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Authors
Advisor(s)
Abstract(s)
Purpose: This study aims to explore the relationship between values, beliefs, and norms and household water conservation behaviour using the Value-Belief-Norm (VBN) framework. Additionally, the research seeks to improve the current understanding of these relationships by including two more variables in the VBN model: perceived drought severity and institutional trust.
Design/methodology/approach: The study uses a quantitative research design, employing a survey to collect household data from 495 participants. Structural equation modelling (SEM) tests the hypothesized relationships among the constructs.
Findings: The results indicate that pro-environmental values and beliefs significantly influence household water conservation intention (HWCI). Specifically, biospheric and altruistic values positively affect a pro-ecological worldview impacting HWCI. Additionally, perceived drought severity is significantly related to HWCI, while institutional trust does not have a significant role.
Research limitations/implications: The study is limited by its cross-sectional design and reliance on self-reported data, which may introduce biases. Future research could benefit from longitudinal studies and objective measures of water conservation behaviour.
Practical implications: The results highlight the importance of biospheric and altruistic values in influencing pro-environmental behaviour and the relationship between perceived drought severity and water conservation intention. Policymakers can use these insights to design programs that stress collective responsibility and broader environmental benefits of water conservation, appealing to altruistic and biospheric values and educating the public about the real impact of their conservation efforts. Messaging should emphasize actionable steps individuals can take, reinforcing that their efforts can make a difference during extreme drought conditions.
Originality/value: This study extends the Value-Belief-Norm theory to household water conservation, highlighting the importance of individual factors in shaping pro-environmental intentions and behaviours.
Apesar das inúmeras reflexões realizadas sobre o tema da água, o crescimento global da população e a crescente procura, a diminuição das disponibilidades hídricas, associadas a episódios climáticos cada vez mais frequentes, contribuem para que este continue a ser um tema atual e extremamente desafiante. A água está no centro das três dimensões fundamentais à vida humana: social, económica e ambiental. Todos os objetivos de desenvolvimento sustentável elencados pelas Nações Unidas dependem da água, sem uma gestão sustentável o impacto a nível global será devastador. Atualmente cerca de 50% da população mundial enfrenta situações de stress hídrico elevado pelo menos uma vez por ano. Este é um cenário que coloca vidas em risco através da segurança alimentar e energética. Em Portugal, o país enfrenta uma seca meteorológica que tem um impacto direto na disponibilidade de água, especialmente no Algarve, uma região de grande importância turística, onde já foram implementadas medidas de restrição ao uso deste recurso essencial à vida. O consumo doméstico de água representa cerca de 15% da procura global e de acordo com a Organização Mundial de Saúde, 50 a 100 litros por dia é a quantidade necessária para satisfazer as necessidades básicas de cada pessoa. Em Portugal, o consumo médio diário é de 195 litros, acima da recomendação, evidenciando que existe um desperdício considerável deste recurso. Explorar a relação entre valores, crenças e normas e o consumo doméstico de água, utilizando o modelo completo da teoria Valor-Crença-Norma (VBN) é o objetivo deste trabalho de investigação, que procura aprofundar o entendimento dessas relações ao incorporar duas variáveis adicionais ao modelo: a perceção da gravidade da seca e a confiança nas instituições. Pretende-se, assim, contribuir para o desenvolvimento de intervenções mais eficazes que promovam práticas de consumo responsável de água no contexto doméstico, particularmente em regiões marcadas pela escassez de recursos hídricos, como o Algarve, no sul de Portugal. A pesquisa foi realizada em Portimão, o terceiro maior concelho da região algarvia, com cerca de 60 000 habitantes. A investigação foi conduzida através de uma metodologia quantitativa, utilizando um questionário administrado online para recolher dados de 495 residentes, maiores de 18 anos, durante o mês de junho de 2024. Foi efetuada uma análise descritiva através do SPSS 24 e foi usada a técnica PLS-SEM para analisar a relação entre as variáveis através da