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Authors
Abstract(s)
A expressão génica depende de uma coordenação complexa entre diferentes processos,
os quais dependem de muitos e diferentes fatores de regulação. Devido a essa complexidade,
espera-se que isso cause restrições nos estádios de desenvolvimento mais exigentes dos
organismos, e vice-versa. Neste trabalho, tentamos explorar essas restrições e como
influenciam a expressão genica, a relevância desses processos sob essas restrições e quão
eficientes esses processos são para se adaptar sob esses estádios de desenvolvimento.
Nesse sentido, decidimo-nos focar na expressão de genes zigóticos durante as rápidas
divisões nucleares antes a transição da metade da blástula (MBT) do embrião de Drosophila,
em que as curtas interfases limitam o tamanho dos genes aí expressos. Sabendo também que a
mitose inibe no geral tanto a transcrição de genes como o seu splicing, e uma vez que a maioria
dos genes expressos nesta fase não contem intrões, nós colocámos a hipótese de que
provavelmente haveria também restrições no splicing nesse mesmo estádio de
desenvolvimento. De acordo com essa hipótese, dois alelos mutantes para um fator de splicing
nomeado fandango e homologo ao gene Xab2, uma das subunidades to complexo NTC/Prp19
em humano, foram isolados. Estes alelos apresentam defeitos na formação da blastoderme
típicos de alelos mutantes de genes zigóticos. Ao analisar os transcritos expressos, reparamos
que especificamente os genes zigoticamente expresses apresentavam defeitos de splicing,
defeito esse, não observado nos genes transcritos maternalmente e depositados no embrião.
Além disso, a expressão ectópica materna de um transcrito zigótico foi suficiente para suprimir
seus defeitos de splicing no mutante de fandango. Por fim, um pequeno transcrito zigótico
modificado de forma a conter múltiplos intrões apresentou mais defeitos de splicing quando
expresso no embrião do tipo selvagem, comparativamente a sua expressão maternal. Mostrando
assim, a existência de um pré-requisito de splicing altamente eficiente durante o estádio de
desenvolvimento embrionário inicial em Drosophila.
Apesar de 70% dos genes zigóticos expressos inicialmente serem curtos e não conterem
intrões, a restante percentagem preserva intrões na sua arquitetura, sendo expressos durante um
estádio critico para o processo de splicing. Desta forma, e uma vez que alguns destes intrões
são bastante conservados entre espécies relativamente a sua posição, questionámo-nos se estes
poderiam desempenhar alguma função relevante, nomeadamente durante a expressão do próprio gene. Para testar essa hipótese, fomos testar a possível funcionalidade de dois intrões
conservados pertencentes a dois genes que são expressos antes da fase MBT e muito bem
caracterizados: knirps (kni) e even-skipped (eve). Pare esse efeito, foram produzidas moscas
transgênicas de Drosophila contendo inserções genómicas que possuíam o respetivo gene com
ou sem intrão e respetivas regiões intergénicas reguladoras. Infelizmente, não foi possível obter
moscas transgénicas do gene kni, não permitindo tirar uma conclusão sobre a função desse
intrão nesse gene. Surpreendentemente, ambos o transgénico de eve com e sem intrão,
suprimiram completamente o fenótipo de viabilidade do alelo mutante nulo do próprio gene.
Além disso, não foram observadas alterações nos níveis transcritos gerados entre os dois casos,
sugerindo assim não existir uma função para este intrão testado, pelo menos nas condições
testadas.
Para quantificar a eficiência de splicing em embriões de Drosophila, e ver se esta varia
ao longo do desenvolvimento, tirámos partido da sequenciação dos transcritos em elongação
nativa (dNET-seq). Esta técnica permite identificar a posição da RNA polimerase II (Pol II)
com resolução de 1 nucleótido enquanto o gene esta a ser transcrito, e estabelecer a ligação
dessa posição com a informação de splicing ocorrido no transcrito. Para tal foram isolados
núcleos de embriões nos estádios correspondentes ao estádio MBT (early) e pós-MBT (late).
A cromatina foi consequentemente digerida com Micrococcal nuclease (MNase) de modo
solubilizar os complexos contento o DNA, e o RNA nascente ligado à Pol II. Estes complexos
foram imunoprecipitados usando anticorpos específicos para os resíduos fosforilados, Serina 2
e Serina 5, do Domínio carboxi-terminal (CTD) de uma das subunidades da Pol II. Por
consequente o RNA contido nesses complexos foi isolado, fracionado, e ligados
especificamente a adaptadores de modo a garantir que unicamente os RNAs com grupo
hidroxilo 3′ terminal fossem sequenciados.
Desta forma foi possível observar sinal proveniente de genes zigóticos
transcricionalmente ativos no embrião, enquanto que genes expressos maternalmente e
depositados nos embriões, mas transcricionalmente inativos, não apresentaram sinal
significativo. Mostrando assim, que o sinal detetado era especificamente proveniente de
transcritos nascentes. Verificou-se também que a eficiência na terminação da transcrição estava
associada à ausência de genes proximais a jusante ao gene analisado, e curiosamente, que genes
pré-MBT apresentavam essas mesmas características. Enquanto que genes sem genes
posicionados nos 500 pb a jusante, apresentavam pouca densidade de Pol II jusante ao sinal de terminação, genes convergentes que se sobrepõem exibiam mais Pol II a seguir a esse mesmo
sinal, transcrição essa não correlacionada com a transcrição do gene convergente.
