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An ecological assessment of fish recruitment in Lagos through the monitoring of Biohuts
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Authors
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Abstract(s)
Marine ecosystems are crucial hubs of biodiversity and face increasing threats from human activities, particularly in coastal areas serving as nurseries for fish recruitment, a pivotal factor influencing the abundance and diversity of fish populations. This study focuses on evaluating the abundance, biodiversity and recruitment dynamics through an underwater visual census, with a specific focus on the innovative Biohut structures installed in Marina de Lagos and their potential contribution to marine biodiversity conservation. This study focused on ecological processes such as habitat association and the impact of environmental and biological factors, and assessed the Biohuts potential to enhance abundance, biodiversity and recruitment. The methodology employed underwater visual censuses and environmental data collection for a comprehensive assessment from September 2023 to June 2024. The period between spring and early summer had the highest values in terms of abundance of recruits. The results indicate that the Biohuts significantly increased fish abundance, biodiversity and recruitment when compared with the control areas inside and outside the marina. In conclusion, Biohuts are effective tools for enhancing fish abundance, biodiversity, and recruitment in urbanized coastal areas. They provide a promising solution for habitat restoration, marine biodiversity conservation and can also serve as platforms to study key processes for sustainable management of fisheries as it is the case of fish recruitment.
O aumento da urbanização costeira e a consequente degradação dos habitats marinhos têm sido fatores significativos na perda de biodiversidade e na diminuição do recrutamento de peixes. Para mitigar esses efeitos, soluções inovadoras, como as Biohuts (berçários artificiais), têm vindo a ser implementadas com o objetivo de restaurar e preservar principalmente zonas que tenham sido modificações por ações antropogénicas. Este estudo foi conduzido na Marina de Lagos, Algarve, e teve como principais objetivos a avaliação da influência das Biohuts na abundância de peixes, bem como a nível da biodiversidade e do recrutamento, avaliando o mesmo tendo em conta a presença de diferentes espécies e a relação com as restantes variáveis. As Biohuts são estruturas artificiais desenvolvidas pela empresa francesa Ecocean, projetadas para agir como viveiros artificiais, fornecendo abrigo e proteção para peixes juvenis, promovendo, dessa forma, um ambiente adequado para o recrutamento. Estas estruturas foram instaladas em diversas zonas da Marina de Lagos, abrangendo diferentes níveis de exposição a fatores ambientais e antropogénicos. Os dados foram recolhidos através de censos visuais subaquáticos realizados ao longo de dez meses, de setembro de 2023 a junho de 2024. De modo a perceber de que maneira as Biohuts influenciavam a abundância, a biodiversidade e o recrutamento, os censos foram realizados em três áreas distintas com Biohuts, mais especificamente, uma área de controlo dentro da marina, duas áreas de controlo fora da marina e uma área natural. A nível da recolha dos dados, foram realizados em todas as zonas vários transectos de 10 metros cada. Os resultados indicaram que a instalação das Biohuts teve um impacto positivo na abundância de peixes, quando comparada às zonas de controlo. Em particular, nas áreas com Biohuts, foi observada uma densidade significativamente maior de indivíduos, especialmente em peixes com algum interesse comercial como Mugilidae e Diplodus sargus. Essa maior abundância pode ser atribuída ao facto das Biohuts proporcionarem um habitat protegido que favorece a sobrevivência de juvenis durante as fases críticas do recrutamento. A análise estatística revelou diferenças significativas na abundância de peixes entre as áreas com Biohuts e as áreas de controlo, tanto dentro quanto fora da marina. A área natural obteve o maior valor em termos de abundância, no entanto as áreas com Biohuts dentro da marina superaram as áreas de controlo dentro e fora da marina em densidade de peixes por metro cúbico, demonstrando a eficácia das Biohuts em restaurar ambientes urbanos costeiros. No que diz respeito à biodiversidade, as Biohuts também desempenharam um papel crucial no aumento e preservação de uma comunidade diversificada de peixes. De forma a analisar a biodiversidade, recorreu-se aos índices de biodiversidade de