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Authors
Abstract(s)
Psychotherapy is effective for diverse disorders and relapse prevention, but understanding its mechanisms is a complex challenge in process-outcome research. Therapist empathy is key in predicting psychotherapy outcomes, often more influential than specific treatments, yet its precise role in therapy needs better clarification. Empathy`s role in fostering a safe environment for emotional exploration is particularly relevant for emotion regulation (ER) in disorders like depression. Current research on the relationship between therapist empathy and client ER is limited. This work, therefore, aims to deepen the understanding of how therapist-expressed empathy and client ER interact to facilitate therapeutic change in depression. To this end, three empirical studies were conducted based on the ISMAI Depression Study (Salgado, 2014), a comprehensive randomized clinical trial. The first study involved adapting and creating a Portuguese manual for the Observer Measure of Affect Regulation (O-MAR, Watson & Prosser, 2006). This adaptation enables a more detailed observation and measurement of ER in therapy sessions. Subsequently, the second study conducted an intensive case analysis of a good outcome case in Emotion Focused Therapy, examining the relationship between therapist-expressed empathy, client`s ER, and the general clinical symptoms. This study revealed a moderate, significant positive association between therapist`s empathy and client`s ER within the same session, emphasizing the immediate impact of empathy on client`s ER. Building on this finding, the third study investigated the joint contributions of the therapists` expressed empathy and clients` ER to the complex psychotherapy outcomes through a mediational model. Results corroborated the mediation role of clients` ER in the predictive effect of therapist empathy. These findings hold significant implications for both psychotherapy research and clinical practice, illustrating one possible way of how therapist empathy operates during psychotherapy process, contributing to the clarification of its role in clients` change.
Décadas de investigação estabeleceram, inequivocamente, que a psicoterapia é eficaz no tratamento de diversas perturbações mentais, tanto na fase aguda dos sintomas, como na prevenção da recaída. Apesar deste progresso, compreender os processos e mecanismos específicos subjacentes à sua eficácia continua a representar um desafio contínuo, que salienta a importância da investigação de processo-resultado. A investigação empírica tem demonstrado que a relação terapêutica tem um impacto significativo no resultado terapêutico, muitas vezes igualando, ou mesmo superando, o efeito específico de diferentes técnicas de intervenção de diferentes modelos terapêuticos. Entre as variáveis da relação, sabe-se que a empatia do terapeuta desempenha um papel muito importante na terapia, com um forte poder preditivo do resultado terapêutico. Esta ideia é apoiada por uma grande quantidade de estudos empíricos, bem como por meta-análises. No entanto, permanece um debate contínuo sobre como a empatia facilita a mudança terapêutica e como se dá sua influência específica. Por um lado, tem-se admitido que a expressão de empatia por parte do terapeuta tem um papel positivo em si mesmo, levando a que clientes se sintam compreendidos e aceites, abrindo mais espaço à exploração e transformação dos seus aspetos mais vulneráveis. Por outro lado, admite-se que a empatia possa facilitar o desenvolvimento de competências internas dos clientes. A este nível, a dimensão transdiagnóstica e transteórica de regulação emocional (RE) do cliente ganhou uma relevância crescente. Tem havido um consenso crescente entre várias abordagens terapêuticas sobre o papel crucial da RE como elemento fundamental para o sucesso da terapia. A integração da RE nos modelos de psicopatologia tem-se tornado cada vez mais comum, especialmente na compreensão e abordagem de perturbações de ansiedade e do humor, como a depressão. Dada a alta prevalência, e as consequências socioeconómicas da depressão, é crucial entender os fatores que contribuem para seu desenvolvimento e manutenção, bem como desenvolver abordagens de intervenção eficazes e implementar medidas preventivas. A sintomatologia característica da depressão, como o humor negativo persistente e/ou uma incapacidade de experienciar afeto positivo ou prazer (anedonia), sugerem fortemente o envolvimento de um estado de desregulação emocional muito frequente e/ou muito intenso. Por seu turno, dentro de uma relação segura, as emoções têm mais probabilidade de serem abordadas, toleradas e aceites. Desta forma, a empatia ao favorecer um ambiente seguro para a exploração emocional, parece ser particularmente relevante para a RE nos casos de depressão. Aliás, alguns autores, afirmam que uma das funções da empatia é a regulação emocional. No entanto, a investigação atual sobre a relação entre a empatia do terapeuta e a RE do cliente é ainda escassa e esta ligação carece de apoio empírico mais substancial. Este trabalho, visa aprofundar a compreensão de como a empatia expressa pelo terapeuta e a RE do cliente interagem para facilitar a mudança terapêutica na depressão. Os estudos foram fundamentados na conceção teórica e empírica de que a compreensão da interação destas variáveis poderá contribuir para melhores resultados terapêuticos, e assim, para o desenvolvimento de