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Real relationship and working alliance: their association and contribution to the outcome of psychotherapy

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The real relationship and working alliance are considered sister concepts because even though they are separate constructs they are also interrelated. Both of them are considered to contribute significantly to the outcome of therapy, but there are still some questions regarding their relationship, like what contributes to their proximity? To examine the association of real relationship and working alliance across studies, and confirm their separation, we elaborated a systematic review of this two constructs. Based on the results from that study, we conducted an empirical investigation with 40 ongoing therapist-client dyads, where we evaluated how real relationship and working alliance contribute to the outcome of psychotherapy, and if that contribution was influenced by the rater’s perspective. The meta-analysis confirmed the theorized association between real relationship and working alliance, revealing an overall correlation of r = .66. The manner in which each of them contributes to outcome confirmed their differentiation. The empirical study also showed a significant correlation between real relationship and working alliance, and that the bond subscale of the Working Alliance Inventory (WAI) had an influence in this association. Overall, real relationship seemed to predict outcome beyond the working alliance, in both client and therapist’s perspectives. However, when we considered the subscales, the results depended on the perspective: for clients, genuineness was a better predictor; for therapists, realism was more important when combined with the task subscale of the WAI. The study emphasizes the need to keep the research on the concepts of real relationship and working alliance, in order to improve the therapeutic relationship and the outcome of psychotherapy.
A relação terapêutica é tão importante para o sucesso da terapia como a própria intervenção psicoterapêutica. Assim, é importante que a primeira seja tão estudada como a segunda. O modelo tripartido da relação terapêutica, proposto por Gelso, afirma que existem três importantes componentes que são diferentes, mas interligados: a relação real, a aliança terapêutica e a configuração transferência-contratransferência. A relação real define-se como a relação pessoal existente entre duas ou mais pessoas, que se reflete no grau em que cada uma é genuína com a outra e percebe a outra de forma realista. Esta definição inclui duas dimensões importantes: a genuinidade e o realismo. A genuinidade é a capacidade de ser quem realmente se é, de ser autêntico no “aqui-e-agora”; o realismo é a experiência ou perceção do outro de formas que lhe são próprias, em vez de projeções do indivíduo baseadas nos seus medos ou desejos. A aliança terapêutica foi definida de várias maneiras ao longo dos anos, mas Gelso adota a definição de Bordin porque esta coloca o enfoque no trabalho terapêutico. Assim, consideramos a aliança terapêutica como a colaboração entre terapeuta e cliente que assenta em três componentes: acordo sobre objetivos terapêuticos, consenso sobre as tarefas que compõem a terapia, e um vínculo entre ambos os participantes. Embora a aliança terapêutica faça parte do tratamento, no sentido em que existe para realizar o trabalho da terapia, a relação real está presente sempre que duas ou mais pessoas se relacionam entre si. Por este motivo, o vínculo presente tanto na aliança como na relação real deve ser visto como um vínculo de trabalho e um vínculo pessoal, respetivamente. O facto de estes dois conceitos estarem tão interligados e, ainda assim, serem independentes, faz com que tenham sido nomeados “conceitos-irmãos”. A American Psychological Association (APA) organizou um grupo de trabalho cujo objetivo é identificar e estudar os elementos que compõem a relação terapêutica e contribuem para os resultados da terapia. Num conjunto de meta-análises reunido por Norcross e Lambert (2019), é demonstrado o contributo da relação real e da aliança terapêutica, de forma independente, para os resultados. No nosso estudo, que está dividido em duas partes, começámos por realizar uma revisão sistemática da literatura no que a estes dois construtos diz respeito. Pretendíamos examinar a sua associação e confirmar a sua diferenciação; e observar como estes construtos podem