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Geoarchaeology of mound structures: A sedimentary micromorphological analysis of Lapa da Meruje (Vouzela, Viseu)

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Abstract(s)

The occurrence of an ample number of megalithic monuments in the historical region of Lafões, presents itself as a consequence of the increased human activity on the landscape, having this notable growth marked during Neolithic period. From this point, the present work focuses on a geoarchaeological approach, in order to obtain an insight on possible land use before the building of megaliths, as well as the construction phases and of use of these funerary structures. To answer these problems a sedimentary micromorphological analysis was carried out, also adding a better understanding of both the stratigraphy and construction methods of a particular megalithic monument. This was conducted by obtaining samples from the Neolithic dolmen of Lapa da Meruje (one of the few dolmens to have been target of consistent archaeological work), by means of understanding site formation processes through the analysis of thin sections, under a petrographic microscope. Through the use of this method, it was possible to understand the extent of the violation that occurred in the funeral chamber. On the other, preserved areas of the monument revealed the origin of the sediments used for the construction of the monument and the filling of the funerary chamber (in prehistoric times), these being most likely of local origin. Furthermore, several elements within the thin sections led to the possibility of having occurred the practice of vegetation clearance activities previous to the construction of the funerary structure, as well as a layer attributed to preparation practices for the construction of the dolmen.
A ocorrência de um amplo número de monumentos megalíticos na região histórica de Lafões, localizada na Beira Alta, apresenta-se como consequência do aumento da atividade humana na paisagem, tendo este notável crescimento sido marcado durante o período do Neolítico. Como resultado vários trabalhos têm vindo a ser publicados sobre o megalitismo desta região, particularmente quanto à sua grande variabilidade arquitetónica e espólio funerário. Estes trabalhos viram o seu começo ainda nos inícios do século passado, destacando-se A. de Amorim Girão com a sua obra publicada, intitulada as “Antiguidades pré-históricas de Lafões” (1921), que por sua vez estabelece a primeira referência científica destes monumentos pré-históricos. A partir deste ponto, o presente trabalho centra-se numa abordagem geoarqueológica, de forma a obter uma compreensão sobre o possível uso do solo antes da construção dos megálitos, bem como as fases de construção e de utilização destas estruturas funerárias. Para responder a estas problemáticas foi realizada uma análise de micromorfologia sedimentar. Este método baseia-se na observação e interpretação detalhada de amostras sedimentares intactas e orientadas utilizando um microscópio petrográfico para identificar a sua organização interna, de modo a compreender os processos de formação dos depósitos, simultaneamente distinguindo processos antrópicos bem como naturais. Neste caso de estudo, adicionalmente adquirindo também uma melhor compreensão tanto da estratigrafia como dos métodos construtivos de um determinado monumento megalítico. Esta foi realizada a partir da obtenção de amostras de sedimento em bloco do dólmen Neolítico da Lapa da Meruje (um dos poucos dólmens a ter sido alvo de trabalhos arqueológicos consistentes), através da compreensão dos processos de formação do sítio com base na análise de blocos vindos dos depósitos da mamoa e da câmara. Desde 2016 tem se feito trabalhos de escavação de forma contínua na Lapa da Meruje, revelando vários aspetos do monumento, como as suas características arquitetónicas. Trata-se de um monumento de grandes dimensões, constituído por uma câmara e um corredor comprido (irregular) que leva a um átrio exterior. Foram ainda registadas gravuras pré-históricas nos esteios da câmara e do corredor. Estas escavações permitiram compreender as várias fases de ocupação do sítio, sintetizando na sua fundação no Neolítico Médio e o seu selado ainda em época préhistórica (na passagem para o Calcolítico). Por último foram encontradas marcas