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Authors
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Abstract(s)
Meagre (Argyrosomus regius) is one of Europe's largest coastal fish and a top predator. It supports both commercial and recreational fisheries and has a growing importance in aquaculture. However, this long-lived species is particularly vulnerable due to significant genetic fragmentation and limited spawning areas. In these areas, they aggregate and are exposed to intense fishing pressures. Understanding the ecology and behavior of this species is crucial not only for fisheries management but also for conservation efforts. We used pop-up satellite archival tags (PSATs), to infer the movement and ecology of meagre, in one of its spawning areas, the Gironde estuary in France. 20 fish were tagged with PSAT, with 15 providing data over sampling periods ranging from 9 to 176 days, with an average of 72.2 days. The data was collected from June until December 2022. The remaining five tags did not transmit data due to a malfunction. The results show a seasonal shift in vertical habitat use where fish utilize shallower warmer waters during summer and deeper cooler waters during the winter, as observed in previous studies in Southern Portugal. Mean depth usage ranged from 5.66 (±1.98 SD) to 17.68 (±9.17 SD) meters, and temperatures ranged from 12.6°C to 24.95°C. The range of depths used in winter was wider than in summer. The opposite was found regarding temperature, with a wider range used during summer, when the water is stratified, and narrower during winter, as the water mixes. No patterns in diel vertical movement were detected. The geolocation models showed that between June and August, the meagre remained inside the estuary or nearby to coastal waters. Since September, meagre began dispersing to more offshore areas, though always inside the Bay of Biscay.
A Corvina, Argyrosomus regius, é um dos maiores peixes costeiros da Europa e um predador de topo, assumindo uma relevância significativa nos ecossistemas marinhos. Alvo tanto de pesca comercial como recreativa, a sua notoriedade em aquacultura tem vindo a aumentar devido a inúmeros fatores como o seu sabor, qualidade, rápido crescimento e grande porte. Atualmente, compreender a ecologia e os padrões de movimento de espécies alvo da pesca, reveste-se de extrema relevância. Especialmente da Corvina, dada a sua particular vulnerabilidade atribuível a características como a reprodução tardia, dependência de áreas costeiras para reprodução – onde os peixes formam agregações e enfrentam intensas pressões pesqueiras - e a fragmentação genética da espécie. Além disso, as suas áreas de desova são bastante limitadas. A Corvina reproduz-se principalmente em seis estuários e deltas no Atlântico e no Mar Mediterrâneo: Gironde (França), Tejo (Portugal), Guadalquivir (Espanha), Nilo (Egito), Menderes (Turquia) e no Banco de Arguim (Mauritânia). Conhecer os habitats essenciais para esta espécies e os respetivos padrões de migração torna-se crucial para a gestão e conservação deste peixe. Embora a Corvina seja amplamente estudada em ambiente de laboratório e em aquacultura, apenas cinco estudos foram realizados in situ utilizando biotelemetria, de forma a investigar tanto preferências térmicas como padrões de movimento. No entanto, nenhuma destas análises teve o estuário de Gironde como área de estudo. No presente estudo, foram utilizadas pop-up satellite archival tags (PSATs), com o intuito de estudar o movimento horizontal e vertical das Corvinas, bem como suas preferências térmicas, no estuário do Gironde (França) e zonas adjacentes. Para o efeito, 20 peixes foram marcados com PSATs, dos quais 15 forneceram dados relativos à temperatura, profundidade e luminosidade ao longo dos períodos de amostragem, que variaram entre 9 e 176 dias - entre Junho e Dezembro 2022 - com uma média de 72.2 dias. Os resultados mostraram uma mudança sazonal no uso do habitat vertical, no qual os peixes utilizam águas mais superficiais e quentes durante o verão e águas mais profundas e frias durante o inverno, corroborando estudos anteriores. A utilização média de profundidade variou entre 5.66 (±1.98 SD) e 17.68 (±9.17 SD) metros, e as temperaturas variaram entre 12.60°C e 24.95°C. A amplitude de utilização de profundidade durante o inverno foi maior do que no verão e o oposto foi verificado em relação à temperatura, com uma amplitude maior durante o verão e menor durante o inverno. Relativamente a estas preferências verticais, é sugerido que a quebra da estratificação da coluna de água do Verão para o Inverno possa explicar, ou influenciar, esta alteração de habitats. No entanto, importa ressalvar