Faculdade de Ciências Humanas e Sociais
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- "A Agência de Viagens Lemming", de José Carlos FernandesPublication . Nogueira, AdrianaEm janeiro de 2011, escrevi nesta secção do Cultura.Sul, a propósito de um outro autor (Rogério Silva) e a questão do regional na literatura: «Tudo aconteceu há uns anos, quando procurava o último livro de José Carlos Fernandes (insigne autor de banda desenhada que, por acaso, é de Loulé, e de quem hei-de falar neste espaço). A situação foi a seguinte: tinha-me dirigido a uma livraria em Faro, daquelas que pertencem a uma cadeia de livrarias, e perguntei se tinham o referido livro (devia ser um dos volume de A Pior Banda do Mundo). Como a funcionária não estivesse a localizar o autor, eu acrescentei ‘ele até é daqui, de Loulé’. Foi então que ouvi a resposta mais espantosa: ‘Ah, então não temos. Nós não temos escritores regionais’». Cumpro, então, o prometido, e hoje escrevo sobre o grande José Carlos Fernandes (um autor internacional), que viu publicado, finalmente, o seu livro A Agência de Viagens Lemming. Digo «finalmente», porque a edição já existia em espanhol, mas não em português. Os que tiveram a sorte de acompanhar as tiras que foram saindo, em 2005, no Diário de Notícias podem agora lê-las reunidas num único volume, dividido em duas partes: «Dez mil horas de ‘jet lag’» e «A síndrome da classe turística».
- Armando da Silva Vigário. Um homem que tinha uma câmara de filmarPublication . Valente, AntónioPor volta dos anos 80 do século passado, uma das primeiras atividades do que viria a ser o Cine Clube de Avanca foi a organização de uma Mostra do Cinema Amador de Avanca.
- "A beleza é o grau mais elevado da verdade", "Os Memoráveis", de Lídia JorgePublication . Nogueira, AdrianaFoi um prazer ler o último romance de Lídia Jorge, editado em março último, pela Dom Quixote. E as razões foram muitas. Porque fala de um dia da nossa história que me diz bastante: o 25 de abril de 1974. Apesar de ter dele apenas uma vaga ideia, foi sendo sempre falado na minha família e faz parte do meu presente. Porque reconheço grande parte da história ali contada, fazendo-me sentir cúmplice, quer do texto, quer dos acontecimentos. Porque o romance é um género que faz falta para contar a História. É um modo de chegar a muito mais gente que, depois de o ler (ou enquanto o vai lendo), vai ter vontade de ir procurar os outros livros – os de História não romanceada – para aprender sobre as horas daquela noite de 24 para 25 e sobre os seus protagonistas. Apesar da «transfiguração literária », como se lê na nota de edição, quem sabe se não os reconhecerá? E saltando muitas outras razões, porque é um livro muito bem escrito. As pontas que vão sendo soltas ao longo da narrativa juntam-se em outros momentos, completando quadros de sentido. Ana Maria Machada, a narradora, como participante da história, sabe tanto como nós sobre o que pensam as outras personagens, mas sabe um bocadinho mais do que, em certos momentos, conta. Por exemplo, quando a equipa de reportagem entrevista a viúva de um dos capitães de Abril (que percebemos ser Salgueiro Maia, apesar de apenas ser referido pela sua «alcunha doméstica», isto é, pelo nome que a mãe de Ana Maria lhe dera: Charlie 8) e tenta conseguir que esta diga quem queria mal ao marido, perante a relutância em acusar alguém, a «Machadinha» afirma «Nós sabíamos, mas não tão bem como ela, que as vinganças de que foram vítimas ele e os outros como ele, tinham tido autores concretos, nomeáveis, intérpretes e responsáveis, colocados no topo das estruturas criadas num país onde passara a haver liberdade para legitimar tudo e o seu contrário» (p. 249).
- Cerromaior, um romance neo-realista nas mãos da CensuraPublication . Carmo, CarinaA história de Cerromaior, o primeiro e único romance de Manuel da Fonseca que sofreu censura prévia, começa antes da sua publicação, em 1943, pela Editorial Inquérito, com capa de Manuel Ribeiro de Pavia. O jornal O Diabo dera à estampa dois trechos do livro, em 1939 e 1940. Nada a estranhar: era esse um periódico central do movimento neo-realista que se firmara, ao longo da década de 1930, na imprensa cultural juvenil e regional e que, por volta de 1937, congrega intelectuais e artistas à volta do horizonte ideológico e estético-cultural marxista e antifascista.
