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Refletir acerca da relação que José Gomes Ferreira (1900-1985) estabeleceu com Pessoa não nos conduz à mera averiguação de influências sobre quem veio depois e sofreu o abalo de um mestre. Muito mais interessante do que isso
è a densa teia histórico-literária em que os dois poetas atuaram, numa configuração de tempo múltiplo e dialógico que não se compadece com a linearidade homogénea e unidirectional de autores e correntes literárias.
A formação poética de José Gomes Ferreira confirma-nos a morosidade da consagração pessoana e modernista assim como as continuidades, metamorfoses e ruturas do campo literário português nas primeiras d´ecadas do século XX.
A distancia de um século, não se pode descortinar nesse período apenas a figura de Pessoa como gigante literário: Oscar Lopes não se esqueceu de lhe juntar os nomes de Aquilino, Brandão e Pessanha.
Um olhar apenas concentrado na proeminência de Pessoa – Eduardo Lourenço chamou-lhe “insolação pessoana” ou ”aparição maciça" – não conseguirá identificar a complexidade de uma conjuntura literária em que sobressaíam ainda o epigonismo poético simbolista, saudosista, neorromântico e a referencia da estética realista-naturalista
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Modernidade pós-Pessoa José Gomes Ferreira
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CLEPUL-FL-UL