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Abstract(s)
A presente dissertação investiga a adequação dos conceitos do marketing relacional
aos mercados de bens de consumo correntes. Os adeptos do marketing relacional incitam
as empresas a focalizarem os seus esforços de marketing na retenção dos seus clientes mais
valiosos. Esta recomendação decorre da crença de que a fidelização é uma forma mais
eficaz de assegurar o crescimento de uma marca do que a penetração.
O marketing relacional emergiu no contexto do marketing de serviços, mas mais
recentemente o seu âmbito alargou-se ao ponto de alguns autores o considerarem um novo
paradigma do marketing relevante para qualquer empresa em qualquer tipo de mercado. O
interesse pelos conceitos do marketing relacional cresceu designadamente entre os
fabricantes de bens de consumo correntes empenhados em superar as limitações das
tradicionais abordagens do marketing de massa. Todavia, em oposição à teoria dominante
do comportamento de compra do consumidor de Howard-Sheth, a teoria NBD-Dirichlet
do comportamento de compra prediz que, em situações de compra repetida, essas
estratégias de marketing relacional não produzirão os resultados esperados.
Na realidade, tendo em conta evidência empírica segundo a qual: a) o que
basicamente distingue as marcas líderes das restantes numa dada categoria é o facto de ela
ser adquirida por mais consumidores; b) a lealdade não varia muito de marca para marca; e
c) as marcas com maiores taxas de penetração também registam maior lealdade, os
programas concebidos para fidelizar os clientes correm o risco de ou não atingirem o seu
propósito ou atingirem-no por um custo absurdamente elevado. Por essas razões,
pretendíamos testar a hipótese segundo a qual os programas de marketing relacional são
incapazes de gerar ganhos de quota de mercado para bens de grande consumo. Por outro
lado, caso fosse possível identificar algum impacto positivo, gostaríamos de saber que
variáveis comportamentais específicas seriam responsáveis por esse efeito.
Tendo obtido autorização de um grande fabricante de bens de consumo correntes a
operar em Portugal para examinar os dados de compra de um grupo de teste e de um
grupo de controlo no contexto de um programa de marketing relacional, foi-nos possível
xiv
acompanhar os seus comportamentos respectivos ao longo de um período de dez
trimestres. As variáveis de comportamento retidas foram a quota de mercado, a taxa de
penetração, a taxa de compra, a frequência de compra e o gasto por ocasião de compra. A
análise foi conduzida em três níveis distintos: empresa, divisão e produto.
Assim, foi estabelecida uma comparação entre o comportamento no grupo de teste
e o comportamento no grupo de controlo. As diferenças entre os dois grupos conduziram
à criação de um novo conjunto de séries cronológicas cuja evolução foi analisada com o
objectivo de verificar:
a) Se seria possível identificar qualquer evolução positiva no grupo de teste em
relação ao grupo de controlo durante o período escrutinado; e
b) Se tais efeitos poderiam ser atribuídos ao programa de marketing relacional.
Resumidamente, a conclusão fundamental é que, a fazer fé nos dados disponíveis,
não é possível concluir que o programa de marketing relacional investigado tenha tido um
impacto positivo irrefutável sobre as variáveis de compra analisadas, seja ao nível da
empresa, das divisões ou dos produtos.
Embora estes resultados não permitam concluir que o marketing relacional é
absolutamente ineficaz em mercados de bens de grande consumo, eles contribuem no
entanto para reforçar as suspeitas levantadas por alguns autores relativamente à
aplicabilidade dos princípios do marketing relacional à compra repetida de baixo
envolvimento, na medida em que parecem confirmar as predições da teoria NBD-Dirichlet
do comportamento de compra. Decorrem daqui importantes consequências para a teoria
do marketing e a prática da gestão, bem como para futuras investigações neste domínio.
Description
Tese dout., Gestão, Universidade do Algarve, 2006
Keywords
Teses Marketing