- Como os manuais de Português podem (de)formar leitoresPublication . Carmo, Carina Infante doQuando chega Setembro e começa o ano lectivo, os manuais escolares são notícia nos media. Por pesarem nas mochilas dos alunos e no orçamento das famílias; por se multiplicarem os bancos de troca de manuais; por serem parte substancial do mercado editorial português e serem vendidos não apenas em livraria mas cada vez mais em hipermercados ou online; por multinacionais high tech se movimentarem no sentido de ser acelerada a presença do digital nas salas de aula e tornar obsoleto o manual impresso.
- Contos Municipais - António Manuel VendaPublication . Nogueira, AdrianaNeste novo livro, António Manuel Venda situa os acontecimentos numa edilidade na serra, nunca nomeada. Sabendo nós que o autor é de Monchique, podemos deduzir que pode ter sido a sua fonte de inspiração, mas deste modo torna-se mais ambíguo, mais universal, e pode-se aplicar a muitas outras terras por esse país fora. O mesmo se passa com os nomes: exceto a bruxa (Maria Cadela) e os diabos (Diabo e Diaba), ninguém ali tem nome próprio, mas são todos conhecidos pela profissão que exercem: o especialista, o funcionário, o vereador, o guarda, etc. O título diz-nos que se trata de um livro de contos, mas, na verdade, os dez casos ali narrados mais parecem capítulos de uma novela, pois entreligam-se entre si, não só pelas personagens que se repetem de história para história (o presidente da câmara, protagonista ou personagem secundária, aparece quase sempre), como pelas referências que são feitas e que remetem de uns para outros. Por exemplo, no último conto, «Com a cruz às costas», quando o presidente matuta no aproveitamento político que se pode fazer de um aparente milagre, discorre, ao mesmo tempo: «O milagre tinha mesmo pegado. Não tinha sido como o dos diospiros, que estava rapidamente a cair no esquecimento», remetendo o leitor para a história das «Duas nuvens furiosas em pleno Verão».
- Contos recontadosPublication . Nogueira, AdrianaCidália Bicho conhece academicamente muito bem os contos tradicionais, pois foi esse o tema do seu mestrado em Literatura Oral e Tradicional, porém, o seu interesse, com este livro, é poder passar a outros (em primeiro lugar, ao seu filho Gonçalo) as histórias que lhe contaram em criança, que fizeram parte da sua formação. E como «quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto», este livro é a sua forma de contribuir para a tradição. Numa época em que muitos pais e avós, tantos destes jovens e ainda ativos profissionalmente, não têm capacidade para continuar essa cadeia – que se esperaria inquebrável – de transmissão oral desse material, o aparecimento desta obra faz todo o sentido. O livro tem quatro contos, todos eles passados no tempo em que os animais falavam, protagonizados por um lobo matreiro e uma raposa vaidosa que vivem várias aventuras. Como contar estas histórias, que eram tradicionalmente ouvidas? Que tipo de linguagem escolher? Terá de haver uma moral evidente? Consciente ou não destes desafios, o livro de Cidália Bicho tem em conta estas preocupações.
- "Curt’os Contos" de Paulo MoreiraPublication . Nogueira, AdrianaNão, não é uma gracinha minha nem é engano. É apenas o título bem-disposto do último livro de Paulo Moreira. Publicado pela Lua de Marfim no passado mês de outubro, foi escrito há quase 30 anos, tendo sido distinguido, em 1987, na 1ª Mostra Portuguesa de Artes e Ideias. O júri de então, constituído por relevantes nomes da literatura portuguesa (Agustina Bessa-Luís, Dinis Machado, Maria Ondina Braga, Fernando Dacosta e José do Carmo Francisco), recomendou a sua publicação. A vida deu muitas voltas e só agora essa publicação – em boa hora – aconteceu.
- "A Devota e a Devassa", uma novela de Fernando PessanhaPublication . Nogueira, AdrianaHá um ano e meio escrevi neste jornal sobre Hotel Anaidaug, narrativa fantástica de Fernando Pessanha, que brevemente (assim o espero) poderemos ver em filme. Hoje, este prolífero autor proporcionou-me a oportunidade de escrever sobre a sua mais recente novela, A Devota e a Devassa, da qual já tive o privilégio de redigir o prefácio.
