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Authors
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Abstract(s)
O turismo é um importante motor económico de desenvolvimento, sobretudo nas regiões
costeiras do planeta. Por conseguinte, a indústria do turismo concentra-se frequentemente
em destinos de praia, o que pode conduzir a um desenvolvimento desigual, com as zonas
costeiras a sofrerem de sobrelotação e as regiões do interior a serem negligenciadas.
No domínio do desenvolvimento sustentável do turismo, é essencial compreender as
perceções, atitudes e intenções dos vários intervenientes. Neles incluem-se os turistas, as
empresas ligadas ao turismo, os operadores turísticos, as entidades públicas e os
residentes. É especialmente importante compreender a forma como os residentes
percecionam os impactos do turismo e quais as suas atitudes em relação ao apoio do setor,
uma vez que o desenvolvimento sustentável do turismo não se obtém sem a participação
dos residentes, que convivem com os turistas numa base diária.
Embora investigações anteriores tenham explorado as perceções dos residentes sobre os
impactos do turismo, tem sido dada pouca atenção às diferenças geográficas entre as
regiões costeiras e interiores. Este estudo visa contribuir para preencher essa lacuna,
examinando as diferenças e as semelhanças entre os residentes que vivem em zonas
costeiras (litorais) e interiores. Especificamente, pretende-se estudar os impactos
turísticos percebidos e se as atitudes em relação ao desenvolvimento turístico diferem
entre estes dois grupos. Adicionalmente, procura-se perceber se as diferenças encontradas
refletem as diferentes fases de desenvolvimento turístico dos locais de residência
analisados.
A investigação centra-se no Algarve, uma região costeira do sul de Portugal, conhecida
pela sua indústria turística. Os residentes do litoral algarvio dependem frequentemente do
turismo como forma de rendimento, o que pode levar a níveis mais elevados de apoio ao
desenvolvimento turístico. Por outro lado, os residentes do interior recebem menos
turistas e são menos dependentes economicamente do turismo, o que pode resultar em
atitudes diferentes. Compreender estas diferenças é crucial para um planeamento e uma
gestão eficazes do turismo.
A literatura existente explora as perceções dos residentes sobre os impactos do turismo,
as atitudes em relação ao desenvolvimento do turismo e as intenções de comportamentos
pró-turismo. Os residentes têm frequentemente perceções positivas do turismo devido aos seus benefícios económicos, enriquecimento cultural e melhoria das infraestruturas. No
entanto, também reconhecem impactos negativos como o aumento do custo de vida, a
homogeneização cultural e a degradação ambiental. As perspetivas, atitudes e
comportamentos dos residentes são frequentemente explicados através de teorias e
modelos como a Teoria das Trocas Sociais (SET), o Modelo do Ciclo de Vida dos
Destinos Turísticos (TALC), o Modelo Irridex e a Teoria da Ação Racional (TRA). Esta
investigação utiliza estas teorias e modelos como fundamentação epistemológica.
Com efeito, este estudo tem como objetivo fornecer informações sobre as diferenças e
semelhanças nas perceções sobre os impactos do turismo e no apoio dos residentes ao
desenvolvimento do turismo entre as regiões costeiras e interiores, utilizando a região do
Algarve como objeto de análise. Compreender estas articulações é essencial para o
planeamento e gestão do turismo sustentável, tendo em conta os desafios e as
oportunidades únicos que caracterizam o litoral e o interior da região.
A região do Algarve é composta por 16 municípios e 67 freguesias, oferecendo paisagens
diversas, região costeira, barrocal e serra. Cerca de 38% da região desfruta de um status
de conservação ambiental. O litoral estende-se por 200 km, constituindo uma parte
significativa da costa portuguesa. Esta região desempenha um papel vital no turismo
português, contribuindo substancialmente para as dormidas, a capacidade de alojamento
e as receitas nos empreendimentos turísticos nacionais.
