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Vilhena Mesquita, José Carlos

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  • Salazar e Duarte Pacheco não ouviam a mesma música: um episódio quase anedótico com o ministro Duarte Pacheco
    Publication . Mesquita, José Carlos Vilhena
    Apesar de Salazar ser um ultraconservador, antidemocrata e antipartidário, de espírito rural, atreito a modernismos e inovações reformistas, teve no seio do seu primeiro governo uma figura de marcante iniciativa, contagiante ativismo, destacado empreendedorismo e de fulgurante reputação, que foi o Eng.º Duarte Pacheco. Não foi um convicto partidário do corporativismo salazarista, ate porque nas manifestações oficiais e públicas, em que intervinha, não fazia a saudação fascista nem evidenciava o júbilo esfuziante, quase fanático, dos outros ministros e acólitos do «Estado Novo». Inclino-me a aceitar que Duarte Pacheco nunca foi um fascista, na verdadeira asserção do termo, mas já não tenha duvidas quanto as suas convicções nacionalistas.
  • Júdice Fialho, o maior industrial conserveiro do Algarve
    Publication . Mesquita, José Carlos Vilhena
    A figura mais notável da História da Indústria Conserveira no Algarve, foi sem sombra para dúvidas João António Júdice Fialho, um homem inteligente e empreendedor, que nas primeiras décadas do século XX conseguiu conquistar os principais mercados europeus com as suas conservas de atum e de sardinha, mas também com as suas massas alimentícias, compotas e marmeladas. Foi dos poucos industriais das pescas que há mais de um século atrás soube visionar o conceito de globalização à escala atlântica, investindo na aquisição de modernos meios de transformação industrial do pescado, cujos avultados lucros lhe permitiram diversificar a produção e reinvestir noutros segmentos de mercado.
  • Uma viagem através da Luz
    Publication . Mesquita, José Carlos Vilhena
    Este livro gira em torno duma espécie de viagem cósmica impulsionada à velocidade da luz pela força da palavra. A ideia incomensurável do universo físico está patente neste livro através da persistente alusão aos seus elementos constituintes, com particular acinte na luz solar, fonte e gérmen de vida, nos astros que integram o nosso sistema astronómico (estrelas, cometas, planetas, quasares), assim como nas figuras que compõem o nosso universo mítico, como a fénix, a cobra alada, a pedra filosofal, os grifos das trevas e os cavaleiros do apocalipse, os mitos da Esfinge, de Andrómeda e de Prometeu, enfim toda uma panóplia de aparente fantasia científica, que aqui é tratada e transmitida de forma etérea na volatilidade do verso poético.
  • Para a história da saúde no Algarve. As epidemias de cólera-mórbus no século XIX
    Publication . Mesquita, José Carlos Vilhena
    Os portos algarvios, que contribuíram para a prosperidade económica da região, implementando a exportação dos produtos naturais e facilitando o crescimento dos sectores pesqueiro e industrial, não deram só entrada às riquezas, como também por eles passaram algumas das desgraças que mais flagelaram este velho reino. Falamos dos surtos epidémicos que, a seu modo, constituíram um dos vectores condicionantes do crescimento populacional. O assunto é recorrente, poiscom Gibraltar, Norte de África e Espanha, conferiam-lhe um grau de risco difícil de comparar a outras regiões do país. Por outro lado, os costumes e mentalidades do nosso pov desde os primórdios da civilização ocidental que as sociedades humanas se debatem com o flagelo do contágio epidémico, que ao atingir proporções devastadoras se denomina vulgarmente por peste. Quando o surto é episódico ou sazonal costuma designar-se como pestilência, febre contagiosa ou sezão maligna. O Algarve, devido ao seu posicionamento geográfico, com portos afáveis e seguros, era uma espécie de “porta aberta” ao tráfego africano e ao afluxo mercantil dessa milenar estrada mediterrânica. Por isso, não nos surpreendem as constantes ofensivas epidémicas que ao longo do século XIX conspurcaram esta região e atemorizaram este povo. Para regulamentar a prestação de serviços médicos e auxiliar as populações, haviam-se instituído organismos públicos como a Real Junta do Proto-Medicato, que, entre outras funções, vigiava e avaliava a competência científica dos profissionais de medicina. Posteriormente substituída pela Junta de Saúde Pública, mais vocacionada para o combate epidemiológico e para a obstrução de contágios exteriores. Em boa verdade, o Algarve, não só pela sua situação geográfica como até pelo clima, então considerado insalubre, foi sempre achacado a febres infecciosas, sazonais, virulentas, contagiosas e epidémicas. A sua proximidade com Gibraltar, Norte de África e Espanha, conferiam-lhe um grau de risco difícil de comparar a outras regiões do país. Por outro lado, os costumes e mentalidades do nosso povo eram também responsáveis pela falta de higiene que grassava por todo o território nacional. Temos vários exemplos e diversas reclamações. Vejamos apenas uma, que nos pareceu verdadeiramente esclarecedora sobre a realidade que então se vivia.
