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Vem de longe o tempo em que sal era sinónimo de conservação, seja do peixe dos mares e rios navegados pelos homens, ou das carnes dos animais criados ao longo do ano para consumo familiar. Este bem precioso era, em épocas recuadas, essencial para a economia familiar e local. Na raia algarvia, entre as marinhas de Castro Marim e os ricos mares de Monte Gordo, a relação intemporal e umbilical que se estabeleceu entre estes dois recursos marinhos marcou indelevelmente a economia local.
Datar a produção de sal e a pesca na foz do rio Guadiana revela-se tarefa difícil, face à míngua de vestígios arqueológicos e à necessidade de melhor análise das fontes escritas que nos ajudem a compreender os primórdios destas atividades na região. No entanto, é plausível considerar que o sal, pela sua importância como meio de conservação de matérias orgânicas, sobretudo do peixe e da carne, é um produto económico valorizado desde a Antiguidade1. A produção de sal nesta região poderá remontar ao período entre o final da Idade do Bronze (século IX a.C.) e o início da Idade do Ferro (século VIII a.C.), com o estabelecimento fenício no cerro do Castelo de Castro Marim, então Baesuris. Todavia, a deteção de antigas salinas neste período é extremamente difícil, dada a sua mutabilidade natural ou por ação humana. Em sítios de ocupação coeva no Vale do Tejo e na foz do Sado, como Abul (Alcácer do Sal), há testemunhos da exploração de recursos naturais em áreas onde é possível afirmar que teria conhecido salinas desde o período fenício2, pelo que,
seguindo o mesmo raciocínio, seria natural encontrar um contexto idêntico na foz do rio Guadiana3. Do período romano, não se conhecem no Algarve, ou até no resto do país, vestígios de salinas.