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Abstract(s)
This dissertation focuses on understanding the role of sensory gardens as visitor experiences in individuals’ perceived well-being from a leisure and tourism perspective, using a managerial lens.
Although sensory gardens have been researched as therapeutic options for people with a wide variety of disabilities, there is a research gap regarding the implications of approaching sensory gardens as visitor (consumption) experiences and the potential consequences on their well-being. This work addresses this gap by applying a questionnaire assessing two distinct videos—one featuring a sensory garden and the other a typical garden—sought to uncover differences and correlations related to hedonic and eudaimonic well-being, inclusiveness, accessibility, and overall perceived experience.
The findings suggest that respondents perceived sensory gardens to be more inclusive and accessible. Additionally, both hedonic and eudaimonic dimensions of well-being exhibited a positive correlation when addressing sensory gardens, particularly in terms of inclusiveness and accessibility. This finding may imply that sensory garden experiences have the potential to contribute significantly to visitors' overall well-being. This study not only contributes to the growing knowledge within the realm of garden visits as sensory (consumption) experiences as garden visits but also underlines the relevance of inclusive design and accessibility considerations in shaping visitors’ well-being.
Finally, both theoretical and managerial contributions are discussed, as well as limitations and directions for future research in tourism organisations management.
Esta dissertação tem como objetivo compreender o papel dos jardins sensoriais como experiências dos visitantes em relação ao bem-estar percebido pelos mesmos, a partir de uma perspetiva de lazer e turismo, do ponto de vista da gestão. Foram propostas sete perguntas de investigação para perceber esse mesmo papel. Os jardins sensoriais ligam as experiências sensoriais à natureza e são importantes para que os visitantes percecionem uma experiência no jardim como inclusiva e acessível, e que contribui para uma sensação de bem-estar. Embora os jardins sensoriais tenham sido investigados como opções terapêuticas para pessoas com uma grande variedade de deficiências – como perturbações do espetro do autismo (ex.: Senjana & Putra, 2021), demência (ex.: Bourdon & Belmin, 2021), deficiências visuais (ex.: Senjana & Putra, 2021) e crianças com deficiências (ex.: Hussein, 2012) – existe uma lacuna de investigação no que diz respeito às implicações da abordagem dos jardins sensoriais como experiências para os visitantes e as consequências que isso teria no seu bem-estar. Jardins sensoriais são normalmente espaços terapêuticos ligados à experiência sensorial na natureza (Sensory Trust, 2023), pensados estrategicamente e com elementos e características especificas como a acessibilidade, o valor estético, a manutenção, as plantas, a qualidade dos equipamentos de revestimento, o nível de segurança e a localização (Hussein, 2009). Além das aplicações terapêuticas referidas anteriormente, os jardins sensoriais são ainda benéficos a nível da redução do stress, aumento dos níveis de bem-estar (Souter-Brown et al., 2021) e a nível educacional (Hussein, 2012). Considerando jardins típicos, isto é, que não foram desenhados com o propósito de serem jardins sensoriais, qualquer jardim é um espaço multissensorial capaz de criar experiências únicas, diferentes, originais e exclusivas (Silva & Carvalho, 2012). Adicionalmente, as diversas motivações para visitar um jardim incluem aspetos como saúde física e psicológica, tranquilidade, bem-estar, lazer, entre outros (Connell, 2004; Paiva et al., 2020), que podem ser considerados elos de ligação entre o turismo de jardim e os jardins sensoriais. Do ponto de vista do turismo e com as estratégias de marketing adequadas, é possível transformar os jardins em atrações turísticas capazes de se tornarem o ponto central do destino turístico onde estão inseridos (Silva & Carvalho, 2012), já que cerca de um terço dos turistas visita jardins enquanto viaja (Benfield, 2013). Paralelamente, na perspetiva da gestão, faz sentido investir no turismo de jardim, já que representa um potencial ponto de diferenciação em relação a outros destinos turísticos (Shapoval et al., 2021). O estudo das experiências multissensoriais é considerado importante no contexto do turismo (ex.: Agapito, 2020; Agapito et al., 2014; Agapito et al., 2013; Kastenholz et al., 2020; Matteucci, 2016; Meacci & Liberatore, 2018), uma vez que entender como os sentidos afetam a perceção é uma forma de promover a satisfação do visitante (Erenkol & AK, 2015). Por outro lado, a diversidade sensorial e a interação com a comunidade estão ligadas a experiências turistas positivas e a sentimentos de apego ao destino (Kastenholz et al., 2020; Matteucci, 2016). Usar estímulos sensoriais é um instrumento que auxilia na gestão de um destino/atração, uma vez que qualquer lugar é multissensorial e passível de ser palco de experiências memoráveis holísticas e multissensoriais e personalizáveis para os visitantes (Agapito et al., 2013; Pine & Gilmore, 1998). Apesar de o