de clara violação, resultado da sua utilização na Idade Média e outras feitas posteriormente pela sondagem realizada por A. Girão nos inícios do séc. XX. Posto isto, por meio da utilização da micromorfologia, foi possível compreender a extensão destas violações ocorridas na câmara funerária, no qual foram removidos os sedimentos do preenchimento pré-histórico (datados ao Neolítico) pelas comunidades medievais, dada pela presença de cerâmica deste período. Porém não foram identificadas marcas desta violação em níveis próximos da base. Estes sedimentos remexidos teriam sido depositados imediatamente na parte exterior da câmara, na qual numa fase posterior, de estagnação do uso da câmara (ou pelo menos utlizada com pouca frequência), estes foram (re)depositados na câmara através de processos localmente coluviais, dada pela presença de agregados arredondados, bem como a mistura de materiais de várias épocas. Por outro lado, áreas preservadas do monumento revelaram a origem dos sedimentos utilizados para a construção do monumento e o preenchimento da câmara funerária (em tempos pré-históricos), sendo estes provavelmente de origem local. A matriz dos sedimentos do interior da câmara consiste de areias graníticas (compostas principalmente por micas), juntamente com uma grande quantidade de matéria orgânica. Os sedimentos utilizados para o preenchimento da câmara funerária apontam parcialmente para uma fonte semelhante à dos depósitos da mamoa. Vários elementos encontrado nas lâminas delgadas que conduzem à possibilidade de terem ocorrido práticas de limpeza de vegetação anteriores à construção da estrutura funerária, justificado pela presença de uma forte componente de matéria orgânica (fina e amorfa) misturada nos sedimentos. Para além desta foram encontrados vários elementos vegetais como fragmentos de carvão (alguns com a estrutura interna conservada), fitólitos correspondendo a espécies gramíneas. Para além da estrutura pétrea interior, a mamoa também revelou ser mais complexa do qua aparenta a uma primeira vista pela sua heterogeneidade estratigráfica. Esta não se apresentava como uma acumulação simples, resultado de um único evento de despejo (o que normalmente é considerado) mas constituída por camadas atribuída a práticas de preparação para a construção do dólmen. Pela presença de seixos de rio imbricados na base da mamoa, suportados por sedimentos que parecem ter vindo do terraço fluvial de onde o monumento foi construído, com a adição de material arqueológico cerâmico. O nível que cobria estes clastos foi distinguido pela sua matriz mais arenas (em comparação com o nível acima), levando à possibilidade da sua origem como vindas do terraço fluvial alterado. A cerâmica incorporada nestes sedimentos poderia estar relacionada com rituais de preparação do dólmen. Contudo não é claro a que ponto a cerâmica teria sido incorporada, pois poderia já estar incorporada, podendo ter vindo do topo das vertentes da bacia onde possíveis ocupações poderiam estar localizados. A camada superior pela sua (facilmente distinguível pela sua coloração negra) pela sua coloração preta e possui uma microestrutura massiva bem como alto grau de bioturbação, com a presença de marcas deixadas por insetos e plantas. Estas comunidades neolíticas teriam obtido esses sedimentos orgânicos de um solo superficial ou/e horizontes de solo próximos à superfície. Estes mostram características de pertencerem a solos que se desenvolvem sob áreas florestadas. Pela sua forte componente orgânica terão vindo de solos humosos que se desenvolvem sob áreas florestadas. Estas possivelmente terão vindo de depósitos no fundo do vale, erodidos das vertentes da bacia. Em suma, este seminário expõe uma série de problemáticas envolventes à Lapa da Meruje, bem como ao megalitismo de Lafões na sua generalidade, relativos aos impactos que estas construções teriam no meio ambiente envolvente, no entanto a utilização de métodos adicionais em trabalhos futuros (como o uso da geoquímica) poderá vir a confirmar as hipóteses levantadas com o uso da micromorfologia. Adicionalmente a conclusão da escavação da câmara aprofundará a compreensão do uso do monumento.

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Micromorfologia Areias graníticas Cerâmica Sedimentos Seixos de rio imbricados Base da mamoa

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