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Abstract(s)
Depois de ler o livro de Diego
Mesa, vêm à memória desta
cronista uns versos de Camões:
«Transforma-se o amador na
cousa amada/ por virtude do
muito imaginar».
Ao ler o livro de José Saramago,
Viagem a Portugal
(1981), o mesmo terá acontecido
a Diego Mesa, escritor
natural de Ayamonte e grande
apaixonado pelo nosso país,
que mantém um blogue intitulado
http://aulajosesaramago.
wordpress.com, onde divulga o
trabalho que se vai fazendo em
prol da disseminação da obra do
Nobel da Literatura português,
que o inspirou a refazer os seus
passos.
Escrito na terceira pessoa, Saramago
designa a personagem
que percorre o país de lés a lés
como «o viajante». E este viajante
vai ser, para Diego Mesa, «o outro
viajante», já que, assumindo
uma personagem equivalente,
adota um estilo e retórica reconhecíveis
para o leitor.
Tomando como ponto de partida
o último capítulo, «De Algarve
e sol, pão seco e pão mole»,
que ocupa 18 páginas na edição
da Viagem a Portugal, do Círculo
de Leitores, e fazendo dele o seu
guia de viagem, um novo viajante
percorre esta terra, de uma ponta
a outra, de carro e de comboio,
revisitando os lugares ali mencionados.
Naturalmente que,
passados mais de 30 anos desde
a 1ª edição daquela obra, muitas
coisas se alteraram e é bom saber
que, na sua maioria, para melhor.
Os passos citados de José Saramago
aparecem em itálico no texto
de Diego Mesa, que muito bem
os enquadra.
Não se pense, porém, que este
novo viajante apenas repete o
que o outro visitou. É verdade
que o usa como guia, mas também
faz dele a sua inspiração
para novos percursos, como a
visita mais demorada a Portimão
ou a viagem de comboio
entre Vila Real de Santo António
e Lagos. Além disso, a Viagem ao
Algarve tem algumas breves (e
úteis) notas de rodapé e, no final,
uma boa bibliografia que poderá
ajudar o leitor interessado em
aprofundar mais o assunto. Para
que fique perfeito, só falta
que a próxima edição tenha
uma boa revisão de texto.
Precisando de selecionar alguns
excertos para aqui constarem,
deixou-se esta cronista levar
pelo seu interesse especial por
ruínas e museus, apresentando
dois apontamentos sobre estes
tipos de espaços.