turismo no geral estar ligado às experiências multissensoriais, o turismo de bem-estar foca-se mais ainda nessa ligação (Agapito, 2020; Smith & Diekmann, 2017), já que é influenciado pela natureza e ambiente da experiência (Vada et al., 2020). Essa ligação ao bem-estar é feita tanto através das dimensões hedónica e eudaimónica (Lv & Wu, 2021; Smith & Diekmann, 2017; Vada et al., 2020). A primeira está relacionada com o prazer emocional e sentimento de satisfação e a segunda refere-se aos sentimentos de autenticidade e bem-estar psicológico e crescimento pessoal (Tsai, 2021). Idealmente, aliando ambos os tipos de bem-estar à utilização de experiências sensoriais é possível gerar uma ligação emocional a longo prazo com o destino turístico e, por sua vez, influenciar os níveis de felicidade dos turistas/visitantes, de forma dinâmica (Lv & Wu, 2021). Para responder às questões de investigação, foi realizado um questionário a uma amostra de 124 respondentes pertencentes à geração Y (nascidos entre os anos de 1981 e 2000) (Roberts, et al., 2012; Goldgehn, 2004), maioritariamente feminina, solteira e de nacionalidade portuguesa. O questionário envolveu um de dois vídeos distintos - um com um jardim sensorial e outro com um jardim típico – a que o indivíduo teve de assistir antes de responder ao questionário. Do total de 124 respondentes, metade visualizou o vídeo com o jardim sensorial e a outra visualizou o jardim típico. O questionário tinha como o objetivo compreender as perceções dos respondentes relativamente ao jardim experienciado tendo em conta o bem-estar hedónico, o bem-estar eudaimónico, inclusão, acessibilidade, capacidade para envolver os cinco sentidos e experiência geral. O questionário permitiu também testar as correlações entre as mesmas variáveis. Adicionalmente, foi realizada uma entrevista exploratória com uma especialista em jardins sensoriais para explorar e reforçar conhecimentos dentro do tema, com foco nas suas aplicações terapêuticas, vantagens, outros tipos de terapias sensoriais e possibilidade da aplicação dos jardins no turismo. Tendo em conta as limitações do estudo, os resultados sugerem que os inquiridos consideram que ambas as experiências têm capacidade para elevar os níveis de bem-estar. Adicionalmente, sugerem que os jardins sensoriais são mais inclusivos e acessíveis. Relativamente ao bem-estar hedónico e eudaimónico, os resultados sugerem ainda que ambos os tipos de jardins demonstram correlações entre os dois tipos de bem-estar e as restantes variáveis, em especial com a capacidade de envolver os cinco sentidos e a experiência percebida global. Já relativamente aos jardins sensoriais, estes apresentaram correlações positivas com os conceitos de inclusão e acessibilidade. Assim, as experiências dos jardins sensoriais têm o potencial de contribuir significativamente para o bem-estar geral dos visitantes. Este estudo contribui para o conhecimento crescente no domínio das experiências sensoriais enquanto visitas a jardins e sublinha a relevância do design inclusivo e das considerações de acessibilidade na formação do bem-estar dos visitantes. Desta forma, foram sugeridas potenciais aplicações dos jardins sensoriais na perspetiva da gestão, tendo em conta situações de lazer, turismo e marketing, assim como exemplos de recursos específicos (incluindo plantas endémicas da região do Algarve) para a criação de espaços de jardins sensoriais.
Esta dissertação tem como objetivo compreender o papel dos jardins sensoriais como experiências dos visitantes em relação ao bem-estar percebido pelos mesmos, a partir de uma perspetiva de lazer e turismo, do ponto de vista da gestão. Foram propostas sete perguntas de investigação para perceber esse mesmo papel. Os jardins sensoriais ligam as experiências sensoriais à natureza e são importantes para que os visitantes percecionem uma experiência no jardim como inclusiva e acessível, e que contribui para uma sensação de bem-estar. Embora os jardins sensoriais tenham sido investigados como opções terapêuticas para pessoas com uma grande variedade de deficiências – como perturbações do espetro do autismo (ex.: Senjana & Putra, 2021), demência (ex.: Bourdon & Belmin, 2021), deficiências visuais (ex.: Senjana & Putra, 2021) e crianças com deficiências (ex.: Hussein, 2012) – existe uma lacuna de investigação no que diz respeito às implicações da abordagem dos jardins sensoriais como experiências para os visitantes e as consequências que isso teria no seu bem-estar. Jardins sensoriais são normalmente espaços terapêuticos ligados à experiência sensorial na natureza (Sensory Trust, 2023), pensados estrategicamente e com elementos e características especificas como a acessibilidade, o valor estético, a manutenção, as plantas, a qualidade dos equipamentos de revestimento, o nível de segurança e a localização (Hussein, 2009). Além das aplicações terapêuticas referidas anteriormente, os jardins sensoriais são ainda benéficos a nível da redução do stress, aumento dos níveis de bem-estar (Souter-Brown et al., 2021) e a nível educacional (Hussein, 2012). Considerando jardins típicos, isto é, que não foram desenhados com o propósito de serem jardins sensoriais, qualquer jardim é um espaço multissensorial capaz de criar experiências únicas, diferentes, originais