  • A Pesca da baleia no Algarve
    Publication . Mesquita, José Carlos Vilhena
    A pesca da baleia no litoral algarvio foi uma das primeiras actividades económicas da região, Integrava-se nas chamadas «pescarias históricas». A sua efectividade nos mares do Algarve ascende a tempos muito remotos. Desde as colonizações fenícias, cartaginesas, grega, romana e árabe, que existem provas arqueológicas, e até descrições narrativas, duma intensa actividade na captura de cetáceos para lá das portas de Hercules, ou seja, nas costas do Algarve-Andaluz.
  • A Resistência Miguelista no Algarve – A Guerrilha do Remexido
    Publication . Mesquita, José Carlos Vilhena
    Artigo científico, alicerçado em documentação inédita e credíveis fontes bibliográficas, sobre a acção político-militar de José Joaquim de Sousa Reis, vulgo o Remexido, famoso guerrilheiro que sustentou a causa miguelista até ao fim do período histórico conhecido por “Setembrimo”. O fenómeno histórico-lendário do Remexido vem na esteira do herói-popular que sustenta uma causa, empunha uma bandeira e morre de pé, fiel às suas convicções e ao seu idealismo político. Para os vencedores não passou de um rebelde miguelista que não aceitando a amnistia política da Convenção de Évora-Monte, se transformou num sanguinário guerrilheiro, que ameaçou a segurança dos habitantes do Algarve e a própria integridade nacional. A sua acção militar servia os interesses das guerrilhas carlistas espanholas, desejosas de concentrarem poderosas forças militares no Algarve e Andaluzia, para investirem contra o ateísmo liberal que se havia apoderado da Península Ibérica. O mito do Remexido terminaria a 2-8-1838, à frente de um pelotão de fuzilamento. Mas, ainda hoje, os algarvios veneram a sua memória como um herói e um ídolo popular. Qualquer que seja a opinião ou a perspectiva, com que se observe o fenómeno da luta de guerrilhas no Algarve, não se pode ficar indiferente, nem deixar de realçar, a carismática figura do Remexido. Foi, sem sombra de dúvidas, a pedra angular da contra-revolução miguelista nas províncias do Sul. E em toda a sua envolvência, popular, feroz, generosa ou sebastiânica, sobressai a personalidade de um homem de fortes convicções políticas, que se tornou no único mito que ainda hoje povoa o legendário das gentes algarvias.
  • O tempo da memória no miradouro da vida
    Publication . Mesquita, José Carlos Vilhena
    Manuel dos Santos Serra, insigne cidadão e figura modelar da medicina algarvia, distinto Poeta e humanista, incansável defensor dos supremos valores da Liberdade e da Democracia. Poucos serão os que hoje lhe poderão imitar tão profícuo trajeto de vida, porque para tanto lhes faltará não só o génio, como principalmente a humildade, a abnegação e o desprendimento para, em todos e em cada um, ver o irmão que sofre e precisa do seu solidário apoio, nas horas difíceis, em que por vezes, a vida, num segundo, se esvai e a alma se desvanece. O livro que o Dr. Santos Serra traz hoje a público, tem por título Miradouro do Tempo. É um livro de poemas, idealizados de forma livre, sem as peias métricas nem as sonoridades rítmicas, que a ortodoxia lírica impôs nos templos de Orfeu aos adoradores das musas. Uns são curtos e incisivos, enquanto outros são mais alongados nas suas elucubrações filosóficas, nas suas imagens poéticas ou nos seus subterfúgios metafóricos. A sua lírica evidencia um espírito sonhador, utópico e idealista, no fundo revela o poeta na sua faceta mais cristalina.