que apenas um peixe forneceu informações para os meses de Novembro e Dezembro. Embora a diferença entre a mediana de profundidade utilizada durante o dia e a noite, tenha sido de apenas 0.5 m, foi considerada estatisticamente significante, o que pode ser justificável devido a uma quantidade de amostra demasiado grande. Este resultado já foi observado noutros estudos para esta espécie em fase adulta. Ainda assim, contrastam com comportamentos de Corvinas juvenis e de outras espécies da família Sciaenidae, que tendem a ter comportamentos distintos do dia para a noite. Com o intuito de inferir sobre os padrões de migração horizontal, foram utilizados modelos de geolocalização que fizeram uso de dados de temperatura, profundidade e intensidade de luz para estimar a localização das Corvinas. Além disso, implementámos uma abordagem inovadora ao integrar os resultados da análise de Continuous Wavelet Transform (CWT) em nos modelos de geolocalização, limitando as localizações dos animais ao estuário, sempre que sinais de ciclos de mudanças de temperatura de 12 horas fossem detetados. A incorporação desta informação nos nossos modelos assegurou a obtenção de previsões significativamente mais precisas. Com os resultados obtidos, foi-nos ainda possível constatar que, entre junho e agosto, os indivíduos marcados permaneceram dentro do estuário em águas costeiras, e que após setembro, houve uma dispersão para áreas mais offshore, embora sempre dentro da Baía da Biscaia. As razões subjacentes a esta migração e à utilização, por parte das Corvinas, de áreas mais profundas durante o Inverno não foram ainda completamente elucidadas, ainda que tenham sido já propostas algumas hipóteses. São exemplo: a preferência de estar junto ao fundo do mar, como é característico de uma espécie demersal, o que justifica que a profundidade aumente quando migra para áreas mais offshore; e o fato da migração para áreas mais offshores ser uma resposta para evitar predadores ou mesmo uma alteração do tipo de presas que os impele a predar em áreas com maior profundidade. Globalmente, o presente estudo contribuiu para uma melhor compreensão da população de Corvinas no estuário de Gironde, o que pode ser muito benéfico para a gestão e conservação desta espécie. A determinação dos locais e períodos de agrupamentos destes animais pode ser utilizado para restringir áreas de pesca ou para planeamento espacial marinho. Apesar da amostragem limitada, os resultados obtidos foram coincidentes outros estudos para esta espécie, realizados na Península Ibérica. Em trabalhos futuros, e tendo em vista uma maior robustez das conclusões obtidas, seria recomendável a utilização de uma amostra de maiores dimensões bem como de um período de amostragem mais longo, abrangendo um ou mais anos, a fim de compreender melhor o movimento das Corvinas durante o inverno. Adicionalmente, o recurso a uma dupla marcação, com marcas de satélite e acústicas, permitiria assegurar uma significativa melhoria dos modelos de geolocalização. Por último, um maior conhecimento sobre as eventuais mudanças na alimentação desta espécie entre os períodos de verão e inverno, poderá mostrar-se vantajoso para fundamentar as hipotéticas razões para as suas alterações sazonais de habitat.
A Corvina, Argyrosomus regius, é um dos maiores peixes costeiros da Europa e um predador de topo, assumindo uma relevância significativa nos ecossistemas marinhos. Alvo tanto de pesca comercial como recreativa, a sua notoriedade em aquacultura tem vindo a aumentar devido a inúmeros fatores como o seu sabor, qualidade, rápido crescimento e grande porte. Atualmente, compreender a ecologia e os padrões de movimento de espécies alvo da pesca, reveste-se de extrema relevância. Especialmente da Corvina, dada a sua particular vulnerabilidade atribuível a características como a reprodução tardia, dependência de áreas costeiras para reprodução – onde os peixes formam agregações e enfrentam intensas pressões pesqueiras - e a fragmentação genética da espécie. Além disso, as suas áreas de desova são bastante limitadas. A Corvina reproduz-se principalmente em seis estuários e deltas no Atlântico e no Mar Mediterrâneo: Gironde (França), Tejo (Portugal), Guadalquivir (Espanha), Nilo (Egito), Menderes (Turquia) e no Banco de Arguim (Mauritânia). Conhecer os habitats essenciais para esta espécies e os respetivos padrões de migração torna-se crucial para a gestão e conservação deste peixe. Embora a Corvina seja amplamente estudada em ambiente de laboratório e em aquacultura, apenas cinco estudos foram realizados in situ utilizando biotelemetria, de forma a investigar tanto preferências térmicas como padrões de movimento. No entanto, nenhuma destas análises