e exclusivas (Silva & Carvalho, 2012). Adicionalmente, as diversas motivações para visitar um jardim incluem aspetos como saúde física e psicológica, tranquilidade, bem-estar, lazer, entre outros (Connell, 2004; Paiva et al., 2020), que podem ser considerados elos de ligação entre o turismo de jardim e os jardins sensoriais. Do ponto de vista do turismo e com as estratégias de marketing adequadas, é possível transformar os jardins em atrações turísticas capazes de se tornarem o ponto central do destino turístico onde estão inseridos (Silva & Carvalho, 2012), já que cerca de um terço dos turistas visita jardins enquanto viaja (Benfield, 2013). Paralelamente, na perspetiva da gestão, faz sentido investir no turismo de jardim, já que representa um potencial ponto de diferenciação em relação a outros destinos turísticos (Shapoval et al., 2021). O estudo das experiências multissensoriais é considerado importante no contexto do turismo (ex.: Agapito, 2020; Agapito et al., 2014; Agapito et al., 2013; Kastenholz et al., 2020; Matteucci, 2016; Meacci & Liberatore, 2018), uma vez que entender como os sentidos afetam a perceção é uma forma de promover a satisfação do visitante (Erenkol & AK, 2015). Por outro lado, a diversidade sensorial e a interação com a comunidade estão ligadas a experiências turistas positivas e a sentimentos de apego ao destino (Kastenholz et al., 2020; Matteucci, 2016). Usar estímulos sensoriais é um instrumento que auxilia na gestão de um destino/atração, uma vez que qualquer lugar é multissensorial e passível de ser palco de experiências memoráveis holísticas e multissensoriais e personalizáveis para os visitantes (Agapito et al., 2013; Pine & Gilmore, 1998). Apesar de o turismo no geral estar ligado às experiências multissensoriais, o turismo de bem-estar foca-se mais ainda nessa ligação (Agapito, 2020; Smith & Diekmann, 2017), já que é influenciado pela natureza e ambiente da experiência (Vada et al., 2020). Essa ligação ao bem-estar é feita tanto através das dimensões hedónica e eudaimónica (Lv & Wu, 2021; Smith & Diekmann, 2017; Vada et al., 2020). A primeira está relacionada com o prazer emocional e sentimento de satisfação e a segunda refere-se aos sentimentos de autenticidade e bem-estar psicológico e crescimento pessoal (Tsai, 2021). Idealmente, aliando ambos os tipos de bem-estar à utilização de experiências sensoriais é possível gerar uma ligação emocional a longo prazo com o destino turístico e, por sua vez, influenciar os níveis de felicidade dos turistas/visitantes, de forma dinâmica (Lv & Wu, 2021). Para responder às questões de investigação, foi realizado um questionário a uma amostra de 124 respondentes pertencentes à geração Y (nascidos entre os anos de 1981 e 2000) (Roberts, et al., 2012; Goldgehn, 2004), maioritariamente feminina, solteira e de nacionalidade portuguesa. O questionário envolveu um de dois vídeos distintos - um com um jardim sensorial e outro com um jardim típico – a que o indivíduo teve de assistir antes de responder ao questionário. Do total de 124 respondentes, metade visualizou o vídeo com o jardim sensorial e a outra visualizou o jardim típico. O questionário tinha como o objetivo compreender as perceções dos respondentes relativamente ao jardim experienciado tendo em conta o bem-estar hedónico, o bem-estar eudaimónico, inclusão, acessibilidade, capacidade para envolver os cinco sentidos e experiência geral. O questionário permitiu também testar as correlações entre as mesmas variáveis. Adicionalmente, foi realizada uma entrevista exploratória com uma especialista em jardins sensoriais para explorar e reforçar conhecimentos dentro do tema, com foco nas suas aplicações terapêuticas, vantagens, outros tipos de terapias sensoriais e possibilidade da aplicação dos jardins no turismo. Tendo em conta as limitações do estudo, os resultados sugerem que os inquiridos consideram que ambas as experiências têm capacidade para elevar os níveis de bem-estar. Adicionalmente, sugerem que os jardins sensoriais são mais inclusivos e acessíveis. Relativamente ao bem-estar hedónico e eudaimónico, os resultados sugerem ainda que ambos os tipos de jardins demonstram correlações entre os dois tipos de bem-estar e as restantes variáveis, em especial com a capacidade de envolver os cinco sentidos e a experiência percebida global. Já relativamente aos jardins sensoriais, estes apresentaram correlações positivas com os conceitos de inclusão e acessibilidade. Assim, as experiências dos jardins sensoriais têm o potencial de contribuir significativamente para o bem-estar geral dos visitantes. Este estudo contribui para o conhecimento crescente no domínio das experiências sensoriais enquanto visitas a jardins e sublinha a relevância do design inclusivo e das considerações de acessibilidade na formação do bem-estar dos visitantes. Desta forma, foram sugeridas potenciais aplicações dos jardins sensoriais na perspetiva da gestão, tendo em conta situações de lazer, turismo e marketing, assim como exemplos de recursos específicos (incluindo plantas endémicas da região do Algarve) para a criação de espaços de jardins sensoriais.
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Jardins sensoriais Bem-estar hedónico Bem-estar eudaimónico Experiência do visitante Inclusão Acessibilidade