intervenções terapêuticas mais eficazes. Para a concretização desse propósito, foram realizados três estudos empíricos com base no ISMAI Depression Study (Salgado, 2014), um ensaio clínico aleatorizado que investigou e comparou a eficácia da Terapia Focada nas Emoções (TFE) e a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) no tratamento da depressão. Os estudos envolveram uma avaliação das seguintes variáveis-alvo: a empatia expressa pelos terapeutas, a regulação emocional dos clientes, e a intensidade dos sintomas depressivos e sintomas clínicos gerais. Para a avaliação da empatia expressa pelos terapeutas e a regulação emocional dos clientes foram utilizadas medidas observacionais específicas. O primeiro estudo envolveu a adaptação e criação de um manual em português para a Observer Measure of Affect Regulation (O-MAR, Watson & Prosser, 2006). A investigação no âmbito da RE conduziu ao desenvolvimento de várias medidas com fortes propriedades psicométricas, e várias delas estão validadas para a população portuguesa. No entanto, todas as medidas validadas para a população portuguesa, até à altura do desenvolvimento deste primeiro estudo, eram medidas de autorrelato. A adaptação da O-MAR para a população portuguesa procurou colmatar esta lacuna, e simultaneamente permitiu uma observação e avaliação mais cuidada e detalhadas da RE nas sessões de terapia. A escassa investigação sobre o papel preditivo/facilitador da empatia do terapeuta na RE dos clientes e no resultado da psicoterapia tem-se baseado em estudos com amostras, com informações limitadas sobre potenciais padrões idiossincráticos entre essas variáveis, muito relevantes para a prática clínica. Desta forma, no segundo estudo realizou-se uma análise intensiva de um caso clínico de sucesso em TFE, examinando a relação entre a empatia expressa pelo terapeuta, a RE do cliente e os sintomas clínicos gerais. Este estudo revelou uma associação positiva, moderada, e significativa, entre a empatia do terapeuta e a RE do cliente dentro da mesma sessão, evidenciando o impacto imediato da empatia na RE do cliente. Com base nos resultados deste estudo, o terceiro estudo investigou as contribuições conjuntas da empatia expressa pelos terapeutas e da RE dos clientes para os resultados da psicoterapia por meio de um modelo de mediação. O objetivo principal deste estudo foi investigar se a RE dos clientes seria uma variável mediadora na relação entre a empatia do terapeuta e o resultado terapêutico em termos de sintomas depressivos e sintomas clínicos gerais. Em contraste com as investigações anteriores, os dados foram recolhidos em diferentes momentos do processo de terapia. Foram recolhidos dados de 49 clientes, nas sessões 1, 4, 8, 12 e 16, tanto para a TFE quanto para a TCC para depressão. Além disso, para a análise de mediação, recorreu-se à utilização dos Modelos Lineares Mistos, pela sua adequação em termos de análise de dados recolhidos em múltiplos pontos temporais e pela sua capacidade de acomodar a natureza correlacionada de medidas repetidas nos mesmos sujeitos. Esta abordagem metodológica aumenta a capacidade de explorar a interação dinâmica entre a empatia do terapeuta, a RE do cliente e os resultados da psicoterapia. Os resultados deste estudo corroboraram o papel de mediação da RE dos clientes no efeito preditivo da empatia do terapeuta no resultado terapêutico. Esses resultados têm implicações significativas tanto para a investigação em psicoterapia como para a prática clínica, contribuindo para compreender como um processo interpessoal como a empatia facilita o desenvolvimento de uma competência intrapessoal, como a regulação emocional, dando apoio empírico a algumas teorias sobre o funcionamento e benefícios da empatia no espaço da psicoterapia.
Décadas de investigação estabeleceram, inequivocamente, que a psicoterapia é eficaz no tratamento de diversas perturbações mentais, tanto na fase aguda dos sintomas, como na prevenção da recaída. Apesar deste progresso, compreender os processos e mecanismos específicos subjacentes à sua eficácia continua a representar um desafio contínuo, que salienta a importância da investigação de processo-resultado. A investigação empírica tem demonstrado que a relação terapêutica tem um impacto significativo no resultado terapêutico, muitas vezes igualando, ou mesmo superando, o efeito específico de diferentes técnicas de intervenção de diferentes modelos terapêuticos. Entre as variáveis da relação, sabe-se que a empatia do terapeuta desempenha um papel muito importante na terapia, com um forte poder preditivo do resultado terapêutico. Esta ideia é apoiada por uma grande quantidade de estudos empíricos, bem como por meta-análises. No entanto, permanece um debate contínuo sobre como a empatia facilita a mudança terapêutica e como se dá sua influência específica. Por um lado, tem-se admitido que a expressão de empatia por parte do terapeuta tem um papel positivo em si mesmo, levando a que clientes se sintam compreendidos e aceites, abrindo mais espaço à exploração e transformação dos seus aspetos mais vulneráveis. Por outro lado, admite-se que a empatia possa facilitar o desenvolvimento de competências internas dos clientes. A este nível, a dimensão transdiagnóstica e transteórica de regulação emocional (RE) do cliente ganhou uma relevância crescente. Tem havido um consenso crescente entre várias abordagens terapêuticas sobre o papel crucial da RE como elemento fundamental para o sucesso da terapia. A