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The effect of nest abundance of Loggerhead turtles on the nest predation rate of ghost crabs in Cabo Verde
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Abstract(s)
The Loggerhead sea turtle (Caretta caretta) is facing intense nest predation globally. The subpopulation nesting on the Cabo Verde Archipelago, which is categorized as Endangered on the IUCN List, has been encountering high predation rates caused by ghost crabs (Ocypode cursor), the main predator on these oceanic islands. This study investigates the effect of nest abundance of Loggerheads on nest predation by ghost crabs on Boa Vista, Cabo Verde, from 2013 to 2021. Boa Vista hosts around 60% of the Loggerhead nests in Cabo Verde which is one of the world's largest Loggerhead rookeries. The nest abundance was recorded during night patrol and daily beach surveys at dawn. The predation of ghost crabs was evaluated using natural Loggerhead nests that were checked daily for any evidence of predation, inundation, erosion, or any other relevant disturbances to the nest. The clutch size of these nests was counted during oviposition and the nests were exhumed after the incubation period to assess the number of hatched, enclosed, and missing eggs. The interannual variability in Loggerhead nests was high, ranging from 1123 to 33496 nests. The nest mortality by crab predation was strongly negatively correlated to the nest abundance. Seasons with a low nest abundance showed high crab predation rates of up to 75%, whereas in seasons with high nest abundance crab predation rates as low as 4% were observed. Higher nest abundance might exceed the capacity to consume sea turtle eggs of the ghost crab population on the studied beach. Through predator satiation caused by high nest abundance, the risk of predation and the extent of the predation may be reduced. The findings give an interesting insight into this predator-prey interaction but also highlight the importance of conservation efforts in reducing predation, especially for areas and seasons with low sea turtle nest abundance.
A tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) enfrenta intensa predação de ninhos em todo o mundo. A subpopulação que nidifica no Arquipélago de Cabo Verde, classificada como Ameaçada na Lista da IUCN, tem vindo a encontrar elevadas taxas de predação causadas pelo caranguejo-fantasma (Ocypode cursor), o principal predador destas ilhas oceânicas. Cabo Verde está localizado no Atlântico oriental, a cerca de 570 quilómetros da costa ocidental de África. Os caranguejos-fantasma são invertebrados semi-terrestres que habitam praias oceânicas tropicais e subtropicais, em todo o mundo. Na zona entre-marés das praias, escavam tocas profundas, nas quais vivem solitariamente e procuram abrigo durante o dia. Como animais crepusculares e noturnos, exploram a praia à noite. A dieta omnívora dos caranguejos fantasmas consiste em uma ampla gama de ítens alimentares, incluindo ovos e filhotes de tartaruga, macroinvertebrados e insetos da zona de rebentação, mas também detrítos marinhos e restos alimentares de humanos. Os caranguejos-fantasma são predados por uma variedade de répteis, pássaros e mamíferos (por exemplo, guaxinins), mas nenhum desses predadores é encontrado em Cabo Verde. Este estudo investiga o efeito da predação de ninhos por caranguejos fantasmas na abundância de tartarugas-cabeçudas, na ilha de Boa Vista, Cabo Verde, de 2013 a 2021. Boa Vista hospeda cerca de 60% dos ninhos de tartaruga-cabeçuda em Cabo Verde, sendo uma das maiores colónias desta espécie do mundo. A abundância de ninhos foi registrada durante patrulhamento noturno e levantamentos diários na praia, ao amanhecer. É a soma de ninhos encontrados durante o processo de nidificação à noite e ninhos encontrados com base em pegadas, ao amanhecer. Os dados utilizados para avaliar a predação de caranguejo-fantasma em ninhos de C. caretta foram recolhidos através de marcação e monitorização de ninhos naturais. Os tamanhos das ninhadas foram contados durante a oviposição. Durante os levantamentos matinais, todos os ninhos monitorizados foram verificados diariamente para registo de qualquer evidência de predação, inundação, erosão ou qualquer outra perturbação relevante no ninho. A predação por caranguejo-fantasma foi detectada pela presença de buracos circulares próximos dos ninhos. Após o período de incubação, os ninhos foram exumados para avaliar o número de ovos eclodidos, enclausurados e ausentes. Com base nesses valores e nas observações durante os períodos de incubação, foi calculada