Para obter uma compreensão alargada das perspetivas dos residentes, das suas atitudes
em relação ao turismo e das suas intenções de o apoiar, foi aplicado um extenso
questionário aos residentes do Algarve. As questões abrangeram vários aspetos, incluindo
as perceções dos residentes sobre os impactos positivos e negativos do turismo, as suas
atitudes em relação ao desenvolvimento do turismo e também as suas intenções para
adotarem comportamentos pró-turismo. A recolha de dados ocorreu durante as épocas
alta e baixa da atividade turística no Algarve, em 2020/21, abrangendo residentes de todos
os municípios do Algarve. A investigação utilizou um método de amostragem
estratificado, considerando aspetos como o município, o género e o grupo etário. Após o
processamento dos dados, 4.000 observações foram validadas para serem utilizadas nesta
investigação, proporcionando uma base sólida para análise. Os inquiridos foram depois
divididos entre os que indicaram viver em freguesias litorais e os que afirmaram viver em freguesias do interior. O método estatístico utilizado para retirar conclusões dos dados foi
o Partial Least Sqares Structural Equation Modelling (PLS-SEM), através de uma análise
multigrupos (MGA).
Os resultados mostram que o efeito das perceções dos residentes sobre os impactos
ambientais positivos no seu apoio ao desenvolvimento turístico difere significativamente
entre os residentes do litoral e do interior. A região do interior apresenta ligações mais
fortes entre as perceções ambientais positivas e o consequente apoio ao desenvolvimento
do turismo, o que significa que, se for gerido corretamente no aspeto ambiental, os
residentes terão mais probabilidades de apoiar o desenvolvimento do turismo. Por outro
lado, as perceções sobre os impactos ambientais positivos revelam não ter impacto no
apoio dos residentes do litoral em relação ao desenvolvimento turístico. Este resultado
sugere que as regiões se encontram em fases distintas do ciclo de vida dos destinos
turísticos, estando o interior na fase de desenvolvimento e o litoral na fase de
consolidação.
Além disso, a relação entre os constructos mostra uma forte influência dos impactos
económicos no apoio ao turismo em ambos os grupos, provavelmente explicável pelo seu
envolvimento na indústria do turismo, com mais de 70% dos respondentes no litoral e
60% no interior a declararem trabalhar no setor. Por último, os valores médios percebidos
em relação aos impactos negativos do turismo são superiores no litoral, o que permite
supor que aumentam proporcionalmente à intensidade turística.
Os resultados do estudo oferecem perspetivas válidas para a gestão do turismo no
Algarve. As recomendações incluem uma gestão pró-ativa dos impactos ambientais
positivos, uma avaliação cuidadosa da capacidade de carga para mitigar o excesso de
turismo ao longo da linha costeira e um enfoque estratégico no desenvolvimento do
turismo sustentável nas regiões do interior. Estes conhecimentos são cruciais para as
entidades gestoras do turismo que procuram encontrar um equilíbrio entre a promoção
turística e a preservação do meio ambiente.
This study proposes a model to investigate the relationships between residents’ perceptions of tourism impacts (PTIs) and their intentions for pro-tourism behaviours (iPTBs), mediated by their attitudinal support for tourism development (aSTD), as well as exploring the moderating role of the place of residence being littoral or inland. The data for this study consists of 4,000 self-administered questionnaires applied to residents in the Algarve, a Portuguese region, characterized by an intense tourism activity, especially in its coastal area. The proposed model was estimated using Partial Least Squares Structural Equation Modelling (PLS-SEM). The results indicate that positive PTIs lead to stronger aSTD and consequently to stronger iPTBs. Additionally, the place of residence moderates the results for perceived positive environmental impacts. This indicates that inland residents perceive positive environmental impacts from tourism stronger than littoral residents, and the higher path coefficient towards aSTD suggests, that increased positive environmental impacts through tourism are a reason for more aSTD in inland areas. The study further discusses some theoretical and managerial implications.
This study proposes a model to investigate the relationships between residents’ perceptions of tourism impacts (PTIs) and their intentions for pro-tourism behaviours (iPTBs), mediated by their attitudinal support for tourism development (aSTD), as well as exploring the moderating role of the place of residence being littoral or inland. The data for this study consists of 4,000 self-administered questionnaires applied to residents in the Algarve, a Portuguese region, characterized by an intense tourism activity, especially in its coastal area. The proposed model was estimated using Partial Least Squares Structural Equation Modelling (PLS-SEM). The results indicate that positive PTIs lead to stronger aSTD and consequently to stronger iPTBs. Additionally, the place of residence moderates the results for perceived positive environmental impacts. This indicates that inland residents perceive positive environmental impacts from tourism stronger than littoral residents, and the higher path coefficient towards aSTD suggests, that increased positive environmental impacts through tourism are a reason for more aSTD in inland areas. The study further discusses some theoretical and managerial implications.
Description
Keywords
Perceções dos residentes sobre os impactos do turismo Apoio ao desenvolvimento do turismo Litoral vs interior