteiros que estão sendo destruídos sob pressão antropogênica. Neste estudo, são analisadas duas espécies bioindicadoras que refletem o estado do meio ambiente e o problema reflete-se em problemas de saúde que ocorrem nas espé-cies de aves marinhas em estudo; Gaivota-de-dorso-preto (Larus fuscus) e Gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis). O sul de Portugal, uma área em rápida urbanização e uma atração turística popular, tem testemunhado cada vez mais casos de síndrome parética (SP) em animais selvagens; esta produz debilidade e incapacidade de movi-mento e, na pior das hipóteses, dificuldades respiratórias. Os animais foram recebidos pelo Centro de Reabilitação e Investigação da Vida Selvagem RIAS, onde os animais são reabilitados e devolvidos à natureza. Infelizmente, em alguns casos a síndrome já é muito grave, resultando em morte lenta e gradual do animal. As etiologias por trás da síndrome na literatura incluem biotoxinas produzidas por bactérias e algas, doenças infecciosas, deficiências nutricionais e poluição. Embora a ocorrência natural dessas substâncias no ambiente possa por si só causar PS, todas elas também podem estar associadas ao aumento da atividade antropológica destrutiva, como práticas que cau-sam mudanças climáticas, eutrofização e destruição de habitats naturais. Embora não confirmados neste estudo, os resultados preliminares obtidos pela RIAS apontam o botulismo causado pela ingestão da bactéria Clostridium botulinum como etiologia da síndrome. Aqui, anormalidades encontradas em necropsias realizadas em L. michahellis e L. fus-cus, que morreram devido a PS, permitiram observar os danos que as aves sofreram. L. fuscus é uma espécie migradora que utiliza o Sul de Portugal como zona de inver-nada e de paragem, enquanto L. michahellis habita a área durante todo o ano. Destas espécies, apenas L. michahellis se reproduz no Sul de Portugal, mas como outras aves migratórias, L. fuscus depende muito da alimentação que o Sul de Portugal tem para oferecer. Os achados nestas aves demonstram a ameaça que existe à sua saúde no am-biente em que estas aves vivem. No entanto, a ameaça não diz respeito apenas a estas duas espécies, mas a todo o ecossistema em que existe, embora algumas espécies ape-nas indirectamente. O estudo de espécies bioindicadoras, como a gaivota, dá-nos va-liosas informações físicas, químicas e biológicas que nos permitem desenhar procedi-mentos adequados para o trabalho de conservação e, assim, evitar o agravamento do problema e, de preferência, melhorar a situação. Os exames post-mortem desempenham um papel crucial no estudo da mortalidade. Eles datam de milhares de anos atrás e nos permitiram construir uma compreensão profunda da anatomia. Além disso, o diagnóstico patológico, composto pelo exame post-mortem e exames laboratoriais de apoio, permite-nos formar dados de monitori-zação das espécies em estudo e do ambiente em que vivem; reconhecer precocemente doenças infecciosas emergentes; melhorar o atendimento ao paciente; e promover con-hecimento sobre anatomia e manifestação de doenças. Nas necropsias realizadas, a condição física da ave foi avaliada com base na presença de reservas de gordura, sendo registadas quaisquer anormalidades encontradas nos órgãos da ave. Além disso, foram registados parâmetros populacionais como sexo, idade e espécie, e estudada a susceti-bilidade à síndrome desses diferentes grupos. As aves neste estudo foram encontradas frequentemente emaciadas, sofrendo de desi-dratação, fome, danos renais, sistema excretor cessado e danos pancreáticos. A maioria das aves não conseguiu procurar comida devido à sua condição, resultando em desi-dratação e fome, contribuindo para os danos observados em seus corpos e enfraque-cendo-os ainda mais. Seu metabolismo foi obstruído e as aves sofreram uma morte gradual e dolorosa que durou vários dias. As aves que foram diagnosticadas com boa pontuação de condição corporal (BCS) e não demonstraram anormalidades na necrop-sia, terão ingerido uma grande quantidade do agente causador muito recentemente. Isso resultou em rápida progressão da condição e terá levado à asfixia devido à parali-sia muscular e do sistema nervoso autônomo. Quer a quantidade da toxina ingerida tenha sido grande ou pequena, as últimas horas ou dias da ave foram, sem dúvida, fisicamente desagradáveis. Devido ao comportamento defensivo em gaivotas ainda alertas, é mais provável que as aves tenham permanecido conscientes das mudanças ocorridas em seus corpos desde o aparecimento dos primeiros sintomas até a morte. L. michahellis