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  • Editorial / Apresentação
    Publication . Oliveira, António Paulo; Valente, Maria João; Araujo, Renata Malcher de
    Com esta edição fechamos um ciclo que começou em 2002-2003. Este é o último número da promontoria que publicamos em papel. Fica naturalmente em aberto a hipótese de retomarmos a publicação em outros meios e formatos, mas este número implica o fim desta série. Por coincidência, trata-se do número treze. O 13º que foi publicado ao longo de quase vinte anos. Dizíamos, no primeiro editorial da revista, que procurávamos dar início a uma série editorial de publicação regular que pudesse contribuir para a divulgação de trabalhos de investigação no âmbito da História, História da Arte, Arqueologia e Ciências afins, cujo campo de ação incidisse, preferencialmente, no Sudoeste Peninsular. Afirmávamos ainda, que o mote que presidiria ao espírito da publicação era “um espírito, antes de mais, aberto a contributos vários que ajudem a trilhar novos caminhos, ou a aprofundar outros, em vários domínios das ciências humanas; um espírito de rigor e de qualidade, garantido por um vasto corpo de especialistas que integram a comissão científica; um espírito, enfim, de debate e confronto de ideias que permita dar - por pequenos que sejam – novos passos na busca do saber”. Pensamos que, duma forma ou doutra, esta missão foi cumprida. Este número derradeiro abre com artigo de Joaquim Romero Magalhães, Doutor Honoris Causa pela Universidade do Algarve que, recentemente, deixou o nosso convívio que tanto prezávamos.
  • Natureza e vontades: divagações sobre Geografia e História
    Publication . Magalhães, Joaquim Romero
    A natureza põe e o homem dispõe? Ou a natureza dispõe e o homem põe? “A sociedade é o sujeito e a natureza o objeto”, escreveu o geógrafo pernambucano Manuel Correia de Andrade. Um outro autor, Claude Raffestin prefere dizer que “geografia é uma produção social marcada pelo selo da historicidade.” Mas em certas situações não é de descartar que ocorra o contrário. Dê-se as voltas que se der, há uma íntima relação entre os dois fatores: o natural (que as vontades humanas não podem determinar ou contrariar) e o das vontades humanas (a que a natureza afinal não se consegue impor de todo). Relação que se subsume numa dialética sem termos definidos. E menos determinismos, fatalismos ou sequer possibilismos. Relações a serem averiguadas empiricamente pelos acontecimentos e reações que a eles se seguiram. Reações coletivas, embora por vezes encabeçadas por um governante com os poderes de impor ou de escolher uma solução. Em 1 de novembro de 1755 um sismo violento seguido de incêndio destruiu grande parte de Lisboa: pouco tempo passado e no mesmo sítio ergueu-se uma nova cidade; em 1960, uma ridente povoação da costa marroquina, Agadir, – não comparável a Lisboa na sua dimensão nem ocupação populacional – foi engolida por um sismo: Mohammed V, rei de Marrocos (Allauita descendente do Profeta), de imediato declarou: “se o destino decidiu a destruição de Agadir, a sua reconstrução depende da nossa fé e vontade.” E logo em seguida no mesmo sítio se ergueu uma nova cidade, bem simpática e agradável. Nem em Lisboa, nem em Agadir, foram estes os primeiros sismos violentos que as destruíram. Nem por isso deixaram de se refazer. E que dizer de São Francisco da Califórnia arruinada mais que uma vez (com destaque para o grande terramoto de 1906, como o de Lisboa seguido de incêndio) e de outras cidades e povoações que em Itália, na Turquia, no Japão, no Chile ou na Indonésia a natureza implacável tem destruído? E que não se esqueça o sismo que arruinou Angra do Heroísmo e outras localidades açorianas no alvor de 1980. A que se seguiu notável reconstrução.