teve o estuário de Gironde como área de estudo. No presente estudo, foram utilizadas pop-up satellite archival tags (PSATs), com o intuito de estudar o movimento horizontal e vertical das Corvinas, bem como suas preferências térmicas, no estuário do Gironde (França) e zonas adjacentes. Para o efeito, 20 peixes foram marcados com PSATs, dos quais 15 forneceram dados relativos à temperatura, profundidade e luminosidade ao longo dos períodos de amostragem, que variaram entre 9 e 176 dias - entre Junho e Dezembro 2022 - com uma média de 72.2 dias. Os resultados mostraram uma mudança sazonal no uso do habitat vertical, no qual os peixes utilizam águas mais superficiais e quentes durante o verão e águas mais profundas e frias durante o inverno, corroborando estudos anteriores. A utilização média de profundidade variou entre 5.66 (±1.98 SD) e 17.68 (±9.17 SD) metros, e as temperaturas variaram entre 12.60°C e 24.95°C. A amplitude de utilização de profundidade durante o inverno foi maior do que no verão e o oposto foi verificado em relação à temperatura, com uma amplitude maior durante o verão e menor durante o inverno. Relativamente a estas preferências verticais, é sugerido que a quebra da estratificação da coluna de água do Verão para o Inverno possa explicar, ou influenciar, esta alteração de habitats. No entanto, importa ressalvar que apenas um peixe forneceu informações para os meses de Novembro e Dezembro. Embora a diferença entre a mediana de profundidade utilizada durante o dia e a noite, tenha sido de apenas 0.5 m, foi considerada estatisticamente significante, o que pode ser justificável devido a uma quantidade de amostra demasiado grande. Este resultado já foi observado noutros estudos para esta espécie em fase adulta. Ainda assim, contrastam com comportamentos de Corvinas juvenis e de outras espécies da família Sciaenidae, que tendem a ter comportamentos distintos do dia para a noite. Com o intuito de inferir sobre os padrões de migração horizontal, foram utilizados modelos de geolocalização que fizeram uso de dados de temperatura, profundidade e intensidade de luz para estimar a localização das Corvinas. Além disso, implementámos uma abordagem inovadora ao integrar os resultados da análise de Continuous Wavelet Transform (CWT) em nos modelos de geolocalização, limitando as localizações dos animais ao estuário, sempre que sinais de ciclos de mudanças de temperatura de 12 horas fossem detetados. A incorporação desta informação nos nossos modelos assegurou a obtenção de previsões significativamente mais precisas. Com os resultados obtidos, foi-nos ainda possível constatar que, entre junho e agosto, os indivíduos marcados permaneceram dentro do estuário em águas costeiras, e que após setembro, houve uma dispersão para áreas mais offshore, embora sempre dentro da Baía da Biscaia. As razões subjacentes a esta migração e à utilização, por parte das Corvinas, de áreas mais profundas durante o Inverno não foram ainda completamente elucidadas, ainda que tenham sido já propostas algumas hipóteses. São exemplo: a preferência de estar junto ao fundo do mar, como é característico de uma espécie demersal, o que justifica que a profundidade aumente quando migra para áreas mais offshore; e o fato da migração para áreas mais offshores ser uma resposta para evitar predadores ou mesmo uma alteração do tipo de presas que os impele a predar em áreas com maior profundidade. Globalmente, o presente estudo contribuiu para uma melhor compreensão da população de Corvinas no estuário de Gironde, o que pode ser muito benéfico para a gestão e conservação desta espécie. A determinação dos locais e períodos de agrupamentos destes animais pode ser utilizado para restringir áreas de pesca ou para planeamento espacial marinho. Apesar da amostragem limitada, os resultados obtidos foram coincidentes outros estudos para esta espécie, realizados na Península Ibérica. Em trabalhos futuros, e tendo em vista uma maior robustez das conclusões obtidas, seria recomendável a utilização de uma amostra de maiores dimensões bem como de um período de amostragem mais longo, abrangendo um ou mais anos, a fim de compreender melhor o movimento das Corvinas durante o inverno. Adicionalmente, o recurso a uma dupla marcação, com marcas de satélite e acústicas, permitiria assegurar uma significativa melhoria dos modelos de geolocalização. Por último, um maior conhecimento sobre as eventuais mudanças na alimentação desta espécie entre os períodos de verão e inverno, poderá mostrar-se vantajoso para fundamentar as hipotéticas razões para as suas alterações sazonais de habitat.
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Sciaenidae Biotelemetria Psat Movimento Baía da Biscaia