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- Projecto de encanamento para a Barra de Tavira. Feito por ordem de S. M. pela Comissão de Officiaes Engenheiros ao serviço no Reino do Algarve, em 1825Publication . Mesquita, José Carlos VilhenaO objectivo deste projecto consistia na construção de um canal que conduzisse o caudal do rio directamente para a embocadura da sua foz, abrindo assim uma barra artificial na zona conhecida por Bacia das Quatro Águas (onde fora originariamente a Barra de Tavira). Deste modo encurtavam-se percursos e evitavam-se os meandros em que se dispersava o leito natural do rio, condicionantes orográficas essas que, juntamente com as cheias de Inverno, facilitaram o progressivo assoreamento do Séqua ao longo de séculos, impedindo o acesso das embarcações mercantes de largo bojo e alta tonelagem ao porto comercial, situado muito próximo do actual Jardim Público.
- Para a história da saúde no Algarve. As epidemias de cólera-mórbus no século XIXPublication . Mesquita, José Carlos VilhenaOs portos algarvios, que contribuíram para a prosperidade económica da região, implementando a exportação dos produtos naturais e facilitando o crescimento dos sectores pesqueiro e industrial, não deram só entrada às riquezas, como também por eles passaram algumas das desgraças que mais flagelaram este velho reino. Falamos dos surtos epidémicos que, a seu modo, constituíram um dos vectores condicionantes do crescimento populacional. O assunto é recorrente, poiscom Gibraltar, Norte de África e Espanha, conferiam-lhe um grau de risco difícil de comparar a outras regiões do país. Por outro lado, os costumes e mentalidades do nosso pov desde os primórdios da civilização ocidental que as sociedades humanas se debatem com o flagelo do contágio epidémico, que ao atingir proporções devastadoras se denomina vulgarmente por peste. Quando o surto é episódico ou sazonal costuma designar-se como pestilência, febre contagiosa ou sezão maligna. O Algarve, devido ao seu posicionamento geográfico, com portos afáveis e seguros, era uma espécie de “porta aberta” ao tráfego africano e ao afluxo mercantil dessa milenar estrada mediterrânica. Por isso, não nos surpreendem as constantes ofensivas epidémicas que ao longo do século XIX conspurcaram esta região e atemorizaram este povo. Para regulamentar a prestação de serviços médicos e auxiliar as populações, haviam-se instituído organismos públicos como a Real Junta do Proto-Medicato, que, entre outras funções, vigiava e avaliava a competência científica dos profissionais de medicina. Posteriormente substituída pela Junta de Saúde Pública, mais vocacionada para o combate epidemiológico e para a obstrução de contágios exteriores. Em boa verdade, o Algarve, não só pela sua situação geográfica como até pelo clima, então considerado insalubre, foi sempre achacado a febres infecciosas, sazonais, virulentas, contagiosas e epidémicas. A sua proximidade com Gibraltar, Norte de África e Espanha, conferiam-lhe um grau de risco difícil de comparar a outras regiões do país. Por outro lado, os costumes e mentalidades do nosso povo eram também responsáveis pela falta de higiene que grassava por todo o território nacional. Temos vários exemplos e diversas reclamações. Vejamos apenas uma, que nos pareceu verdadeiramente esclarecedora sobre a realidade que então se vivia.
- A População em 1835 e 1843/48 na vila de LouléPublication . Mesquita, José Carlos VilhenaEste estudo integra-se no âmbito da Demografia Histórica, tendo como palco a população na vila de Loulé, Algarve. O espaço cronológico em que decorre a investigação incide em dois momentos fulcrais do oitocentismo português: o fim das Lutas Liberais e a reorganização do tecido social segundo a nova ordem política, tendo como data de apreciação o ano de 1835; e o período decorrente do governo "cabralista" de Costa Cabral que viria a suscitar a revolução da "Maria da Fonte" e a consequente guerra civil da "Patuleia", tendo como período de apreciação e análise crítica os anos de 1843 até 1848. Os aspectos sociológicos da urbe louletana, a sua distribuição socioeconómica, os novos elencos políticos, a produção industrial, o casco urbano, os índices de crescimento populacional, são, entre vários outros aspectos, o fulcro deste trabalho.