Shannon e Simpson. Os resultados permitiram verificar que as áreas com Biohuts apresentaram uma diversidade de espécies maior e uma dominância menor quando comparadas com as zonas de controlo dentro da marina. No entanto, quando comparadas com áreas naturais fora da marina, o valor é menor. Este resultado semelhante ao da abundância sugere que, embora as Biohuts aumentem a biodiversidade em ambientes altamente modificados, elas não substituem completamente os habitats naturais. A presença de diferentes espécies em zonas próximas das Biohuts foi notável, com destaque para a observação de várias espécies de peixes juvenis de várias famílias e géneros, nomeadamente Mugilidae, Atherina spp. e Diplodus spp. Além disso, foram também observadas algumas espécies em menor abundância como é o caso do Parablennius gattorugine e Trachurus trachurus. Os resultados provenientes dos censos subaquáticos em relação à biodiversidade demonstraram a importância das estruturas artificiais para o suporte da biodiversidade em ambientes urbanizados, consequentemente criando um habitat mais resiliente e com complexidade suficiente para albergar recrutamento. O recrutamento de peixes foi um dos fatores mais influenciados pela instalação das Biohuts. Durante os censos, verificou-se que as Biohuts atuaram como viveiros eficientes, oferecendo abrigo e proteção às espécies, promovendo a sobrevivência de juvenis durante as suas fases mais vulneráveis. Espécies como Diplodus sargus, Sarpa salpa, Sardina pilchardus e Mugilidae apresentaram picos significativos de recrutamento nas zonas com Biohuts, principalmente nos meses de primavera e início de verão, coincidindo com a época de maior recrutamento. Também foi possível verificar que uma grande parte das espécies que apresentaram recrutamento, têm possivelmente o período de desova compreendido entre o final do inverno e o início da primavera. Os resultados demonstraram uma variação temporal no recrutamento, com um aumento acentuado durante os meses de maio e junho de 2024. Este padrão sazonal reflete a influência das diversas condições ambientais na dinâmica de recrutamento e demonstra que as Biohuts são particularmente eficazes em fixar os peixes juvenis durante esses períodos críticos. A análise do recrutamento em função das zonas permitiu concluir que o recrutamento foi maior nas áreas com Biohuts dentro da marina. Os dados indicam que as Biohuts recrutaram uma quantidade considerável de indivíduos, o que sugere que estas estruturas podem mitigar os impactos negativos da urbanização costeira. Relativamente à zona natural apresentar um recrutamento menor do que as Biohuts, poderá estar associado à presença de uma alga invasora (Rugulopterix okamurae). Em termos de recrutamento específico, as Biohuts demonstraram-se eficazes no aumento do recrutamento de várias espécies, incluindo aquelas com maior importância ecológica e potencialmente económica. Entre os taxa com maior recrutamento destacaram-se Mugilidae, Diplodus sargus, Sarpa salpa e Atherina spp. A Mugilidae, em particular, apresentou uma densidade de recrutamento substancialmente maior nas áreas com Biohuts em comparação com as áreas de controlo e área natural. O recrutamento de Diplodus sargus foi também considerável, demonstrando que estas estruturas podem auxiliar na recuperação de populações, sendo assim, um benefício para as comunidades costeiras. Espécies como Sarpa salpa e Diplodus puntazzo também beneficiaram das Biohuts, embora em menor número, o que pode estar relacionado com as preferências específicas por outro tipo de habitat ou também com o seu ciclo de vida. O recrutamento de várias espécies nas áreas com Biohuts indica que estas estruturas proporcionam um ambiente propício para o desenvolvimento de peixes juvenis, contribuindo, assim, para a reposição das populações adultas. Este estudo fornece evidências robustas de que as Biohuts desempenham um papel essencial na melhoria da abundância, biodiversidade e recrutamento de peixes em áreas costeiras urbanizadas, como a Marina de Lagos. Embora as áreas naturais continuem a ser insubstituíveis, as Biohuts oferecem uma solução viável para mitigar os impactos negativos da urbanização costeira. Além disso, a eficácia das Biohuts no recrutamento de espécies com potencial interesse económico sugere que estas estruturas podem contribuir para a sustentabilidade das pescas em regiões costeiras densamente urbanizadas. A longo prazo, a implementação contínua e a expansão do uso dos Biohuts, juntamente com estratégias de conservação de habitats naturais, poderão desempenhar um papel fundamental na gestão dos recursos marinhos e na conservação da biodiversidade.
