ESS3-Livros (ou partes, com ou sem arbitragem científica)
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Livro científico ou capítulo de livro científico ou obra que resulte de investigação
a) livro científico, com arbitragem científica, ou exposição com carácter individual e com comissariado ou direcção de trabalho performativo, com relatório avaliadob) capítulo de livro científico, com arbitragem científica, ou exposição em evento colectivo com comissariado ou participação em trabalho performativo, com relatório avaliado
c) livro científico, sem arbitragem científica, ou exposição com carácter individual e com comissariado ou direcção de trabalho performativo, sem relatório avaliado
d) capítulo de livro científico, sem arbitragem científica, ou exposição em evento colectivo com comissariado ou participação em trabalho performativo, sem relatório avaliado
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Browsing ESS3-Livros (ou partes, com ou sem arbitragem científica) by contributor "Silva, Carlos Alberto da"
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- Práticas, Percursos & InvestigaçãoPublication . Abrantes, António Fernando; Silva, Carlos Alberto daDesde o início da história da humanidade, o homem tem tentado compreender o mundo e tudo o que o rodeia, com o objetivo de melhorar a sua vida. A compreensão do mundo e dos fenómenos que daí decorrem está, desde sempre, associada a processos mais ou menos empíricos de aquisição de conhecimentos, desde métodos de tentativa e erro até aos mais consolidados procedimentos e metodologias de investigação. É inegável que a busca pelo conhecimento é quase coincidente com a própria existência humana. Os motivos e as razões podem diferir, mas a procura por resultados que melhorem as condições de vida é constante. Nas sociedades atuais, a investigação produz novo conhecimento, que rapidamente é integrado e assimilado, desencadeando inovação. Podemos afirmar que a ciência e a investigação são condições essenciais para o sucesso e desenvolvimento das sociedades. A evolução das sociedades assenta na ciência e na investigação, que, pela complexidade da sua estrutura, se foi ramificando em áreas científicas, fundamentais ou aplicadas, especializações, subespecializações e áreas temáticas em desenvolvimento. Por sua vez, a evolução e o avanço contínuo do conhecimento em todas as áreas têm imposto condições e limitações a cada uma delas. À medida que aprofundamos o conhecimento numa determinada área, corremos o risco de perder a visão do todo. Arriscando alguma colagem ao pensamento positivista de Auguste Comte, podemos afirmar que o progresso social decorre do avanço das ciências. A investigação científica fundamenta a criação de conhecimento em todas as dimensões da vida e da interação humana. A vida humana, as sociedades e até a própria investigação científica encontram respaldo nas chamadas profissões. É exatamente sobre três profissões agrupadas na área designada como Imagem Médica e Radioterapia, que englobam a Radiologia, a Radioterapia e a Medicina Nuclear, que nos vamos debruçar neste texto, as quais também fundamentam este livro. Tratando-se de profissões com pouco mais de um século de existência, no que toca à investigação científica, estão a dar os primeiros passos, quando comparadas com as ciências fundamentais. Apesar de ancorarem os seus conhecimentos em áreas como a física, a matemática, a anatomia e a fisiologia, e mais recentemente em campos como a qualidade, a gestão e a segurança do paciente, essas novas profissões revestem-se de tal complexidade que não é possível limitá-las exclusivamente a um único domínio científico. A investigação em Imagem Médica e Radioterapia na Universidade do Algarve conta com vinte anos de existência e um percurso sinuoso, pautado pelas dificuldades inerentes à implementação e consolidação do curso, bem como pela definição nacional e internacional de políticas para este ensino. A consolidação da investigação científica, apesar das dificuldades decorrentes de se tratar de uma universidade afastada dos grandes centros urbanos e da escassez inicial de recursos humanos e materiais específicos, beneficiou da vasta experiência que a Universidade do Algarve detinha em outros domínios científicos, bem como do facto de o próprio curso estar integrado num campus universitário com várias unidades orgânicas plenamente consolidadas. Para não repetir partes do texto publicado anteriormente na obra intitulada “Imagem Médica: Experiências, Práticas e Aprendizagens”, uma vez que já se passaram alguns anos desde essa publicação, importa agora abordar o que foi possível consolidar em termos de percursos de investigação. Como não poderia deixar de ser, há uma forte componente no domínio das radiações ionizantes e de tudo o que lhes está associado, seja na sua utilização, qualidade ou segurança. As áreas de aplicação clínica, no domínio das três profissões, devido à hierarquia e dependência funcional de outras profissões, encontram-se numa fase mais embrionária de desenvolvimento. Acreditamos que a colaboração com a mais recente unidade orgânica da Universidade do Algarve pode potenciar este caminho. A vertente mais instrumental destas áreas também tem sido desenvolvida, com grande ligação à fisiologia humana. Por fim, há uma abordagem humanista e social, que integra a qualidade, a segurança dos cuidados prestados, estudos de satisfação, avaliação de tecnologia em saúde e até áreas da gestão. Importa referir e salientar que este enfoque mais humanista se deve, em parte, à estreita colaboração, praticamente desde a criação da escola, com o Departamento de Ciências Humanas e Sociais da Universidade de Évora. Esta colaboração, em grande medida personalizada na figura do Professor Catedrático Emérito Carlos Alberto da Silva, que, em virtude da sua formação em radiologia e sociologia, reforçou a necessidade de olhar para a imagiologia de forma holística, menos centrada na vertente tecnológica e na aplicação quase exclusiva de procedimentos técnicos. A prática da medicina em geral e da imagem médica em particular, após a introdução de novos conceitos teórico-metodológicos que colocam o paciente no centro dos cuidados, como a avaliação de tecnologias em saúde, a capacidade de decisão e o empoderamento dos utilizadores dos cuidados de saúde, e a governança clínica, juntamente com a consciencialização da necessidade de educar as populações para que possam fazer escolhas acertadas em saúde, traz à tona a necessidade de centrar os cuidados no paciente. A certeza de que as opiniões dos especialistas devem ser articuladas com as preferências dos pacientes, conferindo-lhes capacidade de decisão sobre a sua vida e doença, ao invés de se limitar à decisão técnica e clínica que deixava o indivíduo sem controlo sobre a sua vida, levou à integração das ciências humanas no ensino mais tecnológico e técnico. Após um período em que as ciências humanas quase foram excluídas do ensino das ciências da vida, em concreto da medicina e das áreas a ela associadas, tomou-se consciência, um pouco por todo o mundo, de que os profissionais de saúde não podem se limitar à aprendizagem dos pressupostos técnicos das suas profissões sem incluir uma abordagem centrada na pessoa humana.