- O Diário Oculto de Nora Rute, de Mário ZambujalPublication . Nogueira, AdrianaÉ sempre um prazer e um desafio ler os livros de Mário Zambujal. Desde o marco que foi o sucesso do seu primeiro romance, Crónica dos bons malandros, que o deslocou da referência como jornalista (que nunca deixou de ser) e o colocou no rol dos nossos autores de literatura, a sua produção tem continuado a dar-nos bons momentos.
- "Em Português, Se Faz Favor", de Helder GuéguésPublication . Nogueira, Adriana«A filha de um gramático deu à luz, após amorosa união, / uma criança do género masculino, feminino e neutro.» Depois de ler Em Português, Se Faz Favor (da editora Guerra e Paz, 2015), lembrei-me deste epigrama de Páladas (poeta de Alexandria, dos finais do séc. IV d.C.). Também Helder Guégués (não é engano, tem mesmo dois acentos), revisor de texto, encara a língua com humor e ironia, mas sempre com muita seriedade. São assim os seus comentários nos blogues (de que sou leitora assídua) que manteve (Assim Mesmo) e mantém (Linguagista) e nos quais se inspirou para muitas das entradas deste Guia Fundamental para Escrever bem, de subtítulo. Aí, onde o objetivo não é serem um tira-teimas da língua portuguesa, Helder Guégués é muito divertido, pela mordacidade com que critica os erros que vai lendo nos jornais e nos livros ou ouvindo na rádio e na televisão, muitas vezes nem explicando que erro é esse. Porém, nesta obra que não é para especialistas, mas que se dirige «antes a todos os falantes comuns que querem e precisam, exprimir-se melhor em português» (p.21), o autor contém um pouco o sarcasmo, tem o cuidado de explicar o que está errado e indica a forma correta. O livro tem exemplos de vários tipos (géneros, numerais, regências verbais, etc.), como se pode ver pelo índice, dos quais aqui vou apresentar apenas alguns, para ficarmos com uma ideia do que podemos aprender.
- "Escrever é…", de Luís EnePublication . Nogueira, AdrianaLuís Ene (autor apresentado neste jornal, na edição de fevereiro de 2015) publicou, em fevereiro de 2016, sob a chancela da Lua de Marfim, Escrever é dobrar e desdobrar palavras à procura de um sentido, um conjunto de 45 contos ao longo de 67 páginas. Alguns têm duas linhas, outros ocupam cinco páginas. Esta variação de dimensão é progressiva e vai permitindo o dobrar e desdobrar de palavras, personagens, assuntos, enfim, o material de que o autor dispõe para construir as suas narrativas. Daí que não se estranhe a repetição de frases, o reaparecimento das personagens em contos distintos ou até o mesmo nome em personagens diferentes. São tantos (quase infinitos) os caminhos por onde um texto pode andar, que Luís Ene não os quis desperdiçar,
- Estética, técnica e ética: guiados por António BrancoPublication . Nogueira, AdrianaEsta página tem tido poucos artigos sobre obras de não-ficção, mas hoje reequilibro um pouco, ao escrever sobre o livro que António Branco (professor da Universidade do Algarve e seu atual reitor) publicou recentemente, intitulado Visita Guiada ao Ofício do Ator: um Método (Grácio Editor). Esta obra tem duas partes distintas: uma primeira, em que contextualiza a sua experiência teatral, a criação de um mestrado nessa área e consequente criação de um grupo de teatro, a assunção de pertença a uma determinada linhagem, da qual é um dos seus elos, estruturada sob a figura tutelar de Fernando Amado, através da atriz Manuela de Freitas. Aí se apresentam e discutem conceitos fundamentais, como os de genealogia, linhagem, autenticidade, ética, estética, técnica, mas também descrições de exercícios e outros aspetos práticos do ofício de ator, próprios de uma visita guiada (algo diferente de um manual). A segunda parte é composta por todos os documentos possíveis de obter sobre a atriz Manuela de Freitas, desde entrevistas que deu na televisão ou em encontros vários e que aqui são transcritas pela primeira vez, a textos por ela escritos e dispersos. Ficamos a saber muito sobre a sua vida como atriz e quais os valores sobre os quais fundou a sua postura no teatro.