O aumento da urbanização costeira e a consequente degradação dos habitats marinhos têm sido fatores significativos na perda de biodiversidade e na diminuição do recrutamento de peixes. Para mitigar esses efeitos, soluções inovadoras, como as Biohuts (berçários artificiais), têm vindo a ser implementadas com o objetivo de restaurar e preservar principalmente zonas que tenham sido modificações por ações antropogénicas. Este estudo foi conduzido na Marina de Lagos, Algarve, e teve como principais objetivos a avaliação da influência das Biohuts na abundância de peixes, bem como a nível da biodiversidade e do recrutamento, avaliando o mesmo tendo em conta a presença de diferentes espécies e a relação com as restantes variáveis. As Biohuts são estruturas artificiais desenvolvidas pela empresa francesa Ecocean, projetadas para agir como viveiros artificiais, fornecendo abrigo e proteção para peixes juvenis, promovendo, dessa forma, um ambiente adequado para o recrutamento. Estas estruturas foram instaladas em diversas zonas da Marina de Lagos, abrangendo diferentes níveis de exposição a fatores ambientais e antropogénicos. Os dados foram recolhidos através de censos visuais subaquáticos realizados ao longo de dez meses, de setembro de 2023 a junho de 2024. De modo a perceber de que maneira as Biohuts influenciavam a abundância, a biodiversidade e o recrutamento, os censos foram realizados em três áreas distintas com Biohuts, mais especificamente, uma área de controlo dentro da marina, duas áreas de controlo fora da marina e uma área natural. A nível da recolha dos dados, foram realizados em todas as zonas vários transectos de 10 metros cada. Os resultados indicaram que a instalação das Biohuts teve um impacto positivo na abundância de peixes, quando comparada às zonas de controlo. Em particular, nas áreas com Biohuts, foi observada uma densidade significativamente maior de indivíduos, especialmente em peixes com algum interesse comercial como Mugilidae e Diplodus sargus. Essa maior abundância pode ser atribuída ao facto das Biohuts proporcionarem um habitat protegido que favorece a sobrevivência de juvenis durante as fases críticas do recrutamento. A análise estatística revelou diferenças significativas na abundância de peixes entre as áreas com Biohuts e as áreas de controlo, tanto dentro quanto fora da marina. A área natural obteve o maior valor em termos de abundância, no entanto as áreas com Biohuts dentro da marina superaram as áreas de controlo dentro e fora da marina em densidade de peixes por metro cúbico, demonstrando a eficácia das Biohuts em restaurar ambientes urbanos costeiros. No que diz respeito à biodiversidade, as Biohuts também desempenharam um papel crucial no aumento e preservação de uma comunidade diversificada de peixes. De forma a analisar a biodiversidade, recorreu-se aos índices de biodiversidade de Shannon e Simpson. Os resultados permitiram verificar que as áreas com Biohuts apresentaram uma diversidade de espécies maior e uma dominância menor quando comparadas com as zonas de controlo dentro da marina. No entanto, quando comparadas com áreas naturais fora da marina, o valor é menor. Este resultado semelhante ao da abundância sugere que, embora as Biohuts aumentem a biodiversidade em ambientes altamente modificados, elas não substituem completamente os habitats naturais. A presença de diferentes espécies em zonas próximas das Biohuts foi notável, com destaque para a observação de várias espécies de peixes juvenis de várias famílias e géneros, nomeadamente Mugilidae, Atherina spp. e Diplodus spp. Além disso, foram também observadas algumas espécies em menor abundância como é o caso do Parablennius gattorugine e Trachurus trachurus. Os resultados provenientes dos censos subaquáticos em relação à biodiversidade demonstraram a importância