Name: | Description: | Size: | Format: | |
---|---|---|---|---|
760.84 KB | Adobe PDF |
Abstract(s)
A ironia usa-se para dizer o contrário do que se pensa e, simultaneamente, para persuadir. Ligada à ideia de Destino e de Justiça, ela foi transposta, ao longo dos tempos, para o romance moderno. Neste último, é utilizada como forma de criticar a vida do indivíduo e da sociedade. Ela seria, por excelência, o conceito que melhor serviria essa causa, pois o leitor encontraria no paradoxo e na sua imaginação muito mais do que o que ficava dito.
Sendo a ironia um recurso antigo muito útil, os ironistas pretendem que o Homem reconheça nele próprio os vícios e se auto-corrija. Contudo, é no século XIX, graças ao Romantismo, que esta ganha mais relevância, apresentando uma multiplicidade de novos significados.
Nas obras que constituem o objecto do nosso estudo, Voyage autour de ma chambre e Viagens na minha terra, tratamo-la delimitada à relação de sedução e poder estabelecidas no texto entre a voz autoral e o leitor. A ironia torna-se aqui visível em artifícios literários como a digressão, a interrupção, a utilização de capítulos em branco, a intervenção do autor/narrador, o convite ao leitor para participar na narrativa, entre outros. Tais processos literários permitem ao ironista reivindicar a possibilidade de escrever uma coisa ao mesmo tempo que a contradiz, o que funciona como um jogo destinado a quebrar, no leitor, os laços com os códigos literários do passado, por um lado e, por outro, permite ao autor impor o seu poder, conduzindo o leitor por caminhos premeditados. Este é, então, levado pelos olhos do autor/narrador a ouvir, ver e sentir.
Quer a viagem filosófica, quer a realizada em espaços geograficamente reduzidos constituem autênticos desafios e são transversais às obras em estudo.
Description
Dissertação de mest., Literatura (Literatura Comparada), Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Univ. do Algarve, 2011
Keywords
Ironia Viagem