- A falácia da vitóriaPublication . Nogueira, AdrianaFinal do artigo: «Mark Twain acaba por cair na mesma lógica, porque Jaiminho não pode ter tido só sucessos com as suas maldades, assim como Esparta não ficou vitoriosa para sempre, nem Atenas permaneceu como eterna perdedora. Antes pelo contrário. Uns séculos mais tarde, já súbdita do império romano, o poeta Horácio afirma que a Grécia (referindo-se, provavelmente, a Atenas, a mais significativa representante da cultura helénica), mesmo capturada, na verdade, foi ela que capturou o seu feroz vencedor, aludindo ao valor que Roma, apesar de vitoriosa, dava àquela civilização: Graecia capta ferum victorem cepit»
- Fernando Pessanha: os livros não se medem aos palmosPublication . Nogueira, AdrianaFernando Pessanha (Faro, 1980), um jovem investigador e formador na área da História, publicou os seus dois primeiros livros de ficção em 2013, ambos pela 4águas editora. Já no primeiro livro, Encontros improváveis, as seis ilustrações que iniciavam cada história, da autoria de Artur Filipe, captavam os ambientes «improváveis» do texto, com o traço do conto «O Acidente » a anteceder o preto e branco, ou melhor, o preto com algum branco, do Hotel Anaidaug. Neste, talvez por ser mais pequeno (22 páginas de tamanho A6), o trabalho deste ilustrador ganhe um maior destaque.
- "O Homem que escrevia azulejos", de Álvaro Laborinho LúcioPublication . Nogueira, AdrianaRecensão/ artigo de divulgação e promoção de leitura
- A Ilíada de Homero adaptada para jovens por Frederico LourençoPublication . Nogueira, AdrianaÉ sempre um prazer ler o que Frederico Lourenço (professor de clássicas da Universidade de Coimbra) escreve. E escreve muito bem, seja como académico, seja como romancista, poeta, tradutor de autores gregos, reconhecido e premiado pelas suas magníficas traduções dos poemas homéricos Ilíada e Odisseia. A editora Livros Cotovia, que tem publicado a sua obra, é quem agora também apresenta esta sua adaptação para jovens do mais antigo texto literário da cultura ocidental. A Ilíada é uma obra do séc. VIII a.C., atribuída a Homero, descrita assim pelo tradutor, na introdução (p.7) à sua edição de 2005: «no fim de uma longa tradição épica oral, surge este canto de sangue e lágrimas, em que os próprios deuses são feridos e os cavalos do maior herói choram». Quem a leu, imagina o que terá sido o desafio de a adaptar para jovens. Quem a não leu, pode supor que adaptar uma longa obra de guerra e emoções não deverá ser fácil, sem que se percam elementos fundamentais que já foram perpetuados por mais de 2.500 anos de leitores e leituras sucessivas. Mas Frederico Lourenço consegue fazer esse difícil trabalho com muito sucesso.
- A importância dos nomesPublication . Nogueira, AdrianaUma crónica sobre a tradução do título de Oscar Wilde, The importance of being Earnest, passando pela Odisseia, pela formação dos nomes até aos nomes que nos deram os nossos pais.
- Joaquim Namorado Um canto de livres compromissosPublication . Carmo, CarinaSob uma bandeira. Obra poética de Joaquim Namorado é um acontecimento editorial de relevância, que ainda não mereceu a devida atenção da parte da crítica.
- Lisboa revisitada por Teolinda Gersão n’A Cidade de UlissesPublication . Nogueira, AdrianaUltimamente, neste espaço do Cultura.Sul, tenho escrito sobre livros publicados há pouco tempo, mas isso tem acontecido por pura obra do acaso. Hoje, ao percorrer as prateleiras da minha biblioteca, parei na lombada azul de A Cidade de Ulisses, de Teolinda Gersão, datado de 2011 (o que, para quem gosta de livros com mais de 2000 anos, convenhamos que até pode ser considerado muito recente). Dividido em três capítulos, é o último (da p.159 à 206) que dá o nome ao livro, como se a cidade fosse o ponto de partida (o título) e de chegada (o capítulo final), como um ciclo que se completa, depois de muitas voltas e reviravoltas no percurso das personagens. Este é um livro muito interior, em forma de carta, onde o narrador expõe a sua vida, os seus amores, os seus mais íntimos pensamentos e ações. Inclusivamente, confessa vilezas, algo pouco comum, como já Fernando Pessoa ironizava no seu «Poema em Linha Recta»: Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil? Fernando Pessoa que também apadrinha a exposição que o narrador, um artista plástico, elabora com/para aquela que pensa ter sido a mulher da sua vida, «Lisbon Revisited, numa nova versão, assinada por nós» (p.16).