PMT-N12
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- Mutações no espaço rural: estudo de caso - a aldeia do AzinhalPublication . Pedro, Maria JoséO trabalho aqui apresentado foi elaborado a partir da tese de mestrado em História do Algarve, defendida na Universidade do Algarve em Abril de 2011, que abordou o tema das mutações no espaço rural, através de um estudo de caso na freguesia do Azinhal pertencente ao concelho de Castro Marim, situada no Algarve Oriental, na área de influência do rio Guadiana. Pretende-se fazer uma reflexão sobre a problemática da desruralização. Desde os anos 60 do século XX que a região do Algarve tem visto transformar as suas paisagens e o modo de vida dos seus habitantes, pressionada por uma forte indústria turística. A descaracterização da paisagem, o abandono das terras, a destruição de uma identidade e de todo um património, levam-nos necessariamente a uma reflexão sobre as mutações a que temos vindo a assistir nas áreas rurais, procurando identificar as dinâmicas existentes nesse espaço em transformação e, a partir daí (re)equacionar as diferentes variáveis com influência no desenvolvimento destes lugares. Num tempo de mudança, novas configurações económicas, culturais e sociais serão encontradas, utilizando forças endógenas e exógenas. A complexidade dos vários fatores que intervêm tem vindo a aumentar, e as opções tomadas e/ou a tomar podem vir a comprometer irremediavelmente o futuro da região.
- Notas de leituraPublication . Valagão, Maria Manuel; Vasco, Célio; Gomes, BertílioAlgarve Mediterrânico: Tradição, Produtos e Cozinhas é um livro sobre o património alimentar algarvio (nas vertentes de paisagem, produção e culinária) e a sua inovação. Três profissionais com créditos firmados percorreram o território durante cerca de quatro anos, recolheram testemunhos e recriam a história e paisagem alimentar algarvias: uma investigadora da tradição alimentar, Maria Manuel Valagão, um cozinheiro, Bertílio Gomes, e um fotógrafo, Vasco Célio. O livro resulta de um trabalho de investigação de Maria Manuel Valagão sobre a identidade e diversidade da cozinha algarvia (daí a conjugação plural no título do livro) e a relação com os recursos disponíveis, a cultura e os saberes ancestrais. Sempre numa perspetiva de olhar para o futuro, de salvaguarda e sustentabilidade. O trabalho fotográfico de Vasco Célio aborda a paisagem, os produtos, as práticas culinárias, as pessoas e os gestos, acompanhando de uma forma autoral a escrita do livro. Bertílio Gomes é chamado a experimentar e recriar os sabores, inovando o receituário tradicional. A partir de áreas profissionais distintas, os três autores arreigam-se afetivamente no território algarvio, algo que faz ecoar as empresas monográficas dos grandes etnógrafos do século XIX. Algarve Mediterrânico: Tradição, Produtos e Cozinhas é um trabalho ditado pelo rigor científico e apuro estético. O facto de conviver, em lugar de destaque, nos escaparates das livrarias com outras obras sobre gastronomia e culturas alimentares, tendo inclusivamente uma versão traduzida em inglês, dir-nos-á algo sobre o público que almeja e que não é apenas o especializado mas sim o público em geral, incluindo o estrangeiro.
- A produção de cal no Algarve: Identidade e gestão do territórioPublication . Martins, Susana CaladoEste texto dedicado à produção artesanal de cal no Algarve resulta, em grande parte, da investigação desenvolvida no âmbito da dissertação de mestrado em História do Algarve, mas também de um continuado interesse que tem motivado a realização de pesquisas e de novos olhares sobre o tema. Esta actividade económica já se encontrou entre os ofícios mais importantes da região algarvia. Apesar de se tratar de uma actividade sazonal, assumiu uma grande preponderância nos meios rurais, contribuindo para definir boa parte da identidade e imagem do território. Todavia, e apesar da sua pertinência, este tema do património cultural algarvio esteve durante muito tempo caído no esquecimento. Até há poucos anos havia sido referido ocasionalmente por alguns autores, sobretudo em obras de carácter geral referentes a outros temas, ou em monografias locais, sem contudo ser alvo de um olhar aprofundado. Porém, nos últimos anos a tendência pareceu inverter-se um pouco em diferentes contextos e o tema tem vindo a recolher um progressivo interesse, tanto no âmbito académico, onde começaram a surgir alguns trabalhos que o abordam de modo mais consistente, como no que respeita a determinadas acções realizadas em contexto de divulgação cultural e educação patrimonial ou, até mesmo, no turismo cultural. Iniciativas estas às quais o público, especializado e não especializado, parece ter vindo a corresponder com igual interesse.