das estruturas artificiais para o suporte da biodiversidade em ambientes urbanizados, consequentemente criando um habitat mais resiliente e com complexidade suficiente para albergar recrutamento. O recrutamento de peixes foi um dos fatores mais influenciados pela instalação das Biohuts. Durante os censos, verificou-se que as Biohuts atuaram como viveiros eficientes, oferecendo abrigo e proteção às espécies, promovendo a sobrevivência de juvenis durante as suas fases mais vulneráveis. Espécies como Diplodus sargus, Sarpa salpa, Sardina pilchardus e Mugilidae apresentaram picos significativos de recrutamento nas zonas com Biohuts, principalmente nos meses de primavera e início de verão, coincidindo com a época de maior recrutamento. Também foi possível verificar que uma grande parte das espécies que apresentaram recrutamento, têm possivelmente o período de desova compreendido entre o final do inverno e o início da primavera. Os resultados demonstraram uma variação temporal no recrutamento, com um aumento acentuado durante os meses de maio e junho de 2024. Este padrão sazonal reflete a influência das diversas condições ambientais na dinâmica de recrutamento e demonstra que as Biohuts são particularmente eficazes em fixar os peixes juvenis durante esses períodos críticos. A análise do recrutamento em função das zonas permitiu concluir que o recrutamento foi maior nas áreas com Biohuts dentro da marina. Os dados indicam que as Biohuts recrutaram uma quantidade considerável de indivíduos, o que sugere que estas estruturas podem mitigar os impactos negativos da urbanização costeira. Relativamente à zona natural apresentar um recrutamento menor do que as Biohuts, poderá estar associado à presença de uma alga invasora (Rugulopterix okamurae). Em termos de recrutamento específico, as Biohuts demonstraram-se eficazes no aumento do recrutamento de várias espécies, incluindo aquelas com maior importância ecológica e potencialmente económica. Entre os taxa com maior recrutamento destacaram-se Mugilidae, Diplodus sargus, Sarpa salpa e Atherina spp. A Mugilidae, em particular, apresentou uma densidade de recrutamento substancialmente maior nas áreas com Biohuts em comparação com as áreas de controlo e área natural. O recrutamento de Diplodus sargus foi também considerável, demonstrando que estas estruturas podem auxiliar na recuperação de populações, sendo assim, um benefício para as comunidades costeiras. Espécies como Sarpa salpa e Diplodus puntazzo também beneficiaram das Biohuts, embora em menor número, o que pode estar relacionado com as preferências específicas por outro tipo de habitat ou também com o seu ciclo de vida. O recrutamento de várias espécies nas áreas com Biohuts indica que estas estruturas proporcionam um ambiente propício para o desenvolvimento de peixes juvenis, contribuindo, assim, para a reposição das populações adultas. Este estudo fornece evidências robustas de que as Biohuts desempenham um papel essencial na melhoria da abundância, biodiversidade e recrutamento de peixes em áreas costeiras urbanizadas, como a Marina de Lagos. Embora as áreas naturais continuem a ser insubstituíveis, as Biohuts oferecem uma solução viável para mitigar os impactos negativos da urbanização costeira. Além disso, a eficácia das Biohuts no recrutamento de espécies com potencial interesse económico sugere que estas estruturas podem contribuir para a sustentabilidade das pescas em regiões costeiras densamente urbanizadas. A longo prazo, a implementação contínua e a expansão do uso dos Biohuts, juntamente com estratégias de conservação de habitats naturais, poderão desempenhar um papel fundamental na gestão dos recursos marinhos e na conservação da biodiversidade.
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Biohuts Recruitment Ecology Biodiversity Fisheries