  • Etnografia algarvia - o caímbo de Zambujeiro
    Publication . Mesquita, José Carlos Vilhena
    A etnografia algarvia é das mais ricas e diversificadas do país, porque envolve, numa simbiose ímpar e incomparável, três tipos de comunidades e três tipos de ambientes orográficos: a costa marítima, a planície rural e o relevo montanhoso. Em todos esses diferentes ambientes emergiram e proliferaram culturas autóctones e actividades muito peculiares. Como exemplo da etnografia rural algarvia destaco o Caimbo, que mais não é do que a designação que no Algarve se atribuía à vara com que se procedia à varejadura do figo.
  • Lembrando o poeta Santos Stockler
    Publication . Mesquita, José Carlos Vilhena
    Dos poetas de quem Santos Stockler era amigo, tinha sempre palavras de admiração e reverência, sobretudo de profunda saudade para os que já tinham falecido. Em boa verdade, conheceu e conviveu com a maioria dos nossos homens de letras, de Portugal e do Brasil, uns mais consagrados do que outros, louvando sempre aqueles que ao seu lado lutaram contra o regime salazarista. Esse seu feitio muito crítico e bastante exigente tornou-o num alvo a abater pelos poetas que se haviam consagrado através da protecção política do PCP, ao qual aliás o Stockler também aderira na sua juventude, mas que depressa percebeu tratar-se de uma organização de carácter internacionalista, inspirada em objectivos imperialistas. Além disso sentia um profundo horror e uma total adversidade aos regimes e sistemas totalitários, razão pela qual se afastou definitivamente do partido comunista após a invasão da Checoslováquia que exterminou a chamada “Primavera de Praga”.
  • Felipa de Sousa, algarvia condenada na Inquisição pelo "pecado nefando da sodomia"
    Publication . Mesquita, José Carlos Vilhena
    O suplício e a humilhação pública infligidos a Felipa de Sousa, pelo horrendo Tribunal do Santo Ofício, não podem ser esquecidos, merecendo ser sempre rememorado como algo que avilta e indigna a liberdade de género, que oblitera a opção sexual, que agride a tolerância e impede a integração social, que, em suma, impossibilita o direito à diferença. Foi através do sacrifício de muitas mulheres que, como Felipa de Sousa, sofreram a opressão sexista e foram ostracizadas ou estigmatizadas devido às suas opções sexuais, que as mentalidades avançaram no sentido da tolerância, da integração e do reformismo no mundo. Felizmente, na civilização ocidental o processo histórico avançou no sentido da conquista das liberdades e direitos individuais – desde a luta do sufragismo e do feminismo até à igualdade plena de género. Todavia, é de todos sabido que ainda existem por esse mundo muitas centenas de milhões de mulheres, que se sentem privadas da sua liberdade sexual e da sua opção de género. É para essas mulheres, que nunca puderam revelar o seu desejo nem expressar livremente a sua preferência sexual, que escrevi este artigo, personificando na memória de Felipa de Sousa, uma homenagem a todas as mulheres dos cinco continentes que ainda não desfrutam do direito de poderem expressar livremente as suas afeições, as suas preferências sexuais e o livre arbítrio no amor. A 18 de Dezembro de 1591, em Salvador da Bahia – uma das mais ricas e mais prósperas cidades do Brasil –, os esbirros da Inquisição após persistente interrogatório, conseguiram obter da cristã-velha, Paula de Siqueira, de 38 anos de idade, a denúncia de haver praticado o “abominável pecado nefando” da «sodomia foeminarum», isto é, o sacrilégio da contranatura, com uma mulher de 35 anos, chamada Felipa de Sousa, natural de Tavira, no reino do Algarve. Deste modo, tão imprevisto quanto surpreendente, emergiu ao conhecimento público o primeiro caso de perseguição sexual e de condenação da prática de lesbianismo pelo Tribunal do Santo Ofício em terras de Vera Cruz. A singularidade deste tipo de flagício herético, o modo como o processo foi dirimido pelo Inquisidor, e sobretudo o facto da principal vítima ser uma mulher algarvia, de quem se ignorava a própria existência, mas que é hoje um símbolo universal da liberdade de género e da opção sexual, levou-me a escrever este trabalho, não apenas por curiosidade académica, mas também por solidariedade com os que sofrem a exclusão, o opróbrio e o estigma da diferença.