- Água, Hortas e Identidade no Barrocal Algarvio. Saberes ancestrais, problemáticas actuaisPublication . Tomé, SóniaO renovado interesse em possuir uma horta destinada ao auto-consumo, ou sugerir a alguém o cultivo de hortícolas em espaço próprio, reflecte, directamente, alguns dos problemas mais agudos das sociedades actuais, com tendência a agravarem-se num futuro próximo, como crises económicas, necessidades e desperdícios alimentares, segurança alimentar e saúde pública. Indirectamente, a poluição das águas e dos solos, alterações climáticas globais, etc. Neste contexto, em Portugal, na Europa e noutras partes do Mundo vão surgindo “Hortas Sociais”, “Hortas Comunitárias”, “Hortas Pedagógicas”… e muitas outras iniciativas alusivas à horta, tais como Mercadinhos, Feiras e Cabazes, Oficinas e Workshops, Rotas ou Passeios Pedestres. No entanto, antes deste renovado interesse pelas hortas à escala nacional e supranacional, estimulado pelas referidas problemáticas da sociedade actual, há muito que as gentes do Barrocal Algarvio, reconhecem e valorizam a sua importância, embora os motivos para a cultivar tenham variado ao longo dos tempos (Tomé, 2008). Foi a forte identificação das gentes à horta e ao modo de vida rural, que fizeram com que a sua prática fosse mantida até à actualidade, ainda que em menor escala.
- Editorial / ApresentaçãoPublication . Oliveira, António Paulo; Valente, Maria João; Araujo, RenataO número 12 da revista promontoria é dedicado ao Algarve rural. Este constitui um tema que não é, no presente, fácil de delimitar, em especial, quando é considerado na sua expressão mais abrangente, conferindo especial relevância às atividades e às comunidades. Como a geografia ou o urbanismo não se têm cansado de enunciar, os limites entre o campo e a cidade tornaram-se gradualmente mais difusos. A contraposição tende cada vez mais a ser outra; entre as ‘regiões urbanas’ do litoral e os ‘territórios vagos’ do interior. É o que ocorre também no Algarve, sempre mais exposto à desertificação das áreas serranas, depois de restringido, durante décadas, aos discursos em torno à profunda transformação da orla costeira.
- Novos apontamentos para o estudo da talha em Minas Gerais, a partir do mapeamento da oficina do entalhador lisboeta José Coelho de NoronhaPublication . Pedrosa, Aziz José de OliveiraSabe-se que a caudalosa produção artística ocorrida em Minas, durante o século XVIII, aflorou no momento em que as vilas e arraiais erguiam seus templos religiosos. Tais obras foram possíveis por intermédio do patrocínio das poderosas irmandades, que detinham grandes riquezas e se empenhavam em erguer igrejas e capelas. A arquitetura desses templos religiosos é destaque na paisagem das cidades onde se encontram, mas foi em seus interiores que a arte se fez intensamente presente por meio, principalmente, da pintura e da talha dourada. Esta última foi utilizada como elemento de composição ornamental e, sobretudo, como veículo de divulgação dos preceitos católicos contrarreformistas, delimitados pelo Concílio de Trento (1545-1563) e que em Minas foram amplamente divulgados. São muitas as considerações que se pode fazer sobre esse fértil ciclo de produção artística, contudo, tem como finalidade este texto analisar algumas questões referentes às oficinas que estiveram a serviço da produção da talha na Capitania de Minas, no correr do século XVIII. Visto preexistirem alguns vazios a respeito do assunto, frutos da estagnação de pesquisas em arquivos históricos que impossibilitam germinar novas discussões sobre a produção da arte local.
- Algarve como viagemPublication . Belo, DuarteÉramos quatro e estávamos na Primavera de 1991 quando chegámos a Almodôvar, sede de concelho limite-sul do distrito de Beja. O objetivo era caminharmos na direção da serra do Caldeirão. No primeiro dia o tempo manteve-se carregado. Choveu ocasionalmente. Mais tarde as condições meteorológicas haveriam de melhorar, não deixando o céu, no entanto, de permanecer pontuado por nuvens. O objetivo da caminhada era o atravessamento, e registo fotográfico, daquela montanha pouco elevada do Sul de Portugal. Foi assim que pela primeira vez pisei o solo algarvio. No passado, mesmo nas férias de verão, o destino da família eram as praias do Norte, da Consolação, perto de Peniche, ou Vila do Conde. Naquela viagem de 1991 não chegaria à orla marítima. A caminhada tinha terminado em Loulé, cidade a partir da qual regressaria a Lisboa, e, depois, ao Porto, onde então estudava. Levava agora comigo um conjunto de imagens, ainda latentes, em película a preto e branco, de uma realidade espacial substancialmente diferente daquelas de outras serranias do Norte de Portugal, que já havia percorrido. A serra do Caldeirão parecia apresentar uma paisagem relativamente monótona, enrugada em cabeços erodidos de solos de xisto pobres, vales, por vezes, relativamente cavados, sempre com pouca água. O coberto vegetal era escasso, fundamentalmente arbustivo e o povoamento humano muito rarefeito. Esta é uma das paisagens menos povoadas de todo o território português.
