Repository logo
 
Loading...
Thumbnail Image
Publication

O Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia

Use this identifier to reference this record.
Name:Description:Size:Format: 
2019_Vista.pdf1.89 MBAdobe PDF Download

Advisor(s)

Abstract(s)

Diz o poeta que “O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia”, mas logo a seguir, e em aparente contradição, diz “Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia”, e explica, “porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia”.1 Numa assumida provocação, gostaria de dialogar com o poeta. É que o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, não apenas porque ele não é o rio que corre pela minha aldeia, mas por que, de certo modo, também o é. Parafraseando Guimarães Rosa, poderia dizer que o Tejo está em toda a parte, em todo o mundo da expansão portuguesa, pelo menos. De facto, é quase um lugar comum referir à dimensão aquática da expansão portuguesa e a estratégia de implantação urbana na orla costeira, ou à beira dos rios, que foi o locus maioritariamente eleito na colonização do Brasil. Como diria o poeta, “toda a gente sabe isso”.2 Contudo, sendo as águas recorrentes cabe, de todos os modos, colocar a questão acerca da relação que as cidades estabelecem com elas. Há, sem qualquer dúvida, e todos nós empiricamente o podemos atestar, o peso da dimensão telúrica da paisagem, que o mar ou o rio, por si sós, potencializam. Exemplos como Olinda, Salvador ou o Rio de Janeiro, tornam absolutamente evidente o quanto a conjugação mar e colinas, que a cultura urbanística da expansão denodadamente buscou, produziu resultados cénicos espetaculares. Nestes casos, não há qualquer pejo em invocar a relação entre Lisboa e o Tejo como matriz. Mas há as circunstâncias em que havendo cidade e rio, não existem os montes por onde se possa, sobranceiramente, alcançar a água com a vista. Esse é o caso das cidades e do rio que corre pela minha aldeia. O rio que corre pela minha aldeia é aqui, evidentemente, o Amazonas e, por extensão, todos os rios que para ele também correm, onde se fundaram as cidades da Amazónia.

Description

Keywords

Amazónia Leis Zenonianas Vistas de cidades

Citation

Araujo, Renata. “O Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia”, in Carita, Helder, Garcia, José Manuel (eds.) A Imagem de Lisboa O Tejo e as Leis Zenonianas da Vista do Mar. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, Instituto de História da Arte, 2019, pp. 111-122. ISBN 978-972-9231-11-7

Research Projects

Organizational Units

Journal Issue

Publisher

Câmara Municipal de Lisboa

CC License