modelagem de equações estruturais com mínimos quadrados parciais. Para este efeito foi utilizado o software SmartPLS 4. Foram confirmadas 9 das 10 hipóteses enunciadas, H3 e H4 parcialmente. Os resultados destacam a relevância dos valores e crenças pró-ambientais na intenção de poupar água no contexto doméstico. Valores biosféricos e altruístas têm uma influência positiva na formação de uma visão do mundo pró-ecológica, que, por sua vez, se mostrou associada à intenção de poupar água. Além disso, a perceção da gravidade da seca revelou-se um fator determinante na motivação para consumir água de forma responsável, especialmente em cenários de escassez severa. Por outro lado, a confiança nas instituições não apresentou um impacto significativo neste contexto, a H10 não foi validada estatisticamente. Os resultados desta pesquisa têm implicações práticas significativas. Destacam a importância dos valores biosféricos e altruístas na promoção de comportamentos pró-ambientais e reforçam a necessidade de estratégias de comunicação que apelem a estes valores. Adicionalmente enfatizam a relevância de sensibilizar a população sobre a gravidade da seca e os seus impactos na disponibilidade de água, particularmente em períodos críticos. Os decisores políticos podem utilizar estes insights para desenhar programas e campanhas educativas que promovam uma responsabilidade coletiva, apelando às ações concretas que os indivíduos podem adotar no seu dia a dia para evitar o desperdício de recursos hídricos. As mensagens de comunicação devem, ainda, reforçar que o esforço individual tem um impacto significativo no combate à escassez de água. Isso é particularmente relevante em regiões turísticas, como o Algarve, onde a pressão sobre os recursos hídricos é exacerbada pelas atividades ligadas ao turismo sazonal, como a manutenção de piscinas, campos de golfe e grandes unidades de alojamento. Este trabalho contribui de forma significativa para o corpo teórico relacionado com a teoria Valor-Crença-Norma, ao aplicar o seu modelo na íntegra ao estudo do comportamento do consumo doméstico de água num contexto de escassez hídrica. Paralelamente, estende a compreensão do modelo integrando duas variáveis: a perceção da gravidade da seca e a confiança nas instituições. Confirma que uma visão do mundo pró-ecológica influência fortemente a consciencialização sobre as consequências ambientais, corroborando a afirmação do modelo VBN de que as crenças são essenciais para compreender os impactos e impulsionar comportamentos sustentáveis. Destaca o papel das crises ambientais na formação de normas pessoais e intenções, evidenciando que quanto maior for a perceção da gravidade da seca, maior a obrigação moral e a intenção de consumir água de forma responsável. Em síntese, fornece diretrizes práticas para o desenvolvimento de políticas públicas e campanhas de marketing social que incentivem a adoção de comportamentos sustentáveis no uso dos recursos hídricos. A investigação apresenta algumas limitações, nomeadamente o seu design transversal e dependência de dados autorrelatados, o que pode introduzir vieses. Futuras investigações poderão expandir o estudo a toda a região do Algarve para validar os resultados e beneficiar de estudos longitudinais, que integrem medidas objetivas relacionadas com o consumo doméstico responsável de água.
Apesar das inúmeras reflexões realizadas sobre o tema da água, o crescimento global da população e a crescente procura, a diminuição das disponibilidades hídricas, associadas a episódios climáticos cada vez mais frequentes, contribuem para que este continue a ser um tema atual e extremamente desafiante. A água está no centro das três dimensões fundamentais à vida humana: social, económica e ambiental. Todos os objetivos de desenvolvimento sustentável elencados pelas Nações Unidas dependem da água, sem uma gestão sustentável o impacto a nível global será devastador. Atualmente cerca de 50% da população mundial enfrenta situações de stress hídrico elevado pelo menos uma vez por ano. Este é um cenário que coloca vidas em risco através da segurança alimentar e energética. Em Portugal, o país enfrenta uma seca meteorológica que tem um impacto direto na disponibilidade de água, especialmente no Algarve, uma região de grande importância turística, onde já foram implementadas medidas de restrição ao uso deste recurso essencial à vida. O consumo doméstico de água representa cerca de 15% da procura global e de acordo com a Organização Mundial de Saúde, 50 a 100 litros por dia é a quantidade necessária para satisfazer as necessidades básicas de cada pessoa. Em Portugal, o consumo médio diário é de 195 litros, acima da recomendação, evidenciando que existe