  • Vila Real de Santo António na cartografia militar de José de Sande Vasconcelos à guarda do Arquivo Histórico Municipal ARM/ VRSA
    Publication . Pessanha, Fernando
    Tal como temos vindo a defender em anteriores trabalhos, têm sido vários os contributos a nível da investigação que, nos últimos anos, têm incidido sobre a obra cartográfica de José de Sande Vasconcelos, engenheiro militar colocado no Reino do Algarve aquando da implementação do Plano de Restauração concebido por Sebastião José de Carvalho e Melo, o ministro de D. José I tradicionalmente conhecido como Marquês de Pombal. Autor de mais de cento e cinquenta trabalhos cartográficos relativos ao Reino do Algarve, Sande Vasconcelos deixou um legado manifestamente notável, produzido entre 1772, ano do seu estabelecimento no Algarve, e 1808, ano do seu falecimento. É certo que a sua profícua obra, consubstanciada na produção de mapas de natureza geográfica, topográfica, corográfica, estatística e hidrográfica, destaca-se pelo levantamento da Arquitetura Militar do Algarve, nomeadamente, no que respeita ao registo e representação de fortalezas, fortes, baterias, aquartelamentos e outras estruturas da Arquitetura Militar da Idade Moderna. Porém, há também que ter em consideração a qualidade técnica, artística e descritiva evidenciada em produções menos conhecidas e menos comuns na sua obra cartográfica e de que são exemplo paradigmático o conjunto de vistas que representam a construção de Vila Real de Santo António ou as manobras militares realizadas aquando da inauguração da mesma. É nesse sentido que, tendo como balizagem cronológica o compasso de tempo compreendido entre 1774 e 1776, o presente artigo tem como objetivo abordar esta vila iluminista na cartografia militar de José de Sande Vasconcelos à guarda do Arquivo Histórico Municipal António Rosa Mendes, em Vila Real de Santo António.
  • Tavira enquanto sede do governo do reino do Algarve (1755-1834): Reflexos na arquitetura e no urbanismo
    Publication . Sousa Santos, Marco
    O cargo de governador com a patente de capitão-mor ou capitão-general do reino do Algarve foi criado no século XVI, para substituir o de fronteiro-mor, que por sua vez tinha substituído o de anadel-mor (também de natureza militar)1. O primeiro “capitão-mor e governador do Reino do Algarve” foi D. Diogo de Sousa, nomeado para o cargo por D. Sebastião (1557-1578) por carta de 21 de julho de 1573. Aquando da nomeação, o rei terá outorgado ao governador um Regimento, no qual se definiam as obrigações e os poderes inerentes ao cargo, mas o documento não chegou aos nossos dias e tampouco se conhece o seu conteúdo. Não se sabe se por iniciativa própria ou indicação régia, o recém-nomeado governador vai estabelecer-se em Lagos (elevada a cidade nesse ano de 1573), que se assume como local de residência dos governadores e capitães-generais do reino2. No ano de 1624, sendo o reino do Algarve governado por João de Mendonça Furtado, D. Filipe III (1621-1640), vai outorgar um novo “Regimento dos Governadores do Reino do Algarve”, com 21 capítulos, no qual ficam estabelecidos todos os deveres e poderes dos governadores. Segundo este documento, aos governadores cabia a “guarda e defensão” do Reino, o “exercício da gente de ordenança dele”, a manutenção das suas fortalezas, a “boa ordem e governo” do território e ainda o “provimento e socorro” dos lugares de África, devendo o cargo ser sempre ocupado por pessoa “de tal experiência, qualidade e confiança” que pudesse ocupar-se de todos os negócios de interesse para a coroa. Aquando da nomeação, todos os governadores recebiam a respetiva “carta de patente”, que circulava pelos concelhos da região, sendo transladada para os tombos das respetivas câmaras. No Regimento de 1624, o rei aconselhava o governador a fixar residência na cidade de Lagos ou, preferencialmente, na de Tavira, por ser este o porto mais próximo das praças norte-africanas3. Não obstante, talvez por respeito ao costume principiado pelos antecessores, os governadores vão optar por manter o seu domicílio em Lagos, no antigo castelo, que por isso passa a ser conhecido como o palácio dos governadores.
  • O sal e as pescas na economia da raia algarvia
    Publication . Pires, Pedro
    Vem de longe o tempo em que sal era sinónimo de conservação, seja do peixe dos mares e rios navegados pelos homens, ou das carnes dos animais criados ao longo do ano para consumo familiar. Este bem precioso era, em épocas recuadas, essencial para a economia familiar e local. Na raia algarvia, entre as marinhas de Castro Marim e os ricos mares de Monte Gordo, a relação intemporal e umbilical que se estabeleceu entre estes dois recursos marinhos marcou indelevelmente a economia local. Datar a produção de sal e a pesca na foz do rio Guadiana revela-se tarefa difícil, face à míngua de vestígios arqueológicos e à necessidade de melhor análise das fontes escritas que nos ajudem a compreender os primórdios destas atividades na região. No entanto, é plausível considerar que o sal, pela sua importância como meio de conservação de matérias orgânicas, sobretudo do peixe e da carne, é um produto económico valorizado desde a Antiguidade1. A produção de sal nesta região poderá remontar ao período entre o final da Idade do Bronze (século IX a.C.) e o início da Idade do Ferro (século VIII a.C.), com o estabelecimento fenício no cerro do Castelo de Castro Marim, então Baesuris. Todavia, a deteção de antigas salinas neste período é extremamente difícil, dada a sua mutabilidade natural ou por ação humana. Em sítios de ocupação coeva no Vale do Tejo e na foz do Sado, como Abul (Alcácer do Sal), há testemunhos da exploração de recursos naturais em áreas onde é possível afirmar que teria conhecido salinas desde o período fenício2, pelo que, seguindo o mesmo raciocínio, seria natural encontrar um contexto idêntico na foz do rio Guadiana3. Do período romano, não se conhecem no Algarve, ou até no resto do país, vestígios de salinas.