habita a área durante todo o ano, razão pela qual foi mais representada que L. fuscus. O sexo da ave demonstrou não ter significância na suscetibilidade da síndrome. As diferenças nos hábitos alimentares entre as diferentes idades e durante a reprodução, incubação e época de criação dos adultos, bem como o maior número de adultos habitando a área de estudo, resultaram em maior número de PS nos adultos em comparação aos filhotes, juvenis e subadultos. Os hábitos alimentares da ave foram apontados como a característica mais notável que determina a ocorrência da síndrome. Neste estudo, as consequências da PS em aves são apresentadas de forma detalhada, e não apenas em números, também com registo fotográfico. Espera-se com isso mostrar que a ciência não descarta os valores imensuráveis, aos quais devemos prestar mais atenção. Pelo contrário, a informação baseada na experiência que está fortemente cons-truída em nossa biologia e que nós, como cientistas, somos capazes de avaliar objetiva e criticamente, é um acréscimo valioso que pode apoiar os valores mensuráveis e seu papel deve ser mais enfatizado nos estudos científicos. Embora C. botulinum ocorra naturalmente no meio ambiente e a saúde humana não esteja diretamente ameaçada por isso, o aumento das atividades antrópicas está asso-ciado ao crescimento dessa bactéria, resultando em frequentes e recorrentes mortes em massa de animais, especialmente aves. Além disso, isso tende a alterar a estrutura das teias alimentares, causando desequilíbrio na estrutura trófica. Esses eventos, por sua vez, deterioram a biodiversidade global da qual dependemos profundamente.
As mudanças climáticas, ambientes poluídos e degradados são há muito alvo de preo-cupação. Vários estudos têm sido realizados para apontar os fatores por trás da degra-dação, como práticas agrícolas, produção de energia, destruição de zonas úmidas cos-teiras, urbanização em expansão, bem como práticas de processamento de resíduos urbanos. Várias melhorias foram implementadas para melhorar a situação e mais es-forço tem sido feito ultimamente na proteção do meio ambiente. No entanto, o ritmo das mudanças climáticas, assim como a degradação, é rápido, e as consequências da degradação causada pelas atividades antropogénicas, na maioria das vezes representa-das em números, têm sido muito amplas para que possamos assimilar e o bem-estar económico dos humanos superou o interesse pela manutenção de ambientes intocados. O valor da própria natureza é desconsiderado e o interesse global visa práticas que exploram a natureza ao invés de valorizá-la. A justificativa para o comportamento des-trutivo está disfarçada em operações que melhoram o bem-estar da espécie humana e, portanto, a nossa atenção é canalizada para sentir empatia com nossa espécie, em vez de ecossistemas inteiros que estão sendo destruídos sob pressão antropogênica. Neste estudo, são analisadas duas espécies bioindicadoras que refletem o estado do meio ambiente e o problema reflete-se em problemas de saúde que ocorrem nas espé-cies de aves marinhas em estudo; Gaivota-de-dorso-preto (Larus fuscus) e Gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis). O sul de Portugal, uma área em rápida urbanização e uma atração turística popular, tem testemunhado cada vez mais casos de síndrome parética (SP) em animais selvagens; esta produz debilidade e incapacidade de movi-mento e, na pior das hipóteses, dificuldades respiratórias. Os animais foram recebidos pelo Centro de Reabilitação e Investigação da Vida Selvagem RIAS, onde os animais são reabilitados e devolvidos à natureza. Infelizmente, em alguns casos a síndrome já é muito grave, resultando em morte lenta e gradual do animal. As etiologias por trás da síndrome na literatura incluem biotoxinas produzidas por bactérias e algas, doenças infecciosas, deficiências nutricionais e poluição. Embora a ocorrência natural dessas substâncias no ambiente possa por si só causar PS, todas elas também podem estar associadas ao aumento da atividade antropológica destrutiva, como práticas que cau-sam mudanças climáticas, eutrofização e destruição de habitats naturais. Embora não confirmados neste estudo, os resultados preliminares obtidos pela RIAS apontam o botulismo causado pela ingestão da bactéria Clostridium botulinum como etiologia da síndrome. Aqui, anormalidades encontradas em necropsias realizadas em L. michahellis e L. fus-cus, que morreram devido a PS, permitiram observar os danos que as aves sofreram. L. fuscus é uma espécie migradora que utiliza o Sul de Portugal como zona de inver-nada