- A arquitetura de produção a partir do reaproveitamento da água de nascente na grande propriedade do Barrocal algarvioPublication . Barão, MarcoA noção de sítio rural com valor patrimonial foi consagrada internacionalmente no princípio da década de sessenta através da Carta de Veneza publicada em 19641. Deste documento emanaram legislações nacionais que, dentro do espírito da carta, colocavam o enfoque na figura do monumento. Ainda assim, o conceito de monumento passou a abranger “[...] não só as criações arquitetónicas isoladamente, mas também os sítios, urbanos ou rurais, nos quais sejam patentes os testemunhos de uma civilização particular, de uma fase significativa da evolução ou do progresso, ou algum acontecimento histórico.”2 A forma de entender o património evoluiu e os bens patrimoniais em meio rural passaram a ser reconhecidos e interpretados de forma integrada com a paisagem que lhes serve de suporte e com os conhecimentos que as populações detêm. O meio rural integra simultaneamente expressões materiais e imateriais no âmbito do património cultural edificado, natural e paisagístico. Partindo do conceito de património rural e encarando-o como elemento fundamental do desenvolvimento sustentável do território, pretende-se com o presente artigo dar a conhecer uma expressão particular do património rural algarvio, associado à gestão de água em meio rural.
- A Tecelagem tradicional e a produção de fibras têxteis no Algarve ruralPublication . Pereira, SelmaOs têxteis tradicionais algarvios não têm atualmente uma grande visibilidade. Porém, estas tradições têxteis provêm de tempos muito antigos e contêm características muito próprias que as distinguem das demais: o cultivo e a produção de fibras têxteis, a tecnologia empregue, as técnicas utilizadas, as formas de ornamentar as peças e as suas finalidades. A tecelagem tradicional de linho, lã e trapos do Algarve continua a seguir os mesmos processos e técnicas com que se tecia há séculos no Al-Andaluz. Apesar disso é uma área ainda pouco discutida e investigada. Em 1864 foram recenseados 83 teares, em atividade, na Serra de Monchique. Atualmente só resta uma tecedeira ativa no concelho: D. Maria Nunes, nascida em 1934, que continua a trabalhar o linho seguindo os trâmites tradicionais do ciclo do linho, desde a plantação à venda de peças em feiras da região.
- História, paisagem e arquitetura: a antiga vila de Cacela no contexto do Algarve OrientalPublication . Batista, Desidério; Costa, Miguel ReimãoO processo histórico de construção e transformação da paisagem no Baixo Algarve apoiou-se num modelo de ocupação e organização territorial que põe em evidência a utilização simultânea, pelas comunidades humanas, dos espaços marinhos e terrestres. A paisagem histórica de Cacela resultado do trabalho de civilizações, povos e gerações é, em meados do século XX, um testemunho vivo e claro deste paradigma baseado no acerto entre as circunstâncias do meio e a sua humanização. No contexto da orla litoral do Algarve oriental, a antiga vila de Cacela constitui, ainda hoje, um pequeno aglomerado de notável originalidade, especial significado e forte simbologia, integrado numa paisagem que se considera, ainda, ecologicamente equilibrada, com acentuada diversidade biológica e cujo conteúdo estético é de inegável valor cultural, embora cada vez mais ameaçada por padrões de uso considerados insustentáveis. O núcleo histórico de Cacela, integrado no Parque Natural da Ria Formosa, detém o estatuto de património classificado (Imóvel de Interesse Público). A presente investigação compreende a antiga vila e o território envolvente, comportando uma abordagem abrangente e integradora dos temas mais relevantes da arquitetura vernacular e da organização da paisagem tradicional agro-marinha. O objeto de investigação reúne, por um lado, qualidades e potencialidades que justificam o estudo de âmbito interdisciplinar que se propõe e, por outro lado, necessita atualmente de intervenções que visam a sua recuperação, salvaguarda e valorização, e relativamente às quais é fundamental o conhecimento das suas componentes arquitetónica e paisagística, considerando a relação da organização espacial do conjunto edificado com o seu hinterland.