  • Achegas para a atividade artística do padre António Soares da Silva (1716-1770) no âmbito do rococó minhoto
    Publication . Lopes, Raúl C. Sampaio
    O rococó minhoto foi um fenómeno em que, sob a tutela de dois arcebispos de sangue real, D. José de Bragança e D. Gaspar de Bragança, num momento notável de prosperidade da região, com as múltiplas confrarias e ordens religiosas a rivalizar na decoração dos seus espaços, se desenvolveu uma arte singular com sua mais característica inspiração nas gravuras ornamentais e livros de arquitetura que vinham em grande quantidade sobretudo de Augsburgo e de Paris. Para só falar dos mais profícuos autores, os estudos impulsionadores mais importantes deste fenómeno foram desenvolvidos nas décadas de 1950-1970 por Germain Bazin, Flávio Gonçalves, John Bury, Marie-Thérèse Mandroux-França e Robert C. Smith, com as suas famosas publicações sobre Frei José Vilaça (1731-1809) e André Soares (1720-1769), e foram depois revistos, corrigidos e expandidos até à atualidade por, entre outros, Aurélio de Oliveira, Manuel Joaquim Moreira da Rocha e Eduardo Pires de Oliveira, cuja tese de doutoramento sobre André Soares data de 20111. Em 2014, acrescentei eu próprio algo a esta já larga bibliografia, tentando dar uma imagem global do fenómeno e alguma importância a outros artistas menos estudados neste contexto, como o padre António Soares da Silva (1716-1770), o entalhador António da Cunha Correia Vale (ativo 1745-1791), o jovem Carlos Amarante (1748-1815) ou um misterioso e hipotético “mestre de Labruja”2. Neste artigo, é sobre a personalidade artística do primeiro, o irmão mais velho de André Soares, que me quero deter, retomando e desenvolvendo o estudo feito anteriormente.
  • Algo más que un inventario documental: la relação de papéis do cartório de la casa de Vila Real
    Publication . Sánchez-González, António
    En España se conserva una interesante documentación sobre los Meneses de Portugal, que fueron condes y marqueses de Vila Real, condes de Valença y Valadares, duques de Caminha y otros títulos, además de capitanes generales de Ceuta, de quienes ya nos hemos ocupado en otros trabajos1. Estos Meneses tuvieron un trágico final durante los acontecimientos de la insurrección secesionista portuguesa de la Monarquía española, conocida como “Restauração de Portugal”, que propiciaron la entronización de la Casa de Bragança en Portugal, por mantener su lealtad a la Monarquía de la dinastía Filipina de la Casa de Habsburgo. Como medidas de castigo, por lo que se consideró una traición, los bienes de la Casa de Vila Real fueron confiscados por orden de D. João IV, incluido el Archivo familiar. Sin embargo, los descendientes de estos Meneses que estaban afincados en España se hicieron con alguna documentación familiar que, por alianzas matrimoniales sucesivas con otros nobles españoles2, hoy se conserva formando parte del Archivo de la Fundación Casa Ducal de Medinaceli3, con sede en la ciudad española de Toledo, dentro de la sección denominada “Camiña”4. Entre esa documentación se encuentra, a modo de inventario del Archivo de la Casa de Vila Real, la Relação das doaçoes, previlegios, sentenças, bullas apostolicas e mais papeis do Cartório da Casa de Villa Real, elaborada en 1630 por orden del marqués, sobre la que tratamos en este artículo.