Detetámos também reads abrangendo junções recursivas de splicing e entre exões em
transcritos conectados ao local ativo das moléculas de Pol II posicionadas alguns nucleotídeos
a jusante dos locais de splicing recursivos e canônicos 3′. Indicando que o splicing pode ocorrer
logo após um local de splicing, ou seja, muito próximo do canal de saída da Pol II.
Quantificando a eficiência de splicing com base no rácio entre reads spliced e reads totais
detetados nos primeiros nos primeiros 100 nucleóticos a jusante do local de splicing 3′, foi
possível correlacionar essa eficiência com algumas características. Entre essas características,
tanto a força do sinal de splicing presente na sequência 3′, como o alto conteúdo em nucleotidos
GC e o facto dos intrões não pertencerem nem à primeira nem às últimas posições,
correlacionou-se com o facto de haver mais casos com evidencia de splicing imediato.
Inesperadamente, enquanto bastantes intrões curtos apresentavam evidencias de splicing
imediato, concordante com o mecanismo de splicing de definição de intrão, intrões muito
longos, onde era esperado splicing por definição exonica também apresentaram muitos casos
em que o splicing ocorrera antes da Pol II terminar a transcrição do exão. Esta observação,
argumenta que a definição de exão não é obrigatória para splicing em metazoários. Por último,
e além do aumento de densidade de Pol II observado na generalidade dos exões relativamente
aos intrões, encontrámos ainda padrões especificos de pausa da Pol II associados aos diferentes
níveis de eficiência de splicing, sugerindo um mecanismo acoplado de splicing que diminui o
alongamento da transcrição.
Tal como mostrado anteriormente em células humanas, dNET-seq foi capaz de detetar snRNAs
pertencentes ao spliceosoma e productos intermediárias resultantes da primeira reação de
splicing, mostrando uma vez mais que o spliceosoma se associa a Pol II ativa. Esses
intermediários de splicicing juntamente com casos em que reads mostram a junção dos exões, permitiram concluir que 95% dos intrões analisados podem ser removidos cotranscricionalmente.
Our aim is to explore the way developmental processes influence and are influenced by gene expression kinetics. We focused our work on Drosophila pre-midblastula transition (pre- MBT), during which the extremely fast syncytial nuclear divisions are known to impose significant constraints to transcription. Since most pre-MBT genes are intronless, we hypothesized significant constraints to splicing are also likely to occur. Accordingly, mutants for the spliceosome NineTeen complex (NTC) subunit Fandango impaired efficient splicing of pre-MBT but not maternally encoded transcripts. Furthermore, a small early zygotic transcript with multiple introns was poorly spliced in wild-type embryos, which suggests a developmental pre-requisite for highly efficient splicing during Drosophila early embryonic development. Although most pre-MBT genes are intronless, many patterning genes have evolutionary conserved introns. Given this conservation, we hypothesized that some of these introns are functionally relevant for the correct expression of these genes. Nevertheless, a large genomic construct containing an intron-deleted even-skipped (eve) transgene fully complemented the patterning defects of a eve null allele, suggesting no obvious functional requirement for this intron. In order to directly study splicing kinetics in a developing Drosophila embryo, we took advantage of the native elongating transcript sequencing (dNET-seq) to identify the position of RNA polymerase II when introns become spliced. Besides finding that most introns are cotranscriptionally spliced, we showed that in most cases this process occurs when Pol II is found paused few nucleotides past the 3′ss, which in your turn is associated to specific sequence and gene architecture features. Moreover, transcription termination efficiency was found to be associated to absence of proximal downstream genes, while genes with convergent genes show transcriptional-readthrough. Interestingly, pre-MBT genes were typically isolated and/or within large introns of other genes and splicing was typically immediate, which confirms a significant optimization of gene expression beyond small transcriptional unit size.
Our aim is to explore the way developmental processes influence and are influenced by gene expression kinetics. We focused our work on Drosophila pre-midblastula transition (pre- MBT), during which the extremely fast syncytial nuclear divisions are known to impose significant constraints to transcription. Since most pre-MBT genes are intronless, we hypothesized significant constraints to splicing are also likely to occur. Accordingly, mutants for the spliceosome NineTeen complex (NTC) subunit Fandango impaired efficient splicing of pre-MBT but not maternally encoded transcripts. Furthermore, a small early zygotic transcript with multiple introns was poorly spliced in wild-type embryos, which suggests a developmental pre-requisite for highly efficient splicing during Drosophila early embryonic development. Although most pre-MBT genes are intronless, many patterning genes have evolutionary conserved introns. Given this conservation, we hypothesized that some of these introns are functionally relevant for the correct expression of these genes. Nevertheless, a large genomic construct containing an intron-deleted even-skipped (eve) transgene fully complemented the patterning defects of a eve null allele, suggesting no obvious functional requirement for this intron. In order to directly study splicing kinetics in a developing Drosophila embryo, we took advantage of the native elongating transcript sequencing (dNET-seq) to identify the position of RNA polymerase II when introns become spliced. Besides finding that most introns are cotranscriptionally spliced, we showed that in most cases this process occurs when Pol II is found paused few nucleotides past the 3′ss, which in your turn is associated to specific sequence and gene architecture features. Moreover, transcription termination efficiency was found to be associated to absence of proximal downstream genes, while genes with convergent genes show transcriptional-readthrough. Interestingly, pre-MBT genes were typically isolated and/or within large introns of other genes and splicing was typically immediate, which confirms a significant optimization of gene expression beyond small transcriptional unit size.
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Keywords
Embriogénese em drosophila Splieing Transcrição Net-seq