- A Economia agrária do Algarve, na transição do Antigo Regime para o Liberalismo (1750-1836)Publication . Mesquita, José Carlos VilhenaA situação económica da agricultura algarvia foi sempre deficitária, mercê dos baixos índices de produtividade e de rendimento, suscitados pela desigual distribuição social da propriedade, pelo baixo investimento financeiro e pelo atraso científico-tecnológico, que – desde o período de reestruturação político-económica levado a cabo nos finais do séc. XVIII pelo consulado pombalino – dependia da reformulação de novas estratégias para a potencialização dos recursos endógenos. Além disso, os factores naturais de dinamismo energético, como a amenidade climática, os recursos hídricos e a fertilidade dos solos, só foram aproveitados na vigência do Liberalismo, e com especial acuidade no declinar de Oitocentos. Acrescente-se, por fim, que o sector dependia de factores extrínsecos, como a estrutura social da terra, a educação agrícola, o investimento integrado e as leis de mercado, entre outros elementos de fomento ou de desagregação do sector. Por outro lado, vemos que essa dualidade se distribuía numa geo-economia do espaço entre a beira-mar e as terras altas da serra algarvia.
- A Resistência Miguelista no Algarve – A Guerrilha do RemexidoPublication . Mesquita, José Carlos VilhenaArtigo científico, alicerçado em documentação inédita e credíveis fontes bibliográficas, sobre a acção político-militar de José Joaquim de Sousa Reis, vulgo o Remexido, famoso guerrilheiro que sustentou a causa miguelista até ao fim do período histórico conhecido por “Setembrimo”. O fenómeno histórico-lendário do Remexido vem na esteira do herói-popular que sustenta uma causa, empunha uma bandeira e morre de pé, fiel às suas convicções e ao seu idealismo político. Para os vencedores não passou de um rebelde miguelista que não aceitando a amnistia política da Convenção de Évora-Monte, se transformou num sanguinário guerrilheiro, que ameaçou a segurança dos habitantes do Algarve e a própria integridade nacional. A sua acção militar servia os interesses das guerrilhas carlistas espanholas, desejosas de concentrarem poderosas forças militares no Algarve e Andaluzia, para investirem contra o ateísmo liberal que se havia apoderado da Península Ibérica. O mito do Remexido terminaria a 2-8-1838, à frente de um pelotão de fuzilamento. Mas, ainda hoje, os algarvios veneram a sua memória como um herói e um ídolo popular. Qualquer que seja a opinião ou a perspectiva, com que se observe o fenómeno da luta de guerrilhas no Algarve, não se pode ficar indiferente, nem deixar de realçar, a carismática figura do Remexido. Foi, sem sombra de dúvidas, a pedra angular da contra-revolução miguelista nas províncias do Sul. E em toda a sua envolvência, popular, feroz, generosa ou sebastiânica, sobressai a personalidade de um homem de fortes convicções políticas, que se tornou no único mito que ainda hoje povoa o legendário das gentes algarvias.
- O Remechido, glória e morte de um mitoPublication . Mesquita, José Carlos VilhenaO fenómeno histórico-lendário do Remexido vem na esteira do herói-popular que sustenta uma causa, empunha uma bandeira e morre de pé, fiel às suas convicções e ao seu idealismo político. Para os vencedores não passou de um rebelde miguelista que não aceitando a amnistia política publicada após a Convenção de Évora-Monte, se havia transformado por sua livre vontade num bandoleiro, num assaltante de estradas, sanguinário e facínora, um perigoso guerrilheiro, sustentáculo de uma causa que punha em perigo a segurança dos habitantes do Algarve e a própria integridade nacional, já que o seu exemplo servia os interesses das guerrilhas carlistas espanholas, desejosas de concentrarem poderosas forças militares no Algarve e Andaluzia, para investirem contra o ateísmo liberal que se havia apoderado da Península Ibérica.
- A Revolução de Tavira em 1826Publication . Mesquita, José Carlos VilhenaO Algarve marcou forte presença nas lutas políticas e militares que estiveram na origem da implantação do regime constitucional no nosso país. O seu papel foi interventivo, e no dirimir do regime liberal seria mesmo decisivo, mercê da sua localização geográfica no extremo sul da península. A «Revolta de Tavira» viria a ter sérias consequências, não só para os implicados, que foram severamente perseguidod, como também na conservação da causa liberal durante a usurpação miguelista.