integração da RE nos modelos de psicopatologia tem-se tornado cada vez mais comum, especialmente na compreensão e abordagem de perturbações de ansiedade e do humor, como a depressão. Dada a alta prevalência, e as consequências socioeconómicas da depressão, é crucial entender os fatores que contribuem para seu desenvolvimento e manutenção, bem como desenvolver abordagens de intervenção eficazes e implementar medidas preventivas. A sintomatologia característica da depressão, como o humor negativo persistente e/ou uma incapacidade de experienciar afeto positivo ou prazer (anedonia), sugerem fortemente o envolvimento de um estado de desregulação emocional muito frequente e/ou muito intenso. Por seu turno, dentro de uma relação segura, as emoções têm mais probabilidade de serem abordadas, toleradas e aceites. Desta forma, a empatia ao favorecer um ambiente seguro para a exploração emocional, parece ser particularmente relevante para a RE nos casos de depressão. Aliás, alguns autores, afirmam que uma das funções da empatia é a regulação emocional. No entanto, a investigação atual sobre a relação entre a empatia do terapeuta e a RE do cliente é ainda escassa e esta ligação carece de apoio empírico mais substancial. Este trabalho, visa aprofundar a compreensão de como a empatia expressa pelo terapeuta e a RE do cliente interagem para facilitar a mudança terapêutica na depressão. Os estudos foram fundamentados na conceção teórica e empírica de que a compreensão da interação destas variáveis poderá contribuir para melhores resultados terapêuticos, e assim, para o desenvolvimento de intervenções terapêuticas mais eficazes. Para a concretização desse propósito, foram realizados três estudos empíricos com base no ISMAI Depression Study (Salgado, 2014), um ensaio clínico aleatorizado que investigou e comparou a eficácia da Terapia Focada nas Emoções (TFE) e a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) no tratamento da depressão. Os estudos envolveram uma avaliação das seguintes variáveis-alvo: a empatia expressa pelos terapeutas, a regulação emocional dos clientes, e a intensidade dos sintomas depressivos e sintomas clínicos gerais. Para a avaliação da empatia expressa pelos terapeutas e a regulação emocional dos clientes foram utilizadas medidas observacionais específicas. O primeiro estudo envolveu a adaptação e criação de um manual em português para a Observer Measure of Affect Regulation (O-MAR, Watson & Prosser, 2006). A investigação no âmbito da RE conduziu ao desenvolvimento de várias medidas com fortes propriedades psicométricas, e várias delas estão validadas para a população portuguesa. No entanto, todas as medidas validadas para a população portuguesa, até à altura do desenvolvimento deste primeiro estudo, eram medidas de autorrelato. A adaptação da O-MAR para a população portuguesa procurou colmatar esta lacuna, e simultaneamente permitiu uma observação e avaliação mais cuidada e detalhadas da RE nas sessões de terapia. A escassa investigação sobre o papel preditivo/facilitador da empatia do terapeuta na RE dos clientes e no resultado da psicoterapia tem-se baseado em estudos com amostras, com informações limitadas sobre potenciais padrões idiossincráticos entre essas variáveis, muito relevantes para a prática clínica. Desta forma, no segundo estudo realizou-se uma análise intensiva de um caso clínico de sucesso em TFE, examinando a relação entre a empatia expressa pelo terapeuta, a RE do cliente e os sintomas clínicos gerais. Este estudo revelou uma associação positiva, moderada, e significativa, entre a empatia do terapeuta e a RE do cliente dentro da mesma sessão, evidenciando o impacto imediato da empatia na RE do cliente. Com base nos resultados deste estudo, o terceiro estudo investigou as contribuições conjuntas da empatia expressa pelos terapeutas e da RE dos clientes para os resultados da psicoterapia por meio de um modelo de mediação. O objetivo principal deste estudo foi investigar se a RE dos clientes seria uma variável mediadora na relação entre a empatia do terapeuta e o resultado terapêutico em termos de sintomas depressivos e sintomas clínicos gerais. Em contraste com as investigações anteriores, os dados foram recolhidos em diferentes momentos do processo de terapia. Foram recolhidos dados de 49 clientes, nas sessões 1, 4, 8, 12 e 16, tanto para a TFE quanto para a TCC para depressão. Além disso, para a análise de mediação, recorreu-se à utilização dos Modelos Lineares Mistos, pela sua adequação em termos de análise de dados recolhidos em múltiplos pontos temporais e pela sua capacidade de acomodar a natureza correlacionada de medidas repetidas nos mesmos sujeitos. Esta abordagem metodológica aumenta a capacidade de explorar a interação dinâmica entre a empatia do terapeuta, a RE do cliente e os resultados da psicoterapia. Os resultados deste estudo corroboraram o papel de mediação da RE dos clientes no efeito preditivo da empatia do terapeuta no resultado terapêutico. Esses resultados têm implicações significativas tanto para a investigação em psicoterapia como para a prática clínica, contribuindo para compreender como um processo interpessoal como a empatia facilita o desenvolvimento de uma competência intrapessoal, como a regulação emocional, dando apoio empírico a algumas teorias sobre o funcionamento e benefícios da empatia no espaço da psicoterapia.
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Depressão Empatia Regulação emocional Resultado psicoterapêutico