predizer o resultado da terapia. Tendo como base uma meta-análise realizada por Gelso et al. (2019), pesquisámos os conceitos “relação real” e “aliança terapêutica” em bases de dados científicas e definimos os critérios de inclusão e de exclusão, o que nos levou a um total de 23 artigos. Para a realização da meta-análise, tivemos de adotar critérios mais específicos, o que nos levou a excluir 7 artigos da amostra. Esta acusou uma correlação moderada entre relação real e aliança terapêutica de r = .66, confirmando a forte associação entre os construtos, mas sem revelar a que se devia esta associação. Na revisão sistemática, os resultados mostraram: que relação real e aliança terapêutica contribuem de maneiras diferentes para os resultados, confirmando que são conceitos diferentes; a relação real parece ser melhor preditora dos resultados da terapia; poderá haver influência do avaliador no valor preditivo de cada um dos construtos. Para tentar responder às questões levantadas neste estudo, realizámos um estudo empírico. Neste segundo estudo, propusemo-nos a responder se o fator vínculo do Inventário de Aliança Terapêutica (IAT) tinha influência na forte associação demonstrada entre relação real e aliança terapêutica; e se o avaliador (terapeuta ou cliente) dos construtos influencia o valor preditivo dos mesmos. Nesta investigação, reunimos informação de 40 díades terapeuta-cliente, constituídas por 6 terapeutas e 40 clientes. Todos os participantes completaram instrumentos de autorrelato sobre a relação real, a aliança terapêutica, os resultados de terapia e desejabilidade social. Os instrumentos foram aplicados à distância, através da plataforma Google Forms, devido à pandemia de Covid-19 que vigorava na altura em que o estudo foi conduzido. Foram realizadas correlações de Pearson na análise dos resultados e detetámos associações positivas e significativas entre a relação real e a aliança terapêutica. No caso dos clientes, o fator vínculo revelou uma correlação moderada e significativa com a relação real. Procedemos a uma análise posterior de significância de correlações, que demonstrou que o fator vínculo poderá estar a contribuir para as elevadas correlações entre relação real e aliança terapêutica. Tanto a relação real como a aliança terapêutica tiveram associações significativas com os resultados da terapia. Através de regressões lineares hierárquicas, observámos que, em ambas as perspetivas (terapeuta e cliente), a relação real era o melhor preditor de resultados. Quando observadas ao nível dos seus fatores, a subescala tarefas do IAT e a subescala genuinidade do Inventário de Relação Real (IRR) demonstraram ser as melhores preditoras dos resultados da terapia. No entanto, quando os fatores do IAT eram colocados no primeiro bloco de análise, havia diferenças ao nível dos avaliadores: na perspetiva dos clientes, a genuinidade roubava o valor preditivo das tarefas, tornando-se o melhor preditor; enquanto para os terapeutas o realismo e as tarefas, em conjunto, eram bons preditoresApesar de já estar estabelecido que a aliança terapêutica é um importante componente da relação terapêutica e um bom preditor dos resultados da terapia, neste estudo chegámos à conclusão de que a relação real também deve ser tida em consideração, pois mostrou ser um melhor preditor de resultados que o seu “conceito-irmão”. É necessário, contudo, algum cuidado a interpretar os nossos resultados, pois a amostra que apresentamos não é de grande dimensão, em particular no número de terapeutas, e os clientes apresentavam-se em diferentes fases da terapia, além de se encontrarem em psicoterapias diferentes. Além disso, apesar de uma tradução que consideramos adequada, o IRR ainda não foi validado para a população portuguesa. Este estudo vem acrescentar ao que tem sido feito no campo da relação terapêutica, não só ao nível da investigação, como ao nível clínico. Em termos de investigação, revela que o IAT talvez precise de ser revisto, porque o fator vínculo está a influenciar as correlações entre relação real e aliança terapêutica. Em termos clínicos, mostra que é necessário informar sobre a relação real e desenvolver estratégias que permitam aos terapeutas desenvolver as suas relações reais com os seus clientes e, consequentemente, melhorar os resultados da terapia..

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Relação terapêutica Relação real Aliança terapêutica Resultados de terapia

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