  • A Cerâmica Nacional em Caeté e a produção de louças em Minas Gerais entre o final do século XIX e início do XX
    Publication . Pedrosa, Aziz José de Oliveira
    A descoberta das jazidas de ouro na então Capitania de Minas Gerais, no início do século XVIII, favoreceu a formação de núcleos urbanos destinados ao acolhimento de uma estrutura de apoio necessária às atividades mineradoras e da crescente população que se avolumava nessas regiões. Entre os anos de 1711 e 1718, foram instituídas oito vilas nas localidades onde abundava o ouro, destacando-se centros como os de Ribeirão do Carmo (Mariana), Vila Rica (Ouro Preto), Vila Nova da Rainha (Caeté), dentre outros espaços controlados pela Coroa portuguesa para resguardar as riquezas advindas da extração aurífera. Entretanto, a bonança setecentista mineira foi pouco a pouco substituída pelo enfraquecimento econômico, quando as minas de ouro e de pedras preciosas não rendiam mais os lucros vivenciados em ciclos anteriores. O agravamento desse quadro prolongou-se durante todo o oitocentos, pois a mineração deixou de ser a fonte elementar da circulação monetária na região. Nessa perspectiva encontrava-se a atual cidade de Caeté. Elevada à condição de Vila, em 1714 (MORAES, 2007), teve sua renda enfraquecida nas décadas finais do século XVIII, em virtude da redução dos lucros auferidos da mineração. Segundo Martins e Oliveira (1864), nesse período, a provisão econômica caeteense foi garantida pelas atividades agrícola e pecuária, pela exploração de carvão e por pequenas manufaturas dedicadas à produção de bens de primeira necessidade: “[...] exepção de uma mineração muito minguada não há mais indústria alguma e que mesmo a lavoura apezar da uberdade do solo definha” (MARTINS; OLIVEIRA, 1864, p. 173).
  • A Fortaleza de Cranganor (Kodungallor) sob domínio Português (1507?-1662)
    Publication . Rodrigues, Vítor Luís Gaspar
    A barra e o estuário do Periyâr, localizados a cerca de cinco léguas a norte de Cochim, foram palco, desde muito cedo, em virtude de se tratar de um local estratégico tanto do ponto de vista militar como económico, de sucessivos confrontos navais e terrestres entre as forças do Samorim, suportadas pelos seus aliados muçulmanos, e as armadas portuguesas. Local de confluência de vários rios que desciam dos Gates e que serviam de meio de transporte para a pimenta ali produzida, era também um ponto obrigatório de passagem das tropas de Calecut por altura dos raides militares lançados sobre o vizinho estado de Cochim. Não tardou, por isso, que as forças da coroa portuguesa ali tivessem estabelecido um sistema fortificado constituído por uma torre artilhada, edificada em Palipuram à entrada da barra, e, mais tarde, de uma pequena fortaleza construída em Cranganor (Kodungallor) com o objetivo de dominar o porto. No artigo que agora se publica abordaremos não só a problemática em torno da data da construção dessas estruturas fortificadas, inserindo-as no processo mais vasto de fixação dos portugueses no Malabar com o objetivo de controlar os fluxos da pimenta em direção às rotas do Levante, elemento fundamental para a viabilização económica da “Carreira da Índia”, mas analisaremos também o seu desenvolvimento posterior, marcado sobretudo pelos conflitos político-militares mantidos com o reino de Calecut, até à conquista da praça pelos holandeses em 1662.
  • A igreja e confraria de Nossa Senhora das Dores de Monte Gordo
    Publication . Horta Correia, José Eduardo
    É bem conhecida a vocação do Algarve para a atividade piscatória, sublinhada pela exposição geográfica da sua costa ente Sagres e o Guadiana. Todas as fontes apontam de facto, desde a Antiguidade, para a íntima relação entre este território e um mar prenhe de pescarias continuamente aproveitadas por autóctones e imigrantes. Com uma configuração diferente a barlavento e a sotavento, a costa oriental desenha-se em curva amena desde o Cabo de Santa Maria até Espanha, como continuação do chamado Golfo de Cádis. De Faro até Cacela apresentando-se com o cordão dunar que constitui a Ria Formosa, a partir da qual “começa uma formosa baía que se estende pelo espaço de quatro léguas pela costa contra levante até dar na foz do rio Guadiana, na qual há continuamente muitos pescadores com as suas cabanas onde chamam Monte Gordo e se toma nele muito pescado”, segundo a descrição de Frei João de São José na sua Corografia do Algarve de 15771. As referências a Monte Gordo apontam todavia para a idade média, tendo João de Almeida escrito em 1947 haver vestígios de uma fortaleza medieval, que no entanto nunca foi até hoje identificada, podendo tratar-se de um mero ponto de vigia de outra época e que se manteve até ao século XX, como tantos outros disseminados pela costa com guarnições da guarda fiscal2. Mas pela documentação oficial sabemos que D. Duarte atribuiu ao Infante D. Henrique os direitos sobre “a dízima nova de todo o pescado que pescarem quaisquer pessoas no mar de Monte Gordo”3 e que D. Manuel em 1497 concedeu aos pescadores de Monte Gordo o privilégio de terem como juiz privativo o juiz de Castro Marim4.