um desperdício considerável deste recurso. Explorar a relação entre valores, crenças e normas e o consumo doméstico de água, utilizando o modelo completo da teoria Valor-Crença-Norma (VBN) é o objetivo deste trabalho de investigação, que procura aprofundar o entendimento dessas relações ao incorporar duas variáveis adicionais ao modelo: a perceção da gravidade da seca e a confiança nas instituições. Pretende-se, assim, contribuir para o desenvolvimento de intervenções mais eficazes que promovam práticas de consumo responsável de água no contexto doméstico, particularmente em regiões marcadas pela escassez de recursos hídricos, como o Algarve, no sul de Portugal. A pesquisa foi realizada em Portimão, o terceiro maior concelho da região algarvia, com cerca de 60 000 habitantes. A investigação foi conduzida através de uma metodologia quantitativa, utilizando um questionário administrado online para recolher dados de 495 residentes, maiores de 18 anos, durante o mês de junho de 2024. Foi efetuada uma análise descritiva através do SPSS 24 e foi usada a técnica PLS-SEM para analisar a relação entre as variáveis através da modelagem de equações estruturais com mínimos quadrados parciais. Para este efeito foi utilizado o software SmartPLS 4. Foram confirmadas 9 das 10 hipóteses enunciadas, H3 e H4 parcialmente. Os resultados destacam a relevância dos valores e crenças pró-ambientais na intenção de poupar água no contexto doméstico. Valores biosféricos e altruístas têm uma influência positiva na formação de uma visão do mundo pró-ecológica, que, por sua vez, se mostrou associada à intenção de poupar água. Além disso, a perceção da gravidade da seca revelou-se um fator determinante na motivação para consumir água de forma responsável, especialmente em cenários de escassez severa. Por outro lado, a confiança nas instituições não apresentou um impacto significativo neste contexto, a H10 não foi validada estatisticamente. Os resultados desta pesquisa têm implicações práticas significativas. Destacam a importância dos valores biosféricos e altruístas na promoção de comportamentos pró-ambientais e reforçam a necessidade de estratégias de comunicação que apelem a estes valores. Adicionalmente enfatizam a relevância de sensibilizar a população sobre a gravidade da seca e os seus impactos na disponibilidade de água, particularmente em períodos críticos. Os decisores políticos podem utilizar estes insights para desenhar programas e campanhas educativas que promovam uma responsabilidade coletiva, apelando às ações concretas que os indivíduos podem adotar no seu dia a dia para evitar o desperdício de recursos hídricos. As mensagens de comunicação devem, ainda, reforçar que o esforço individual tem um impacto significativo no combate à escassez de água. Isso é particularmente relevante em regiões turísticas, como o Algarve, onde a pressão sobre os recursos hídricos é exacerbada pelas atividades ligadas ao turismo sazonal, como a manutenção de piscinas, campos de golfe e grandes unidades de alojamento. Este trabalho contribui de forma significativa para o corpo teórico relacionado com a teoria Valor-Crença-Norma, ao aplicar o seu modelo na íntegra ao estudo do comportamento do consumo doméstico de água num contexto de escassez hídrica. Paralelamente, estende a compreensão do modelo integrando duas variáveis: a perceção da gravidade da seca e a confiança nas instituições. Confirma que uma visão do mundo pró-ecológica influência fortemente a consciencialização sobre as consequências ambientais, corroborando a afirmação do modelo VBN de que as crenças são essenciais para compreender os impactos e impulsionar comportamentos sustentáveis. Destaca o papel das crises ambientais na formação de normas pessoais e intenções, evidenciando que quanto maior for a perceção da gravidade da seca, maior a obrigação moral e a intenção de consumir água de forma responsável. Em síntese, fornece diretrizes práticas para o desenvolvimento de políticas públicas e campanhas de marketing social que incentivem a adoção de comportamentos sustentáveis no uso dos recursos hídricos. A investigação apresenta algumas limitações, nomeadamente o seu design transversal e dependência de dados autorrelatados, o que pode introduzir vieses. Futuras investigações poderão expandir o estudo a toda a região do Algarve para validar os resultados e beneficiar de estudos longitudinais, que integrem medidas objetivas relacionadas com o consumo doméstico responsável de água.
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Keywords
Consumo de água doméstico Modelo Valor-Crença-Norma Perceção da gravidade da seca Confiança nas instituições Comportamento pró-ambiental Sustentabilidade hídrica