e de paragem, enquanto L. michahellis habita a área durante todo o ano. Destas espécies, apenas L. michahellis se reproduz no Sul de Portugal, mas como outras aves migratórias, L. fuscus depende muito da alimentação que o Sul de Portugal tem para oferecer. Os achados nestas aves demonstram a ameaça que existe à sua saúde no am-biente em que estas aves vivem. No entanto, a ameaça não diz respeito apenas a estas duas espécies, mas a todo o ecossistema em que existe, embora algumas espécies ape-nas indirectamente. O estudo de espécies bioindicadoras, como a gaivota, dá-nos va-liosas informações físicas, químicas e biológicas que nos permitem desenhar procedi-mentos adequados para o trabalho de conservação e, assim, evitar o agravamento do problema e, de preferência, melhorar a situação. Os exames post-mortem desempenham um papel crucial no estudo da mortalidade. Eles datam de milhares de anos atrás e nos permitiram construir uma compreensão profunda da anatomia. Além disso, o diagnóstico patológico, composto pelo exame post-mortem e exames laboratoriais de apoio, permite-nos formar dados de monitori-zação das espécies em estudo e do ambiente em que vivem; reconhecer precocemente doenças infecciosas emergentes; melhorar o atendimento ao paciente; e promover con-hecimento sobre anatomia e manifestação de doenças. Nas necropsias realizadas, a condição física da ave foi avaliada com base na presença de reservas de gordura, sendo registadas quaisquer anormalidades encontradas nos órgãos da ave. Além disso, foram registados parâmetros populacionais como sexo, idade e espécie, e estudada a susceti-bilidade à síndrome desses diferentes grupos. As aves neste estudo foram encontradas frequentemente emaciadas, sofrendo de desi-dratação, fome, danos renais, sistema excretor cessado e danos pancreáticos. A maioria das aves não conseguiu procurar comida devido à sua condição, resultando em desi-dratação e fome, contribuindo para os danos observados em seus corpos e enfraque-cendo-os ainda mais. Seu metabolismo foi obstruído e as aves sofreram uma morte gradual e dolorosa que durou vários dias. As aves que foram diagnosticadas com boa pontuação de condição corporal (BCS) e não demonstraram anormalidades na necrop-sia, terão ingerido uma grande quantidade do agente causador muito recentemente. Isso resultou em rápida progressão da condição e terá levado à asfixia devido à parali-sia muscular e do sistema nervoso autônomo. Quer a quantidade da toxina ingerida tenha sido grande ou pequena, as últimas horas ou dias da ave foram, sem dúvida, fisicamente desagradáveis. Devido ao comportamento defensivo em gaivotas ainda alertas, é mais provável que as aves tenham permanecido conscientes das mudanças ocorridas em seus corpos desde o aparecimento dos primeiros sintomas até a morte. L. michahellis habita a área durante todo o ano, razão pela qual foi mais representada que L. fuscus. O sexo da ave demonstrou não ter significância na suscetibilidade da síndrome. As diferenças nos hábitos alimentares entre as diferentes idades e durante a reprodução, incubação e época de criação dos adultos, bem como o maior número de adultos habitando a área de estudo, resultaram em maior número de PS nos adultos em comparação aos filhotes, juvenis e subadultos. Os hábitos alimentares da ave foram apontados como a característica mais notável que determina a ocorrência da síndrome. Neste estudo, as consequências da PS em aves são apresentadas de forma detalhada, e não apenas em números, também com registo fotográfico. Espera-se com isso mostrar que a ciência não descarta os valores imensuráveis, aos quais devemos prestar mais atenção. Pelo contrário, a informação baseada na experiência que está fortemente cons-truída em nossa biologia e que nós, como cientistas, somos capazes de avaliar objetiva e criticamente, é um acréscimo valioso que pode apoiar os valores mensuráveis e seu papel deve ser mais enfatizado nos estudos científicos. Embora C. botulinum ocorra naturalmente no meio ambiente e a saúde humana não esteja diretamente ameaçada por isso, o aumento das atividades antrópicas está asso-ciado ao crescimento dessa bactéria, resultando em frequentes e recorrentes mortes em massa de animais, especialmente aves. Além disso, isso tende a alterar a estrutura das teias alimentares, causando desequilíbrio na estrutura trófica. Esses eventos, por sua vez, deterioram a biodiversidade global da qual dependemos profundamente.
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Síndrome parética Necropsia Aves marinhas Biotoxinas Ambientalismo