- A instauração do liberalismo em Portugal numa visão global socioeconómica: a participação do AlgarvePublication . Mesquita, José Carlos VilhenaO Algarve na primeira metade do século XIX era um território periférico e quase marginalizado. Mas nunca deixou de ser uma região geoestratégica (como o foi no tempo dos Descobrimentos) de fulcral importância no evoluir do processo histórico português. O Algarve, como espaço/região, e os algarvios como (re)agentes activos, foram, no seu conjunto, decisivos para o dirimir das lutas políticas e da consequente guerra civil, que implantou definitivamente o liberalismo em Portugal. No contexto nacional, o Algarve foi uma das regiões mais sacrificadas, tanto nos seus valores humanos como nos seus recursos económicos. Parece-nos indubitável o papel dos algarvios na construção do liberalismo português, sendo o posicionamento geográfico da sua costa atlântico-mediterrânica de capital importância para a eclosão da guerra-civil. Por outro lado, o Algarve tomara-se desde o início do século XIX, com as invasões napoleónicas, um dos pólos mais sensíveis do quadro revolucionário português. Todos os conflitos militares que projectaram alterações políticas passaram pelo Algarve. Daí que, do ponto de vista militar, adquirisse esta região o estatuto de eixo geopolítico sobre o qual giraria, praticamente, toda a primeira metade do Oitocentismo português.
- Economias dominantes e relações periféricas. A protoindustrialização do Algarve (1810-1852) – ideias síntesePublication . Mesquita, José Carlos VilhenaNa Europa da primeira metade do séc. XIX a industrialização traduzia-se em duas palavras: progresso e riqueza. O capitalismo, iniciado com a globalização mercantil, entrou numa nova fase, mais funcional e orgânica, estribada num forte investimento de capitais, no aumento da produção, na circulação de bens e mercadorias, no consumo e na popularização do crédito. A banca e as instituições financeiras tomaram-se no sector motor de uma grande revolução socioeconómica, numa evidente continuidade do processo de desenvolvimento e de incremento tecnológico iniciado na Grã-Bretanha havia mais de um seculo. A Inglaterra exercia no mundo ocidental um sistema de economia dominante, baseada nas relações de dependência dos mercados periféricos. O nosso país, desde o Tratado de Windsor firmado no séc. XIV, tomara-se numa espécie de paradigma dessas relações de subordinação político-económica. Nesse período, o Algarve era uma região periférica, espraiada sobre o litoral, com uma preocupante recessão populacional, e cujas actividades económicas se concentravam no sector primário. O desenvolvimento económico do Algarve estava absolutamente dependente dos desígnios da política central, cuja estratégia de investimento público estava orientada para Norte. A industrialização do país foi tardia, morosa e vacilante. E no Algarve não passou de uma quimera. Em boa verdade, o Algarve nunca foi (nem mesmo hoje) uma região industrializada, porque sempre careceu de capitais locais e de empresários nacionais, resolutos e intemeratos. A inebriante mentalidade de dependência periférica, tomou a indústria num sector de risco ao qual faltavam os principais adjuvantes, nomeadamente as vias de comunicação, os transportes rápidos e seguros, a privilegiada desalfandegação das matérias-primas importadas, os recursos humanos experimentados, a instrução mínima do operariado, e uma politica fiscal de apoio ao investimento nas industrias de transformação das potencialidades naturais da região. O pouco que havia eram simples unidades de produção manufactureiro, viradas para as necessidades do mercado local e sem objectivos de produção em serie para a exportação.
- Quem foi Silvio Pellico. Um herói? Um traidor?Publication . Mesquita, José Carlos VilhenaSilvio Pellico, ao longo da sua penosa existência, metamorfoseou a sua personalidade política em diferentes opções e sucessivas etapas, hesitando sempre no caminho a escolher. Por isso, começou por ser um fervoroso nacionalista, passou ligeiramente pelas fileiras clandestinas da carbonária, apodreceu durante dez anos nas masmorras austríacas e acabou por se converter definitivamente à causa religiosa, regressando à paz católica em que nascera. Este último gesto, talvez o de um desiludido, fará de Silvio Pellico uma espécie de desilusão pública do revolucionarismo político, o que lhe granjeará sérios dissabores, entre os quais o escárnio da traição. Para a maioria dos nacionalistas italianos, As Minhas Prisões de Silvio Pellico, são um “bluff”, espécie de literatura de seminário, que ninguém aproveita a não ser os inimigos da própria Itália. Por conseguinte, Silvio Pellico é um traidor à causa independentista italiana, um reles pacifista a quem não cabem as honras de perfilar ao lado de Garibaldi, de Cavour ou de Mazzini.