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Práticas, Percursos & Investigação

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Desde o início da história da humanidade, o homem tem tentado compreender o mundo e tudo o que o rodeia, com o objetivo de melhorar a sua vida. A compreensão do mundo e dos fenómenos que daí decorrem está, desde sempre, associada a processos mais ou menos empíricos de aquisição de conhecimentos, desde métodos de tentativa e erro até aos mais consolidados procedimentos e metodologias de investigação. É inegável que a busca pelo conhecimento é quase coincidente com a própria existência humana. Os motivos e as razões podem diferir, mas a procura por resultados que melhorem as condições de vida é constante. Nas sociedades atuais, a investigação produz novo conhecimento, que rapidamente é integrado e assimilado, desencadeando inovação. Podemos afirmar que a ciência e a investigação são condições essenciais para o sucesso e desenvolvimento das sociedades. A evolução das sociedades assenta na ciência e na investigação, que, pela complexidade da sua estrutura, se foi ramificando em áreas científicas, fundamentais ou aplicadas, especializações, subespecializações e áreas temáticas em desenvolvimento. Por sua vez, a evolução e o avanço contínuo do conhecimento em todas as áreas têm imposto condições e limitações a cada uma delas. À medida que aprofundamos o conhecimento numa determinada área, corremos o risco de perder a visão do todo. Arriscando alguma colagem ao pensamento positivista de Auguste Comte, podemos afirmar que o progresso social decorre do avanço das ciências. A investigação científica fundamenta a criação de conhecimento em todas as dimensões da vida e da interação humana. A vida humana, as sociedades e até a própria investigação científica encontram respaldo nas chamadas profissões. É exatamente sobre três profissões agrupadas na área designada como Imagem Médica e Radioterapia, que englobam a Radiologia, a Radioterapia e a Medicina Nuclear, que nos vamos debruçar neste texto, as quais também fundamentam este livro. Tratando-se de profissões com pouco mais de um século de existência, no que toca à investigação científica, estão a dar os primeiros passos, quando comparadas com as ciências fundamentais. Apesar de ancorarem os seus conhecimentos em áreas como a física, a matemática, a anatomia e a fisiologia, e mais recentemente em campos como a qualidade, a gestão e a segurança do paciente, essas novas profissões revestem-se de tal complexidade que não é possível limitá-las exclusivamente a um único domínio científico. A investigação em Imagem Médica e Radioterapia na Universidade do Algarve conta com vinte anos de existência e um percurso sinuoso, pautado pelas dificuldades inerentes à implementação e consolidação do curso, bem como pela definição nacional e internacional de políticas para este ensino. A consolidação da investigação científica, apesar das dificuldades decorrentes de se tratar de uma universidade afastada dos grandes centros urbanos e da escassez inicial de recursos humanos e materiais específicos, beneficiou da vasta experiência que a Universidade do Algarve detinha em outros domínios científicos, bem como do facto de o próprio curso estar integrado num campus universitário com várias unidades orgânicas plenamente consolidadas. Para não repetir partes do texto publicado anteriormente na obra intitulada “Imagem Médica: Experiências, Práticas e Aprendizagens”, uma vez que já se passaram alguns anos desde essa publicação, importa agora abordar o que foi possível consolidar em termos de percursos de investigação. Como não poderia deixar de ser, há uma forte componente no domínio das radiações ionizantes e de tudo o que lhes está associado, seja na sua utilização, qualidade ou segurança. As áreas de aplicação clínica, no domínio das três profissões, devido à hierarquia e dependência funcional de outras profissões, encontram-se numa fase mais embrionária de desenvolvimento. Acreditamos que a colaboração com a mais recente unidade orgânica da Universidade do Algarve pode potenciar este caminho. A vertente mais instrumental destas áreas também tem sido desenvolvida, com grande ligação à fisiologia humana. Por fim, há uma abordagem humanista e social, que integra a qualidade, a segurança dos cuidados prestados, estudos de satisfação, avaliação de tecnologia em saúde e até áreas da gestão. Importa referir e salientar que este enfoque mais humanista se deve, em parte, à estreita colaboração, praticamente desde a criação da escola, com o Departamento de Ciências Humanas e Sociais da Universidade de Évora. Esta colaboração, em grande medida personalizada na figura do Professor Catedrático Emérito Carlos Alberto da Silva, que, em virtude da sua formação em radiologia e sociologia, reforçou a necessidade de olhar para a imagiologia de forma holística, menos centrada na vertente tecnológica e na aplicação quase exclusiva de procedimentos técnicos. A prática da medicina em geral e da imagem médica em particular, após a introdução de novos conceitos teórico-metodológicos que colocam o paciente no centro dos cuidados, como a avaliação de tecnologias em saúde, a capacidade de decisão e o empoderamento dos utilizadores dos cuidados de saúde, e a governança clínica, juntamente com a consciencialização da necessidade de educar as populações para que possam fazer escolhas acertadas em saúde, traz à tona a necessidade de centrar os cuidados no paciente. A certeza de que as opiniões dos especialistas devem ser articuladas com as preferências dos pacientes, conferindo-lhes capacidade de decisão sobre a sua vida e doença, ao invés de se limitar à decisão técnica e clínica que deixava o indivíduo sem controlo sobre a sua vida, levou à integração das ciências humanas no ensino mais tecnológico e técnico. Após um período em que as ciências humanas quase foram excluídas do ensino das ciências da vida, em concreto da medicina e das áreas a ela associadas, tomou-se consciência, um pouco por todo o mundo, de que os profissionais de saúde não podem se limitar à aprendizagem dos pressupostos técnicos das suas profissões sem incluir uma abordagem centrada na pessoa humana.

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Sílabas & Desafios

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