a mortalidade ocorrida no ninho por predação de caranguejos. A variabilidade interanual no número de ninhos de tartaruga-cabeçuda foi alta, variando de 1123 a 33496 ninhos. A mortalidade média observada nos ninhos variou de 36,49% a 92,77%. A predação por caranguejos foi negativamente correlacionada com a abundância de ninhos. Foram observadas épocas de baixa abundância com taxas de predação por caranguejos de até 75 %, enquanto nas épocas do ano de alta abundância foram observadas taxas de predação por caranguejos tão baixas quanto 4%. O número de ninhos predados está fortemente correlacionado com o número de ninhos e a percentagem de ninhos totalmente predados mostra uma correlação negativa muito forte com o número de ninhos. O maior valor de ninhos predados para o período estudado foi de 90% e o menor valor foi de 61%. O valor máximo de ninhos totalmente predados foi de 61% e o mínimo foi de 5%. O número médio de buracos de caranguejo variou de 6 a 25 buracos por ninho e mostrou uma forte correlação negativa significativa com a abundância de ninhos. Maior abundância de ninhos reduz os riscos de predação por caranguejo-fantasma, bem como a extensão da predação. A alta abundância pode exceder a capacidade de consumir ovos de tartarugas por parte da população de caranguejo- fantasma na praia estudada. Devido à saciedade do predador pela alta abundância de ninhos, o risco de predação e a extensão da predação podem ser reduzidos. A ausência de predadores de caranguejo-fantasma e a boa qualidade da praia podem levar a alta densidade de caranguejo explicando as taxas de predação extremamente altas em locais com baixa abundância de ninhos. A presença de grandes predadores de ovos de tartarugas marinhas nas praias de nidificação mostrou reduzir a predação por caranguejos, noutros locais. Como, aqui, não há predadores além dos humanos, que raramente usam grandes caranguejos como isca, a densidade de caranguejos não é limitada pelo predador. A área de estudo é uma praia remota sem urbanização e com turismo de observação de tartarugas marinhas controlado. O baixo impacto humano e a falta de predadores de caranguejos podem explicar a grande população estável de caranguejo-fantasma na ilha de Boa Vista. Durante a época de nidificação, as tartarugas marinhas nidificam várias vezes, mas geralmente apenas se reproduzem a cada 2 a 5 anos, raramente nidificando em duas temporadas consecutivas. O intervalo entre dois períodos de nidificação de um indivíduo pode ser influenciado por fatores ambientais, como abundância de alimento. A alta disponibilidade de alimento pode reduzir o intervalo entre duas épocas de nidificação, explicando as épocas com alta abundância de ninhos. A variabilidade interanual dessa abundância pode ser uma estratégia de evitamento de predadores, pois números mais altos de ninhos reduzem o risco de predação. A sobrevivência dos ovos pode ser maior com variabilidade interanual ao invés de igual ao longo dos anos. A variabilidade interanual desta abundância observada neste estudo é relativamente alta. Isso pode ser explicado por um aumento no tamanho da população, pois os quatro maiores valores de abundância foram registrados nos últimos 4 anos do período de estudo. A predação de ninhos é uma questão desafiadora para a conservação das tartarugas marinhas. Esta pesquisa mostra que a alta abundância de ninhos reduz a mortalidade por predação. Esse conhecimento pode ser implicado em estratégias de conservação. Em relação à predação de ninhos, o incubatório é uma boa ferramenta para locais com baixa abundância de ninhos, pois a taxa de predação é alta e o impacto de ninhos translocados alto, porém outras estratégias de conservação devem ser discutidas para locais com alta abundância de ninhos, pois a taxa de predação é baixa e o impacto de ninhos translocados é alto. As consequências da taxa de predação para a subpopulação estudada só serão observadas em algumas décadas, pois a idade de maturidade sexual da tartaruga-cabeçuda varia muito entre os indivíduos e é estimada entre 10 e 39 anos. O número reduzido de filhotes devido à predação pode retardar a recuperação dessa população ameaçada. As conclusões do presente estudo oferecem uma visão interessante da interação presa-predador. Além disso, enfatiza o impacto do caranguejo-fantasmas como predador de ovos de tartaruga-cabeçuda, uma vez que a mortalidade por predação por caranguejo pode atingir 75%. Destaca-se, também, a importância dos esforços de conservação para redução da predação, especialmente em áreas e épocas do ano com baixa abundância de ninhos de tartarugas marinhas.
A tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) enfrenta intensa predação de ninhos em todo o mundo. A subpopulação que nidifica no Arquipélago de Cabo Verde, classificada como Ameaçada na Lista da IUCN, tem vindo a encontrar elevadas taxas de predação causadas pelo caranguejo-fantasma (Ocypode cursor), o principal predador destas ilhas oceânicas. Cabo Verde está localizado no Atlântico oriental, a cerca de 570 quilómetros da costa ocidental de África. Os caranguejos-fantasma são invertebrados semi-terrestres que habitam praias oceânicas tropicais e subtropicais, em todo o mundo. Na zona entre-marés das praias, escavam tocas profundas, nas quais vivem solitariamente e procuram abrigo durante o dia. Como animais crepusculares e noturnos, exploram a praia à noite. A dieta omnívora dos caranguejos fantasmas consiste em uma ampla gama de ítens alimentares, incluindo ovos e filhotes de tartaruga, macroinvertebrados e insetos da zona de rebentação, mas também detrítos marinhos e restos alimentares de humanos. Os caranguejos-fantasma são predados por uma variedade de répteis, pássaros e mamíferos (por exemplo, guaxinins), mas nenhum desses predadores é encontrado em Cabo Verde. Este estudo investiga o efeito da predação de ninhos por caranguejos fantasmas na abundância de tartarugas-cabeçudas, na ilha de Boa Vista, Cabo Verde, de 2013 a 2021. Boa Vista hospeda cerca de 60% dos ninhos de tartaruga-cabeçuda em Cabo Verde, sendo uma das maiores colónias desta espécie do mundo. A abundância de ninhos foi registrada durante patrulhamento noturno e levantamentos diários na praia, ao amanhecer. É a soma de ninhos encontrados durante o processo de nidificação à noite e ninhos encontrados com base em pegadas, ao amanhecer. Os dados utilizados para avaliar a predação de caranguejo-fantasma em ninhos de C. caretta foram recolhidos através de marcação e monitorização de ninhos naturais. Os tamanhos das ninhadas foram contados durante a oviposição. Durante os levantamentos matinais, todos os ninhos monitorizados foram verificados diariamente para registo de qualquer evidência de predação, inundação, erosão ou qualquer outra perturbação relevante no ninho. A predação por caranguejo-fantasma foi detectada pela presença de buracos circulares próximos dos ninhos. Após o período de incubação, os ninhos foram exumados para avaliar o número de ovos eclodidos, enclausurados e ausentes. Com base nesses valores e nas observações durante os períodos de incubação, foi calculada a mortalidade ocorrida no ninho por predação de caranguejos. A variabilidade interanual no número de ninhos de tartaruga-cabeçuda foi alta, variando de 1123 a 33496 ninhos. A mortalidade média observada nos ninhos variou de 36,49% a 92,77%. A predação por caranguejos foi negativamente correlacionada com a abundância de ninhos. Foram observadas épocas de baixa abundância com taxas de predação por caranguejos de até 75 %, enquanto nas épocas do ano de alta abundância foram observadas taxas de predação por caranguejos tão baixas quanto 4%. O número de ninhos predados está fortemente correlacionado com o número de ninhos e a percentagem de ninhos totalmente predados mostra uma correlação negativa muito forte com o número de ninhos. O maior valor de ninhos predados para o período estudado foi de 90% e o menor valor foi de 61%. O valor máximo de ninhos totalmente predados foi de 61% e o mínimo foi de 5%. O número médio de buracos de caranguejo variou de 6 a 25 buracos por ninho e mostrou uma forte correlação negativa significativa com a abundância de ninhos. Maior abundância de ninhos reduz os riscos de predação por caranguejo-fantasma, bem como a extensão da predação. A alta abundância pode exceder a capacidade de consumir ovos de tartarugas por parte da população de caranguejo- fantasma na praia estudada. Devido à saciedade do predador pela alta abundância de ninhos, o risco de predação e a extensão da predação podem ser reduzidos. A ausência de predadores de caranguejo-fantasma e a boa qualidade da praia podem levar a alta densidade de caranguejo explicando as taxas de predação extremamente altas em locais com baixa abundância de ninhos. A presença de grandes predadores de ovos de tartarugas marinhas nas praias de nidificação mostrou reduzir a predação por caranguejos, noutros locais. Como, aqui, não há predadores além dos humanos, que raramente usam grandes caranguejos como isca, a densidade de caranguejos não é limitada pelo predador. A área de estudo é uma praia remota sem urbanização e com turismo de observação de tartarugas marinhas controlado. O baixo impacto humano e a falta de predadores de caranguejos podem explicar a grande população estável de caranguejo-fantasma na ilha de Boa Vista. Durante a época de nidificação, as tartarugas marinhas nidificam várias vezes, mas geralmente apenas se reproduzem a cada 2 a 5 anos, raramente nidificando em duas temporadas consecutivas. O intervalo entre dois períodos de nidificação de um indivíduo pode ser influenciado por fatores ambientais, como abundância de alimento. A alta disponibilidade de alimento pode reduzir o intervalo entre duas épocas de nidificação, explicando as épocas com alta abundância de ninhos. A variabilidade interanual dessa abundância pode ser uma estratégia de evitamento de predadores, pois números mais altos de ninhos reduzem o risco de predação. A sobrevivência dos ovos pode ser maior com variabilidade interanual ao invés de igual ao longo dos anos. A variabilidade interanual desta abundância observada neste estudo é relativamente alta. Isso pode ser explicado por um aumento no tamanho da população, pois os quatro maiores valores de abundância foram registrados nos últimos 4 anos do período de estudo. A predação de ninhos é uma questão desafiadora para a conservação das tartarugas marinhas. Esta pesquisa mostra que a alta abundância de ninhos reduz a mortalidade por predação. Esse conhecimento pode ser implicado em estratégias de conservação. Em relação à predação de ninhos, o incubatório é uma boa ferramenta para locais com baixa abundância de ninhos, pois a taxa de predação é alta e o impacto de ninhos translocados alto, porém outras estratégias de conservação devem ser discutidas para locais com alta abundância de ninhos, pois a taxa de predação é baixa e o impacto de ninhos translocados é alto. As consequências da taxa de predação para a subpopulação estudada só serão observadas em algumas décadas, pois a idade de maturidade sexual da tartaruga-cabeçuda varia muito entre os indivíduos e é estimada entre 10 e 39 anos. O número reduzido de filhotes devido à predação pode retardar a recuperação dessa população ameaçada. As conclusões do presente estudo oferecem uma visão interessante da interação presa-predador. Além disso, enfatiza o impacto do caranguejo-fantasmas como predador de ovos de tartaruga-cabeçuda, uma vez que a mortalidade por predação por caranguejo pode atingir 75%. Destaca-se, também, a importância dos esforços de conservação para redução da predação, especialmente em áreas e épocas do ano com baixa abundância de ninhos de tartarugas marinhas.
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Keywords
Cape verde Caretta caretta Ghost crab Nest abundance Nest predation